A linha da beleza

A linha da beleza Alan Hollinghurst




Resenhas - A Linha Da Beleza


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Pavozzo 14/06/2022

Premissa certa, mas por linhas tortas.
Narra a história de um jovem recém-formado que vai passar algumas semanas na mansão de um colega da faculdade filho de um político famoso. As semanas tornam-se anos, mas Nick Guest nunca deixa de sentir-se um mero "convidado" - como sugere o seu nome - a despeito de seus desejos de ser reconhecido como membro da família.

Nick é um rapaz educado, culto e bonito, mas isso não basta - ele quer a aprovação constante daqueles que o cercam. Suas frustrações são "aliviadas" pelos narcóticos e pela promiscuidade que parece ser regra no meio homossexual descrito pelo autor.

Achei o livro desnecessariamente longo. Li-o com uma sensação de que seria uma história sem fim - que começou do "nada" e iria até "coisa nenhuma" (e isso é quase verdade!). Acredito, entretanto, que o livro acabou onde deveria ter começado: um jovem que viu suas ilusões desmoronarem e que precisa recomeçar a vida - e com a perspectiva de que essa vida pode não ser muito longa...

Talvez seja um retrato bem escrito sobre parte da aristocracia inglesa dos anos 80. No entanto, como história, não me agradou.
comentários(0)comente



20/03/2019

?uma espécie de terror criado pelas emoções de cada estágio de sua curta vida: desapego, saudade, inveja e autopiedade. mas ele sentiu que a autopiedade pertencia a uma piedade maior. era um amor pelo mundo surpreendentemente incondicional.?
comentários(0)comente



Higor 05/01/2019

'20 melhores livros do século 21': Livro 16
'A linha da beleza', romance vencedor do Man Booker em 2004 e figura constante entre os livros mais importantes do século XXI, apesar de toda a pompa que carrega, ainda sofre de preconceito e limitação. Alan Hollinghurst escreveu com louvor uma história que vai muito além de uma literatura gay.

Nicholas Guest, ao terminar seus estudos em Oxford, é convidado pelo colega, Toby, a morar em sua casa, e assim dar início aos trabalhos de pós-graduação. Seria apenas uma simples temporada de férias, se os pais de Toby não fossem ricos – o pai, um político em ascensão. Vindo de uma família classe média, recém-assumida homossexualidade, e com uma nova perspectiva de vida apresentada, o jovem se vê seduzido pelo mundo de poder e luxo.

Apesar de um plot batido, a sacada do livro está em apresentar um Nick homossexual sim, mas antes um Nick humano, com sentimentos bons e ruins, como qualquer um de nós. A astúcia e a habilidade dele em estar, de maneira sutil, mas certeira, dentro da família Fedden, sendo útil e necessário, mesmo quando sua estadia está chegando ao fim. A escrita de Hollinghurst salta aos olhos ao retratar esse realismo, mas sem exageros ou floreios, apenas mostrando um jovem em um novo e fascinante mundo, que teme e faz de tudo para não o perder e voltar para onde não é visto.

Outro ponto interessante no livro, que nos é apresentado através de Nick, é o contexto histórico dos anos 80, mais especificamente na idolatria e até desprezo na figura de Margaret Thatcher, personalidade política e histórica envolta de controvérsias. Além disso, acompanhamos os dois extremos... econômicos, por assim dizer, da vida de Nick: a riqueza dos Fedden, com a presença de grandes nomes políticos que o jovem visitante passa a ver e conviver; e também a pobreza dos pais, que o incomoda e envergonha, pois com os Fedden ele pode, enfim, ser aquilo que não é, ter aquilo que, na verdade, não tem, pois sua mentira nunca será denunciada.

E todas as camadas e assuntos aparentemente mornos recebem uma acentuada por conta da presença da homossexualidade: o surgimento e proliferação da AIDS, que roda a mesa de conversas dos políticos, onde a hipocrisia com relação ao preconceito contra a promiscuidade homossexual, quando os heterossexuais são tão promíscuos quanto; ou ainda pelo crescente de pessoas se assumindo. O próprio Nick se vê em momentos de preconceitos, sejam eles velados ou escancarados.

