Amada

Amada Toni Morrison




Resenhas - Amada


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Bookster Pedro Pacifico 08/07/2020

Amada, de Toni Morrison - Nota 9,5/10
Não há dúvidas que algumas leituras exigem mais do leitor. Às vezes, começamos uma obra e, mesmo depois de várias páginas, ainda sentimos dificuldades para compreender por onde a autora está nos conduzindo. Mas o que fazer nessas horas? Desistir? Percebi que “Amada” foi uma leitura desafiadora para vários seguidores, que logo vinham me pedir dicas para não precisar abandonar o livro. ⁣

E a primeira dica que costumo dar é: leia a sinopse do livro. Assim, você já consegue se ambientar mais na história, apesar das lacunas deixadas pela autora. Uma outra coisa que ajuda é ler os textos de apoio e resenhas escritas por outros leitores, que podem ter dicas mais específicas para aquela leitura. ⁣

No caso de “Amada”, a dificuldade inicial se dá principalmente pela mistura que a autora norte-americana faz entre o momento presente e as lembranças dos personagens. Ao iniciar a obra com esse aviso, a gente já presta mais atenção nessas mudanças bruscas dos momentos da narrativa. E essa dificuldade também vai melhorando ao longo da obra…⁣

Toda essa introdução serviu para encorajar você, leitor, a começar ou prosseguir com essa leitura incrível. “Amada” é a obra-prima de Morrison, primeira escritora negra a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1993. A obra narra uma forte e sensível história de escravidão e racismo no século XIX. Sethe, uma mulher escravizada que fugiu da fazenda em que era obrigada a trabalhar, agora vive com sua filha em uma casa assombrada por um fantasma. O passado de Sethe é angustiante e muito sofrido. E esse fantasma nada mais é do que um resquício das tristezas vividas pela personagem. ⁣

Paul D, um ex-escravizado que vivia na mesma fazenda que Sethe, surge repentinamente na casa em que vivem mãe e filha. A partir disso, mudanças começam a acontecer na vida dos personagens, o que é agravado com a chegada de uma nova garota na vida dessa família: Amada. A personagem chega para remexer nos fantasmas que habitam em Sether, Denver e Paul D.⁣

Um livro forte e marcante. Apesar das dificuldades iniciais, a leitura depois flui muito bem e a escrita de Morrison consegue mexer com os sentimentos do leitor.

site: http://instagram.com/book.ster
Debora.Andrade 20/07/2020minha estante
Estou lendo e está sendo excepcional!


Ferreira.Souza 08/11/2020minha estante
livro forte , mas não leria novamente


Marcelo761 05/01/2024minha estante
Ainda estou nos primeiros 15% do livro e tive bastante forte essa sensação. Igual à natureza da mordida, provavel que vale releitura com um entendimento mais claro na história.




Alyne 22/08/2023

Simplesmente o MELHOR LIVRO QUE LI EM MINHA VIDA! Ainda não consigo reproduzir em palavras todos os sentimentos que Toni Morrison nos leva a experimentar durante a leitura desta obra-prima. Catarse, catarse!!!
Joviana 22/08/2023minha estante
Amiga, nem tinha lido sua mensagem aqui e escrevi a mesma coisa! O melhor livro que já li na vida.


Alyne 22/08/2023minha estante
E olha que você é meu parâmetro de indicações ?


Joviana 22/08/2023minha estante
Aaah ??




André Vedder 24/03/2020

Arrebatador!
É o adjetivo que me veio a cabeça ao término da leitura.
Toni Morrison nos conta a história em forma de camadas, alternando entre passado e presente, de uma forma que o leitor vai "descascando" aos poucos o enredo, mantendo sempre a curiosidade e o mistério que cerca a vida de cada personagem, instigando o leitor a querer mais.
A escrita da autora é densa e maravilhosa, necessitando em alguns momentos um pouco mais de atenção do leitor.
Enfim, um clássico sobre esse período tão macabro da nossa humanidade.