Por fim, a linha da beleza de Nick tem gosto ruim, de amargura ou de desilusão. A procura por aceitação e amor é constante, intensa e até mesmo desconcertante, seja através de sexo, ou até mesmo por doses constantes de bebidas e cocaína, as tais sutis linhas da beleza. Uma necessidade real, e atual, de suprimir uma carência gritante e insaciável.

Mais que uma literatura gay, ‘A linha da beleza’ se sobrepõe, explorando o ser humano em sua completude, com todos os seus acertos, defeitos, necessidades e anseios, sem se limitar a um ponto especifico. Definitivamente, a única rotulação plausível e a de que se trata de um livro para quem gosta da boa literatura.

’20 melhores livros do século 21’ é uma lista encomendada pelo site de cultura da BBC, em que diferentes especialistas foram responsáveis por eleger os melhores livros do mais recente século. Para saber mais sobre a lista e conhecer os demais livros, acesse:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
comentários(0)comente



GilbertoOrtegaJr 18/11/2016

A linha da beleza – Alan Hollinghurst
Eu poderia dizer que A linha da beleza narra; a) uma história sobre os anos oitenta e a revolução sexual que eles geraram, b) o cotidiano de uma família de classe média alta cujo pai trabalha no parlamento do governo inglês, na era Thatcher, c) alguns anos da vida de um jovem, homossexual, promissor, que vive com a família de classe média de um amigo, e este jovem gay está em ascensão na sociedade. O mais coreto, talvez, seja eu ressaltar que as três possibilidades podem ser aceitadas como corretas, pois estes são os temas, e nuances envolvidos neste grandioso romance, vencedor do Man Booker Prize, de 2004. (Uma coisa que um chamativo cinto rosa, não me deixa esquecer)

Composto por três partes; o acorde do amor (1983), a quem pertence esta beleza? (1986) e o fim da linha (1987) Nick Guest, é um jovem de vinte anos, homossexual, recém-formado em Oxford, e que é aluno de doutorado em literatura. Nick está vivendo um tempo na casa de seu amigo Toby, este por sua vez além de estudar com Nick, é membro de uma família de classe média, cujo pai é um político importante dentro do parlamento inglês. De todos os membros da casa a que Nick mais passa a ter intimidade é a jovem Catherine, a irmã mais nova de Toby, uma moça que sofre com algum tipo de problema mental, não nomeado pelo autor, mas que parece ser a síndrome de Borderline, em alguns momentos refere-se a remédios que ela toma para se tratar. Ainda na mesma casa vivem os pais de Toby e Catherine, o casal Gerald Fellden e sua esposa Rachel.

Como um integrante, mesmo que temporário desta casa Nick passa a ter acesso a um grande leque de pessoas da alta sociedade, festas e eventos sociais, que se por um lado são cheios de cocaína e álcool, por outro é marcado por um constante verniz social, no qual muito tem segredos e facetas não tão bonitas para esconder ou manejar. E neste meio Nick, passa a desenvolver uma grande desenvoltura em suas relações sociais, além de ter sua vida amorosa e sexual em pleno desenvolvimento, algo que em uma cidade do interior, próximo dos seus pais, ele não teria grandes chances. Mas se por um lado ele passa a dominar e conhecer a alta sociedade em todas as suas nuances, aos poucos ele vai aprendendo a conhecer aquilo que está sob o verniz social; esnobismo, pequenas intrigas, preconceitos mascarados, vícios, aprendendo assim não somente sobre o verniz que recobre as relações sociais, mas o quanto existe de hipócritas nelas.

Outro aspecto muito bem explorado são os namoros/casos amoroso de Nick. Na primeira parte vemos ele se envolvendo com Leo, em seu primeiro relacionamento sério com outro homem, já na segunda e terceira parte, Nick já demonstra um pouco mais de maturidade (mas não segurança) em seu relacionamento com Wani, um jovem contemporâneo à Nick e Toby, que vem de uma família muito rica, ele e sua família imigraram do Líbano para a Inglaterra em busca de uma vida com maior estabilidade.