"Eu e você, nós temos mais passado que qualquer um. Precisamos de algum tipo de amanhã."
Débora 24/03/2020minha estante
Tô louca pra ler.


André Vedder 24/03/2020minha estante
Vale cada palavra.


Débora 28/03/2020minha estante
Vou comprar ; - )




AmandaPedra 28/12/2011

Pesado, profundo e poético
Não foi uma leitura fácil, não pela linguagem, mas porque a história transita entre entre o passado e o presente e fica fácil se perder na história.
Eu já tinha começado a ler este livro há alguns anos mas acabei abandonando. Depois assisti ao filme e isso ajudou para que eu me situasse na história.
o livro é muito triste, não é um dramalhão, mas um drama intenso que mostra o que a escravidão pode fazer com uma pessoa, até onde ela pode chegar para se ver livre disso.
As personagens são muito bem construídas, muito intensas, com muitas facetas.
A história não muito linear como disse no começo, entrelaça o passado o presente revelando em tempos diferentes os fatos de seus motivos. às vezes algo que está no começo do livro vai se justificar apenas no final, por isso a leitura requer muita atenção.

É pesado pois trata de um assunto que até hoje é uma ferida na cara da nossa sociedade que é a escravidão, e trata disso numa esfera muito íntima, nos efeitos que ela trouxe sobre uma mulher e sua família. Ler o que se passou com Sethe, a história de sua mãe e também da Baby Suggs é pesado. Mais pesado ainda e saber que são bem próximas da realidade.
É profundo ao mostrar os sentimentos mais obscuros daquelas pessoas, sentimentos que muitas vezes eles próprios enterravam numa lata de fumo, por ser triste demais ter de lidar com eles. Os sentimentos são muito bem retratados no livro.
Poético porque a linguagem usada pela autora é muito bem elaborada. A forma como escreve é realmente muito bonita.

Eu gostei muito de ler este livro, achei a história surpreendente. Quem imaginaria uma casa assombrada pelo espírito de um bebê, principalmente num livro que não é de terror?!

Embora seja uma leitura difícil eu recomendo, depois de se acostumar com a linguagem e as idas e vindas da história é realmente muito bom de ler.
rafaela 01/08/2014minha estante
Isso do fantasma do bebe foi um spoiler? heuaheua


AmandaPedra 23/09/2014minha estante
Não é spoiler raf, isso é do comecinho da história