A linha da beleza é um romance tipicamente inglês com longos trechos descritivos, e um certo grau de análise psicológica, é em meio a Inglaterra a era Thatcher. Nas páginas finais do livro, o leitor poderá contemplar a sombra da AIDS que vai aumentando gradativamente e fazendo suas vítimas, em especial os gays, que era considerado um dos grupos de risco da doença desde aquela época, mas não somente eles e sim, muitos da geração dos anos 80 que viveram de forma desenfreada o uso de drogas e uma liberdade sexual, e acabou se transformando em uma geração que já foi vista como uma das que mais aproveitaram sua liberdade, eu a vejo porém como uma das que mais faltou limites. Apesar disso A linha da beleza é um livro de escrita envolvente e viciante, que dá ao leitor não só uma ideia do que foi os anos 80 como é um brinde a capacidade do escritor Alan Hollinghurst de recriar uma das gerações mais fascinantes. Se A linha da beleza fosse para ser definida em uma imagem, eu a definiria como um melancólico entardecer que paira sobre o horizonte desta geração.

site: https://lerateaexaustao.wordpress.com/2016/11/19/a-linha-da-beleza-alan-hollinghurst/
Ladyce 19/11/2016minha estante
Excelente resenha, Gilberto. Gostei demais desse livro e é possível que ele ainda venha a ganhar um coração de favorito. Você tem razão de dizer que a escrita é envolvente. É. É sedutora. Outra coisa que acho importante, é que o livro em geral é visto como "literatura gay" apesar de ter como personagem principal um jovem gay, rotulá-la diminui a abrangência do livro. É gay, mas é muito mais que isso. É humano. Adorei esse livro. E você fez um bom resumo. Parabéns.


Nessa 17/12/2016minha estante
Eu recomendo que vcs assistam a minissérie de três capítulos, the line of beauty (2004) BBC. Foi através dela qur eu tive a vontade de ler esse livro.


Ladyce 20/12/2016minha estante
ok, vou procurar. Netflix?


GilbertoOrtegaJr 21/12/2016minha estante
Ué não tinha recebido a notificação do seu comentário, Nessa... vou ver se acho em algum lugar para baixar ou ver online


Nessa 21/12/2016minha estante
Não sei se tem na netflix.




Ladyce 01/03/2015

Sinuosamente sedutor
“A Linha da beleza” é uma linha curva, em forma de esse [S], ou de serpentina, batizada pelo pintor, escritor e poeta inglês William Hogarth, em seu livro teórico,” Análise da Beleza”, de 1753. Hogarth defendia que essa linha, que vai e volta, teria a capacidade de ativar a atenção do espectador, de mostrar vivacidade e movimento sedutores, inigualáveis, principalmente quando comparada à linha reta, ou às linhas paralelas e até mesmo às linhas cruzadas. Essas outras estariam associadas a objetos inanimados e à morte. Alan Hollinghurst menciona essa linha, no título, e mais tarde a meio caminho da narrativa: "O arco duplo era a ‘linha da beleza’ de Hogarth, a tremulação de um instinto, de duas compulsões mantidas em um movimento não desdobrado" (190). O título emprestado de Hogarth explica a trajetória de vida do personagem principal. Como em uma peça teatral, o romance é divido em três atos: primeiro Nick Guest no início de sua estadia como convidado [guest] na casa de um membro do Parlamento inglês; depois, seu desempenho pós-graduação em Oxford e primeiras aventuras amorosas; por último o momento em que se desliga daquela mansão, quatro anos mais tarde. Esses três tempos, seguem o movimento sinuoso que Hogarth considerava atraente: começa de um ponto zero, ganha volume e consistência na segunda parte e se fecha à saída de Nick Guest do convívio da família politicamente poderosa, já em outro estágio de maturidade emocional.

Semelhante sinuosidade é demonstrada pelo próprio Nick Guest que desliza sedutoramente por entre personagens do livro aliciando membros da família com quem vive. Loquaz, ágil, habilidoso na maneira se colocar, de dar apoio quando necessário, preocupa-se em agradar para não perder privilégios, à procura sempre da palavra certa. A impetuosidade não é uma de suas características. Ele é calculista. Procura compreender qualquer situação para dela tirar maior proveito; é um mestre da esperteza social, ciente do efeito que seus gestos, palavras ou ações podem ter entre aqueles com quem se relaciona. É o exemplo da vivacidade, do movimento sedutor e da atitude cativante com o fim de obter conquistas de âmbito pessoal. É o personagem principal, não chega a ser um anti-herói, mas está longe de ser um homem de caráter exemplar ou um ser humano confiável e idôneo. No entanto, talvez por conhecer sua maneira singular de pensar e seus motivos, somos seduzidos a saber o que acontece com ele do início ao fim da leitura.

Esta é a história de Nick Guest, que ao terminar os estudos em Oxford e decidir fazer o doutoramento em literatura, dá início a uma nova fase em sua vida. Não só ele se debruçará sobre a obra de Henry James, mas irá explorar sua homossexualidade até então confinada a sonhos e devaneios. Ambicioso, Nick não perde oportunidade para parecer aquilo que não é: membro da elite social e financeira do país. Confiando na sua habilidade de conversar, no seu conhecimento de música e literatura, na disciplina de prestar atenção aos detalhes de luxo e de estilo, e na curiosidade de observar aqueles à sua volta, Nick consegue negociar uma estadia por tempo indeterminado, na residência de uma família rica e influente na política. Com o conhecimento de antiguidades adquirido através de seu pai, um comerciante no ramo, Nick julga de longe o valor dos objetos que encontra nas casas que frequenta e considera seus donos pelo que possuem. Por isso mesmo, não tem um debate emocional interno ou qualquer crise de consciência ao aceitar presentes finos e luxuosos por favores sexuais, agindo como qualquer amante em relações às escondidas. Também fica longe de se considerar em dívida de fidelidade para com os membros da família que o acolheu. Nick observa as pessoas como objetos, mesmo aqueles que diz amar. Há um distanciamento palpável entre o que diz sentir e o que faz. Dar-se, abrir-se ao outro sem restrições, não faz parte de seu caráter. Nick é egoísta e tem um único objetivo: ser bem sucedido no amor.

Hollinghurst mostra seus personagens sem exageros, de maneira realista e usa a ironia sutil, como base sólida para a análise do que retrata. Mesmo assim, não se pode deixar de lembrar que se trata de uma sátira da vida na Grã-Bretanha, na década de 1980. A narrativa é de grande precisão e distanciamento. Cenas difíceis de sexo, de promiscuidade e traições, todas são narradas com rigor e clareza. O extenso uso de drogas é claramente delineado. A procura obsessiva e indiscriminada por amor e aceitação, feita através do sexo, é necessidade do personagem principal e parte de sua angústia e de sua carência. No entanto tudo é retratado de maneira tão exata e rigorosa, que nos distanciamos e não somos capazes de sentir nem compaixão, nem ojeriza. Nick Guest não é melhor nem pior do que aqueles que o cercam, mas não consegue se identificar com grupo nenhum. Tampouco com homens ou mulheres. “Agora talvez ele realmente pudesse ir lá para cima e gozar a liberdade de ser o convidado avulso. Não se encaixava em nenhum dos ambientes" (145). Mais do que um convidado, Nick é um intruso em qualquer ambiente que habite. Ele não se encontra em lugar nenhum. Ao visitar sua cidade natal, sente-se um forasteiro, na Londres a que anseia pertencer não tem a credibilidade de nascimento ou dinheiro para entrar. Talvez por isso mesmo suas relações amorosas mais significativas sejam com imigrantes estrangeiros. O primeiro, que lhe dá o fora quando descobre que ele não tem dinheiro. E o segundo para quem se transforma em amante teúdo e manteúdo. Nick poderia até ser um personagem merecedor da nossa simpatia e compreensão. Mas não há nesse romance nenhum personagem merecedor desses sentimentos. Todos, sem exceção, são desprezíveis.