DIRCE 23/12/2022

O sobrenatural (literal) ou como representação dos “fantasmas” de um passado violento.
Recordo-me que quando li “O Morro dos Ventos Uivantes” da Emily Brontë, fiquei atônita como uma escritora tão jovem conseguiu mostrar interior do espírito humano e os mecanismos que desencadeiam as paixões. Como ela pode abordar de forma tão dramática o confronto entre o amor e a vida, tudo dentro de uma atmosfera densa, sombria, com a presença de ser sobrenatural - o famoso gótico ? Pensei: Nossa! Esse livro foi psicografado. Essa impressão se manteve nas várias releituras que fiz dessa obra.
Mas porque estou dizendo tudo isso? Toni Morrison era uma jovenzinha quando escreveu Amada? Ela também foi tomada por um espírito e psicografou a obra? Não. Ela não era uma jovenzinha, e tampouco foi tomada por um espírito que a levou a psicografar Amada. Porém, Toni Morrison estando sentada em um píer em frente da sua casa, à margem do rio Hudson, teve uma espécie de epifania e deu voz a sessenta milhões e mais , nesta obra magistral.
Embora eu tenha achado uma leitura difícil, devido a alternância do foco narrativo, da narrativa complexa e dos diferentes pontos de vista, que me obrigaram , inúmeras vezes, voltar às páginas anteriores para relê-las , Toni Morrison conseguiu seu intento: (...) levar o leitor a percorrer o terreno da escravidão e percorrer a paisagem repelente (oculta, mas não completamente deliberadamente enterrada, mas não esquecida (...) pag.12.
Bem, eu disse que no Morro dos Ventos Uivantes, havia presença de um ser sobrenatural, e não é que “Amada” se abre com as frases : "O 124 era rancoroso. Cheio do veneno de um bebê"(...). O ano que se inicia a narrativa é o ano de 1873 – 10 anos após a abolição da escravatura no Estados Unidos.
Até a chegada do Paul D. Seth e Denver (mãe e filha) viviam em um ambiente domestico que abrigava segredos sombrios, porém Paul D. consegue afugentar o bebê fantasma, mas a partir de então, torna-se impossível soterrar o passado.( gente, isso se passa bem no início da trama, portanto, acredito que não é spoiler).
Há tanto o que se falar sobre esse livro, mas eu não quero me estender. Entretanto, preciso dizer que aquela música: levanta sacode a poeira e dá volta por cima ( nem sei o porquê de ela vir a minha mente, mentira: sei sim) , se aplicada como um incentivo para seguir em frente , não passaria de um tremendo insulto diante de todo o cenário da obra. Lembrei-me da música porque considero que muitas vezes, "jogamos poeiras debaixo de um tapete", entretanto, quando resolvemos sacudi-lo, veem à tona todos os traumas, todas as dores, toda as chagas que tentamos esquecer, e no caso aqui em questão, soma-se a tudo isso as privações, a negação da humanidade e a condição de sujeito tolhida.
O final do livro, apesar dos pesares, a solitária e ávida de amor – a jovem Denver – consegue uma espécie de Redenção, quando sai em busca de ajuda e de trabalho, e finalmente ela compreende a noção de liberdade.
Encerro por aqui certa de que, em breve, farei a releitura desse livro, pois sei que tenho muito a desvendar.
AMEI. AMEI. AMEI.

Caio.Bonazzi 08/02/2023minha estante
Terminei hoje esse livro incrivel! Adoro suas resenhas Dirce.


DIRCE 08/02/2023minha estante
Oi ! Caio, fico muito lisonjeada. E que bom que você gostou também da obra .




nocca 09/02/2022

Ganhei "Amada" de presente de aniversário em 2019. Já havia lido "O olho mais azul", o que me dava uma vaga ideia do que seria a leitura do novo presente. Iniciei Amada e foi difícil me encontrar em meio às ondas de passado que se misturavam ao presente de cada personagem. Desisti, tentei novamente, desisti. Algum tempo depois, retomei a leitura decidida a tentar entrar naquele mundo que parece te empurrar pra fora, a princípio, mas que depois de convida e você já não consegue mais sair. No entanto, a história me fez interromper a leitura mais uma vez. Era difícil: Toni não impõe um julgamento moral aos fatos que (d)escreve, mas nos empurra tudo que acontece de forma crua e natural, e sempre joga com todas as nuances possíveis que um ser humano pode ter. Em certos momentos, ficava como Paul D., perguntando "até que ponto um negro tem que aguentar?". Amada é um livro duro, difícil. Não por ser ruim, mal escrito ou irreal. É tão real que machuca, mas ao mesmo tempo compele, mexe com coisas adormecidas, abre aquela lata enferrujada no peito de todos os leitores. Ainda assim, é belo de um jeito que fez valer as diversas tentativas de terminá-lo. Mais do que um livro sobre horrores do passado e luto, Amada é sobre o que nos humaniza: amor, liberdade e a perspectiva de "algum tipo de amanhã".
Paulinho 09/02/2022minha estante
Nossa! Amei a sua resenha.


leiturasdabiaprado 18/03/2022minha estante
Perfeita sua resenha! Terminei agora o livro e ainda estou com um nó na garganta... levei 1 mês lendo e lutando em muitos momentos para não parar... é uma obra linda, mas de muita dor!




Mari Pereira 02/08/2020

Livro maravilhoso! A narrativa tão real mistura elementos fantásticos e pode causar uma estranheza. Mas o incômodo faz parte da experiência de leitura, especialmente com um tema tão pesado.
Alê | @alexandrejjr 08/05/2021minha estante
Pelo visto, Mari, causar desconforto foi uma das missões da Toni. E ouso dizer que ninguém fez isso como ela. Incrível como em todo livro dela aparece esse sentimento...


Mari Pereira 08/05/2021minha estante
Exatamente Alê. Morrison tá aí pra bagunçar a gente!




Gláucia 28/03/2016

Amada - Toni Morrison
Publicado em 1987 e vencedor do prêmio Pulitzer, é o primeiro da trilogia que aborda o preconceito racial, juntamente com Jazz e Paraíso. E foi o último que li.
Como aconteceu com os outros dois livros dela, o enredo é incrivelmente atrativo, do tipo que a gente lê a sinopse e fica louco pra ler. Mas o desenvolvimento não me prende, acaba me cansando.
De forma bem fragmentada, iremos reconstruindo a terrível e dolorosa história de Sethe em torno de uma episódio importante em sua vida, a fuga da fazenda onde era escrava juntamente com suas duas filhas, Denver e Amada.
Gosto de narrativas fragmentadas onde aos poucos vamos descobrindo os acontecimentos todos. O problema é a escrita dela, algo que se aproxima do fluxo de pensamento e serve para tornar a narrativa difícil e muito cansativa.
Dos três, meu preferido foi Paraíso.
SLMM 29/09/2016minha estante
É bem isso mesmo, ela usa uma técnica de explorar as falas dos personagens como falado na época e na maneira em que se passa a estória e muitas vezes fica até difícil entender o que é dito e que está acontecendo. Eu abandonei na metade. Mas que ela constrói uma bela estória não há dúvidas, a questão é gostar do estilo.


Gláucia 29/09/2016minha estante
Pois é. Tive a mesma dificuldade com os três livros que li dela




Jeanderson 19/04/2022

Qual o limite das dificuldades que alguém precisa aguentar?
Amada é o tipo de livro que uma vez lido, suas palavras irão reverberar na memória de quem o leu, sem prazo para expirar.

Não se trata de uma leitura fácil, não tanto pela forma que a autora organiza as ideias, mas muito mais pelo conteúdo em si. As dores das histórias das personagens retratadas de forma tão pungente, remete o leitor a, de certa forma, vivenciar aquele momento junto com cada uma delas.

As palavras de Paul D, que dão título a essa resenha é o resumo do sentimento que permeia a leitura.

O limite do amor próprio, do entendimento de uma pessoa como ser, sendo testado dia a dia, levando essas personagens a duvidarem do próprio valor, da própria existência é um sentimento que faz o leitor questionar o seu próprio brio, sendo impossível não sentir empatia. Um texto para refletir e uma leitura extremamente necessária.

Ao mesmo tempo que requer demasiada atenção - poucas linhas podem revelar peças essenciais na trama - será impossível ao leitor deixar os detalhes sem compreensão. Se a atenção na leitura se esvai, se o leitor permitir a sua mente vagar sem rumo por menor intervalo que seja, ele vai se pegar tendo que retornar algumas linhas, alguns parágrafos ou até mesmo algumas páginas.

Um livro que certamente elevou a mim como leitor e como pessoa.
naju2n 19/04/2022minha estante
que fod44 já quero ler


Jeanderson 19/04/2022minha estante
Super recomendo! Espero que a leitura dele seja tão impactante prá tincomo foi prá mim!




Roseane 22/04/2020

Amada
Amada é um livro baseada em uma história real. Ganhou o ganhou o Pulitzer de 1988 dentre outros.

Antes de mais nada é preciso dizer que o livro fala de amor, amizade e maternidade. Desnuda a construção das relações afetivas dos negros escravizados.

Há um número grande de personagens e a autora lhes concede vida e individualidade. Explora seus sentimentos, emoções e reações aos acontecimentos da vida. A todos eles são dados humanização negada pelo branco.

Os personagens contam as suas histórias. Sao sujeitos, sao protagonistas da própria existência. Falam de dores que não podem mais ser naturalizadas.

Para citar alguns temos a Sethe, uma escravizada que comete infanticídio para proteger os filhos do sistema escravocrata

Antes de ser vendida para “Doce lar” ela tinha acesso mínimo a sua mãe uma vez que escravizada trabalhava initerruptamente e quando chegava Domingo o cansaço físico não permitia interação com a filha.

Nos dias de hoje babás e empregadas domésticas, trabalhadoras majoritariamente negras experimentam mesmo processo. Passam a semana inteira dormindo no trabalho longe de filhos, amigos, companheiros. É de crucial importância lembrar que a Emenda Constitucional 72, mais conhecida como a PEC das Domésticas (PEC 66/2012) por analogia, é um dos pilares da angústia dos que pedem o “Brasil de volta”. Ademais faz-se costume "pegar" uma menina criança ou adolescente do interior pra “ajudar”. Desse modo chama a atenção de como a estrutura racista perpassa a convivência da população negra. Vínculos e convívio extremamente limitados. Não é à toa que a fragilidade de nossas relações está sempre em destaque nos nossos debates.

Após anos vivendo sozinha Sethe teve um relacionamento amoroso e quando seu parceiro inesperadamente inicia um dialogo, embora sem saber qual o assunto, ela se prepara para aceitar, liberar e desculpar seja o que for. Mulheres negras ainda compartilham dessa angustia. Muitas se mantem em relacionamentos que não lhe agrega pelo medo da tão certa solidão. Deixa o coração pronto para perdoar e continuar.

Selo Pago o personagem que é o grande amigo da comunidade negra. Dotado de múltiplas tarefas como agente, pescador, barqueiro, rastreador, salvador, espião. Ajudava a todos, se dedicava a fazer tudo que pudesse em pró dos seus. Contudo, ele tem um segredo do passado. Mediante atos reprováveis do branco sua vingança se concretizou em quem não merecia.

Paul D foi conviveu com Sethe na juventude até que ela fugiu da Doce lar com os filhos. Ambos se reencontraram anos depois e ele então conheceu Denver a filha de Sethe. Observando o comportamento de ambas, advertiu a amiga do quão perigoso era amar, principalmente se o amor fosse dedicado a uma filha.

É exemplificado através desse personagem como era a existência do homem negro. Era preciso se esconder, roubar pra comer, dormir em árvores durante o dia para poder caminhar a noite, fugir de atacantes, patrulheiros de escravos fugido.

Ele foi Guerra, mas os negros não tinham direito a ter arma e recebiam menos que os soldados brancos. No Brasil o filho do senhor branco quando convocado a servir o exército enviava em seu lugar o escravo para sofrer os riscos em seu lugar.

Nas fugas contava com o apoio dos índios Cherokees ou dos Miami que acreditavam que a terra era sagrada e tiveram suas montanhas cortadas em estrada, poços e casas arrancados.

O encarceramento pelo sistema prisional era um lugar de violência sexual aos homens negros além da tortura física e psicológica. Não muito diferente dos dias atuais.

A mulher negra além de escravizada, era também prostituida e os senhoras ainda as alugavam para sexo com intuito de procriação. A mulher negra era impedida de estabelecer qualquer estável estrutura de família. No Brasil também há relatos onde Portugueses de forma lasciva, indolente e gananciosa prostituiam as escravizadas como forma de renda.

A Sogra de Sethe era a Baby Suggs. Teve sua alforria comprada pelo filho. Com o quadril quebrado por trabalhar em exaustão nos campos então a transferiram para os serviços domésticos.

Todos que ela conhecia ou amou na vida, haviam fugido, enforcado, alugado, emprestado, comprado, trazido de volta, preso, hipotecado, ganhado, roubado ou tomado. Realidade que enfraquece laços afetivos.

No advento da para muitas não valia a pena olhar para os filhos ao nascer ou tentar aprender seus traços, na certa seriam todos vendidos e o desapego doloroso para mãe e filho.

Essa personagem destrói o mito do senhor Benevolente. Doce lar era uma fazenda que pertencia a um casal de brancos que eram contra a escravidão, se orgulhavam de não realizar castigos físicos e de chamar os escravos de homem, mas os mantinham no sistema escravista. A privação da liberdade e o trabalho exaustivo sem remuneração era mantido. Se orgulhava de permitir que o filho da Baby trabalhasse de forma brutal para comprar a alforriada dela ao invés de simplesmente concede-la.

Baby Suggs dizia: “Não existia má sorte no mundo, mas sim gente branca”.

A resiliência se faz presente. Filho cuida de mãe. Mãe cuida de filho. Tudo dentro das possibilidades muitas vezes não convencional.

A solidariedade imperava entre os escravizados e libertos. Ajuda mútua, orações, banquetes, códigos/sinais para organizar ou apoiar as fugas, agasalhar a quem tem frio, alfabetizar.

Amada é o fantasma da filha falecida de Sethe ela interage com a família. Ela é o pilar de toda a trama.

“gente que morre mal não fica no chão”

Envolvente e misterioso.

Uma escrita intrigante. No inicio ficamos muito perdidos e ai onde vamos encaixando as peça e tudo faz sentido.

Toni Morrison não da nada de mão beijada. O leitor que lute!
Raquel 22/04/2020minha estante
Excelente resenha! Quero ler o livro :D


Roseane 30/04/2020minha estante
Obrigada ?




MJ 28/09/2020

Achei a leitura algo arrastada, confusa, daqueles livros que você só quer terminar pra acabar logo.
Não é péssimo, mas eu não indicaria.
Thaís Furlan 29/10/2020minha estante
Esse é o segundo livro dessa autora que eu pego pra ler e não aguentei. O outro que li é tão confuso e cansativo quanto, mas li inteiro.
Quando vi que esse ia ser igual, desisti




Vinder 24/08/2023

Excelente livro da Toni Morrison. Escrito de forma impecável, profundo. A história se passa pouco depois do fim da escravidão nos EUA e mostra as consequências desastrosas, presentes ainda hoje, na vida de milhões de cidadãos.
Bairral 02/09/2023minha estante
Livro excelente! Dias pra digerir




Kamyla.Maciel 18/04/2023

Primeiro, é necessário dizer que esse livro está longe de ser uma leitura fácil, me peguei diversas vezes retornando para ler novamente algo, para entender a mudança de tempo e de voz, são mudanças sutis e que podem desestimular um pouco, no início.

Sinceramente, até pensei em desistir, mas sorte não ter feito isso, porque esse é um livro diferente de tudo que já li, contado de outra forma, meio desesperador, angustiante. Não vou dizer que foi o melhor dela que já li, mas ele é intrigante sabe, me parece que seriam necessárias várias releituras pra conseguir entender toda a grandiosidade de Amada, a complexidade dos personagens.

A história, e não é spoiler, fala sobre uma mulher escravizada que fugiu com seus filhos de uma fazenda, mas, quando foi encontrada, preferiu matar a própria filha a ter que vê-la como escrava, entendeu que esse seria um caminho menos doloroso do que uma vida sem liberdade. Mas, anos depois, uma menina - da idade da filha morta - aparece e a história se desenrola daí, com uma casa assombrada e com esse fantasma da menina morta. O que essa menina vai significar e causar é o que vamos descobrindo com a leitura.

Apesar da leitura difícil, o livro me prendeu ao tentar entender o sentimento daquela mãe que optou por matar a própria filha, a culpa que sentia, mas, ao mesmo tempo, a falta de arrependimento. As ausências que a escravidão deixou na vida de cada personagem, o medo de amar, de se apegar, de perder, porque poderiam morrer ou serem vendidos a qualquer momento. O mais incrível é que o livro conseguiu nos colocar nos pensamentos daquelas pessoas, mostrando como foram se formando, se traumatizando e resistindo. Como o processo de desumanização ia formando a própria personalidade deles, desconfiados do afeto e das pouquíssimas coisas boas que surgiam na vida.

É realmente genial a forma como foi escrito, como coloca o negro no lugar da resistência e não da mera aceitação.

No início do livro, Toni Morrison disse que queria que o leitor fosse sequestrado, jogado num ambiente estranho, assim como os personagens eram arrancados dos seus lugares, e ela conseguiu causar esse estranhamento, esse ''calma, onde é que eu to no livro mesmo?''.

Enfim, o livro que certamente vou ler novamente, e, com toda certeza, terei outros entendimentos.
Alê | @alexandrejjr 03/05/2023minha estante
Belíssimo relato de leitura, Kamyla!




André Siqueira 07/05/2021

Conheci Toni Morrison por “O olho mais azul” e me encantei. O tipo de literatura que me atrai, misto de escancarar os olhos com sofrer junto. Vislumbrei ângulos, pontos de vista e potências que nunca tinha considerado. De lá transitei para “Sula”; depois, motivado parcialmente pela academia, mergulhei em “A origem dos outros”.
Mesmo com esse, pouco, conhecimento prévio da autora não estava preparado para “Amada”. Não sei quais métodos uso para escolher um livro mas tento me abster de conhecimentos a priori, prefiro empreender uma leitura ignorante para ir conhecendo de mansinho.Procuro críticas e opiniões depois e, em algumas raras ocasiões, sinto necessidade de reler à vista das mudanças que a história e consequentes análises geraram em mim.
E fui pego de surpresa. Li o livro de uma sentada, entre 22 e 04 da manhã – me senti preso a cadeira, algemado com os olhos em alguma engenhoca que virava as páginas para mim e os mantinha aberto a força de colírio. Não consegui largar, em algum momento eu tentei, pus ele do meu lado e deitei, mas não consegui e tive que retornar a leitura. Fiquei completamente aéreo no dia seguinte, ainda preso no labirinto daquelas páginas.
Com essa leitura rápida não consegui digerir a história e me abstive de ler ou pesquisar qualquer coisa sobre ela, deixei o dia correr em meio as rotinas. Na manhã seguinte me armei e comecei uma segunda investida, um pouco mais preparado, e fui capaz de digerir aquelas palavras com a calma e o respeito que merecem.
Não quero falar sobre a história, creio que o melhor seja ir de olhos fechados e confiar. Vá sabendo que é um abismo sem volta. Ler sobre o sofrimento é difícil, concede carne a fantasmas feitos de pó e revive traumas, escrever sobre é ainda pior, apenas imagino – por enquanto, vou buscar descobrir – o que a autora passou nos 17 anos que separam “O olho mais azul” de “Amada” mas definitivamente foram experiências arrebatadoras. As mudanças foram radicais, a transmutação é suspeitamente semelhante a de Baby Suggs a sagrada.
Quanto a leitura: é difícil, truncada, tanto pelo tema quanto pela lógica da escrita. É um daqueles livros que custa uma boa quantidade de páginas até que você entenda aonde ele quer chegar. Certamente é intencional: creio que um dos maiores trunfos da boa literatura está em confundir tema e escrita a tal ponto que se tornam indistinguiveis e aqui é claramente o caso, as palavras parecem organizadas para causar confusão, um tipo de obra que não mede esforços para evidenciar a força que quer mostrar: aceitação das próprias fraquezas.
Natália Carolina 07/05/2021minha estante
Um de meus preferidos. Toni é rainha ?




spoiler visualizar
Bender 22/07/2022minha estante
Ótima resenha!




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