A narrativa de Alan Hollinghurst é extraordinária. Ímpar. Referências à obra de Henry James são numerosas com o propósito de ilustrar o assunto da tese de doutoramento de Nick Guest. Mas é evidente que a mágica narrativa de James tem influência neste romance, se não pelo estilo, pelo menos pela ambientação. Aqui, como em James, os personagens são caracterizados por seu comportamento de encontro às expectativas que se tem deles. Temos uma visão de um grupo social – a classe da alta burguesia inglesa – de seus amores ilícitos e da ruptura dos códigos sociais em exercício e até mesmo de sua moralidade. As preocupações de Nick Guest com sua posição social, a vida amorosa de seus pares, o desejo de ascensão social interpretadas por ele muitas vezes com ironia colocam este romance em contexto semelhante ao encontrado no teatro, nas comédias de costume. O tom é por vezes cômico, satírico, espirituoso, repleto de diálogos vivos e contemporâneos. Hollinghurst tem ciência da posição que assume na história da literatura inglesa. E mais, suas constantes referências a escritores assumidamente homossexuais ou aos que, hoje, consideramos como homossexuais revelam que ele sabe exatamente onde sua obra deve se inserir na linha histórica da literatura gay inglesa: Shakespeare, Oscar Wilde, E. M. Forster, Henry James são apenas alguns dos parâmetros entre os quais sua obra se encerra. Mas considerar essa obra primeiramente um romance gay é extremamente redutivo e um desserviço ao mundo literário. Em questão está um romance cujo personagem principal tem características e personalidade universais: gosto pela luxo, beleza, posição social. Ele é egoísta, sinuoso, traiçoeiro. Superficial. E ele também é gay. Fazer de “A linha da beleza” uma obra, sobretudo gay é contribuir para a perpetuação de um preconceito. Este é um romance, um drama universal, pronto para uma série televisiva daquelas em que os ingleses se esmeram.

NOTA, 2/3/2015 -- Acabo de ser informada que, de fato, o romance resenhado acima tornou-se uma série televisiva da BBC2, levada ao ar em 2006, com Dan Stevens [conhecido no Brasil como Mathew Crawley, da série Downton Abbey] no papel principal de Nick Guest.
comentários(0)comente



otxjunior 09/02/2013

A Linha da Beleza, Alan Hollinghurst
As personagens em A Linha da Beleza não parecem se comunicar. As intenções são camufladas em diálogos inexpressivos e cautelosos. Obras de arte são apreciadas como um atestado de bom gosto. E é suficiente ter contatos apenas dentro do círculo social privilegiado dos conservadores da Era Thatcher, na Inglaterra dos anos 80. É nesse contexto que é inserido o personagem central, Nick Guest. De origem não nobre e assumidamente gay, o recém-formado em Oxford passa a viver sob o teto do ministro em ascensão, Gerald Fedden, pai de seu melhor amigo e amante platônico. O jovem de 20 anos, no entanto, não se interessa por política ou economia, e procura apenas desfrutar de sua nova condição social frequentando jantares, concertos e festas, cultuando a estética e o belo acima de qualquer outro valor.
O livro, dividido em três partes, foca na vida amorosa de Nick, seus desejos românticos e decepções, como também, seu desejo de pertencer integralmente a esse mundo que o acolheu tão cordialmente. Mundo este que quando em crise consegue sempre se reerguer com perdas irrisórias, obedecendo a máxima segundo a qual "A corda sempre arrebenta do lado mais fraco".
Vencedor do Booker Prize, Alan Hollinghurst, tem uma prosa belíssima e fascinante. Comparável sintaticamente a Henry James (referenciado várias vezes no livro) e tematicamente à obra mais famosa de Evelyn Waugh, Brideshead Revisited; ele acerta em todos os sentidos: do desenvolvimento de seus personagens, cheios de nuances e que nunca soam falsos, até a estrutura quase poética de seu romance. Sem dúvida, um importante acréscimo à moderna ficção inglesa.
comentários(0)comente



Daniel 04/07/2012

The 80´s
O livro se passa na Inglaterra dos anos 80, quando Margaret Thatcher era a Primeira Ministra. A história do protagonista, o ambicioso Nick Guest (atenção ao sobrenome, "convidado") é contada em terceira pessoa, o que dá um certo distanciamento entre o leitor e os personagens.

Os capítulos vão sendo narrados em ordem cronológica, porém de um para outro há pequenos saltos no tempo: se num determinado capítulo Nick está interessado em conhecer um personagem, no capítulo seguinte eles já são íntimos. Portanto, há algumas lacunas na narrativa, e o leitor que as preencha como lhe convier.

Nick, que vem da classe média, vai morar na casa de Toby, um colega de faculdade. Toby é filho de um político de um alto cargo do governo do mesmo partido da então primeira ministra. Logo Nick se torna mais próximo da irmã de Toby, a problemática Catherine, e confidente de seus casos amorosos frustrados. Nick, que a princípio se deslumbra com o ambiente de riqueza e poder, vai também ter oportunidade de conhecer o lado podre da coisa toda.

Paralelamente, Nick vai em busca de relacionamentos amorosos através dos classificados em periódicos gays. Mais tarde irá trabalhar como editor de uma revista de artes e arquitetura sofisticada daí o título, "A Linha da Beleza" além do sentido subentendido das linhas de cocaína que estava em todas as festas e reuniões da época.

Há um sentimento de desencanto e amargura no final do livro. O preço pago pela geração pós Stonewall acabou senso alto demais: se por um lado houve maior visibilidade dos gays, por conta daqueles que lutaram pelos seus direitos e resolveram viver sua sexualidade mais abertamente, por outro lado um número muito alto pagou esta "liberalidade" com a própria vida. A AIDS infelizmente pegou de surpresa esses pioneiros que mal começaram a viver suas vidas com maior liberdade e autenticidade. Outra questão abordada é da busca incessante de auto satisfação: tudo tinha que ser muito dinheiro, drogas, sexo e o resultado foi uma geração cada vez mais insatisfeita.

Este livro venceu o Booker Prize de 2004.
comentários(0)comente



Júlia da Mata 28/03/2011

Marcante.
Se tem uma coisa que eu adoro é a surpresa. Quando se é surpreendido as coisas se tomam um gosto muito melhor. E foi esse um dos motivos que eu amei A Linha da Beleza.

Quando eu peguei o livro eu não sabia nada. Exatamente, nada sobre ele. Eu o vi em uma biblioteca que tem no canto do cinema da minha cidade porque o nome e a capa me encantou. Enquanto eu esperava os portões da sala do cinema abria eu fui checar o livro, olhei na contra-capa e não vi sinopse. Abri o livro nas primeiras paginas e o que vi foi um quote de Alice no País das Maravilhas. Abri nas ultimas paginas e apenas vi alguns lançamentos da Nova Fronteira. As orelhas eram apenas continuações da capa. Ou seja, eu não sabia absolutamente nada sobre esse livro e mesmo assim arrisquei.

E não errei. Demorei uma década para terminar o livro – ta, não tanto, foram alguns meses – mas no final eu quase me matei por tê-lo jogado para trás por tanto tempo. Eu sempre colocava outros livros na frente dele e teve um bom tempo que eu havia até perdido onde havia parado. Mas agora, no fim das férias, motivada pela minha engatada nas leituras, eu me reanimei e terminei esse romance de Allan Hollinghurst.

O romance me surpreendeu desde o inicio, e muitas vezes no inicio eu fiquei espantada com o que lia. Pela primeira vez na vida eu tinha um romance gay na mão. Eu era bastante infantil quando comecei a ler esse livro – olha como a gente muda em alguns meses – então eu ficava chocada com as coisas que lia. Mas com o tempo fui me acostumando com essa visão do mundo. Allan traz Nick Guest como nosso protagonista, um estudante de Oxford que veio do interior e pela sua amizade com Toby Fedden consegue um convite deste amigo para morar na sua casa. O livro é dividido em 3 partes, O Acorde do Amor, A Quem Pertence Essa Sua Beleza? e O Fim da Linha. O Acorde do Amor é o pontapé inicial, mostrando Nick em seu inicio na vida Londrina. A Quem Pertence Essa Sua Beleza? é a parte em que mostra um Nick um pouco mais maduro, mas mesmo assim é a parte em que ele está mais atrevido e inconseqüente. Agora O Fim da Linha tem um ar de realmente o fim, pois toda a “linha da Beleza” de Nick começa a desmoronar.

A narração de A Linha da Beleza é feita em 3ª pessoa, mas segue Nick o tempo todo. É impossível não se importar com Nick, o autor te envolve com o livro de uma maneira que as vezes você se imagina vivendo na Londres da década de 80.

Além do tema polemico da homossexualidade, Allan envolve as drogas e mais a frente o tema da Aids. Hollinghurst não os trata com uma deferência que alguns autores fazem quando tratam destes assuntos, mas como se fosse algo comum e corriqueiro.

A Linha da Beleza é um livro que irá me marcar para sempre.
comentários(0)comente



Skywalker 15/03/2009

Livro que fala de um jovem homossexual da classe media inglesa.A ideia do livro e boa porem eu o acho muito extenso,sem necessidade.
comentários(0)comente



9 encontrados | exibindo 1 a 9


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR