O passageiro

O passageiro Cormac McCarthy




Resenhas - O passageiro


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olivromefisgou 18/03/2023

Acho que pra mim não foi uma boa porta de entrada na obra do autor. Uma dicção extremamente machista
e americanizada até o talo. Tem seus momentos, vários trechos dignos de grifo, mas foi uma tortura chinesa terminar. Principalmente nas descrições exaustivas sobre modelos de carro eu tive vontade de cortar os pulsos. Vou ler a continuação? Confesso que ainda não sei ?
Bruno 24/03/2023minha estante
continuação vai ser basicamente uma serie de conversas de Alicia Western (a irmã dele) com o seu psiquiatra. Se não curtiu o primeiro, não acho que compense. Mas concordo com você. Ele não é uma boa porta de entrada. Sugiro que, invés da continuação, tente A Estrada ou Onde os Fracos não têm vez.


Geane 08/06/2023minha estante
Gostei não. Até agora eu to tentando entender aquele dialogo em que o kline fica por algumas paginas falando do assassinato do kennedy




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Iris.Ucella 30/07/2023minha estante
Uau! Muito legal a tua resenha! Eu amei o livro e não fiz essa relação de ocidente, western, século 20 na América. As informações que você compartilhou, teus insights, fizeram com que gostasse mais do livro.




AleixoItalo 01/07/2023

Aos recém chegados um aviso: este não é nem de longe uma boa porta de entrada para Cormac McCarthy. O autor é famoso por “westerns” distópicos, histórias de ação e sobrevivência de tirar o fôlego e jornadas à terras ermas onde as inscrições pelo caminho poderiam muito bem estar talhadas com: “Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate”! O que aconteceu então com esse Cormac McCarthy famoso pelos seus westerns épicos? Minha teoria é que essa é uma despedida!

Tudo em ‘O Passageiro’ remete a uma longa despedida: o primeiro adeus da trama é um suicídio, a partir daí, acompanharemos Bobby Western, amargurado por essa perda, em sua própria jornada de adeus. Independente do que a sinopse tenha prometido, esqueça qualquer tipo de mistério ou conclusão efetiva, o livro não é um romance policial. Apesar da suposta perseguição à Bobby pelo governo, o livro na verdade é composto unicamente de diálogos entre personagens excêntricos, uma jornada sem rumo de bares em bares que passa pelo passado do personagem. Fique ciente que não é uma jornada em busca de respostas.

Entorpecido por uma melancolia abismal, Bobby é alheio à tudo que acontece consigo mesmo e é quase sempre um agente passivo nos diálogos que participa ao longo da jornada. Encimando toda essa tristeza, percebemos que não só Bobby ou Alicia (através de flashbacks) se despedem ao longo do livro, mas também os outros personagens, amigos de outrora que como velas vão sendo apagados sob o tremular do vento. Em certo momento do livro é o próprio mundo que parece desligar o personagem, toda essa “perseguição do governo” parece ser a própria existência abandonando Bobby.

O díptico (‘O Passageiro’; ‘Stella Maris’) encerrou um hiato de 16 anos sem publicações e também encerrou o legado do autor, que faleceu em 2023. Dado sua grande diferença de estilo com outras obras do autor, eu sou inclinado à imaginar que se tratava mesmo de uma despedida do próprio autor. É notável que todos os diálogos do livro são basicamente sobre o século XX, revivendo alguns de seus momentos históricos chave, que no fundo talvez seja mesmo o próprio McCarthy fazendo um ensaio sobre o século passado e dando um último adeus para personagens e ideias.

Confesso que os diálogos, quase sempre executados por personagens sagazes ou espertinhos, cansam e perdem um pouco da fluidez, mas no fundo não é um livro ruim, só não é um livro para quem quer conhecer a obra do autor. Se a intenção era uma despedida, considero um feito nobre (poucos autores o conseguem), a narrativa energética ficou lá trás, em seus clássicos, ‘O Passageiro’ é uma obra sóbria de um autor fatigado, sentado frente a frente com os fantasmas do passado e ciente de que todo um século já ficou para trás!
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Val 16/07/2023

Um Passageiro em agonia
O personagem Kid define a certa altura de um diálogo impossível: “Estamos falando aqui de graus infinitos de liberdade, por isso é sempre possível efetuar uma rotação e fazer com que tudo pareça diferente.” Estes são os devaneios de loucura nos desvãos da consciência que nos presenteia o genial escritor norte americano Cormac McCarthy nos estertores dos seus 90 anos. Parece sem nexo. Entramos num mundo de seres ilógicos, com nadadeiras. E assim iniciamos a leitura do seu livro O Passageiro.
Ato contínuo, vamos ingressar num texto com o DNA específico de McCarthy. Personagens das sombras infestam, então, o início da obra, seja em fantasias ou em realidades. O leitor deverá ter paciência e ir assimilando gradativamente a grandeza do texto que tem pela frente.
O Passageiro narra a história de um mergulhador de resgate, assombrado por perdas, solitário em meio a muitos amigos, e que, perseguido por uma conspiração que não compreende, anseia por um desfecho de vida mais aceitável do que tudo que já presenciou e conviveu.
Personagens, locais e situações muito lentamente vão se encaixando num complexo quebra-cabeça, como um up no ânimo de leitura. Os passados ressuscitados vão encorpando o enredo, desvendando e construindo personagens, suas histórias e conexões.
Boa parte dos diálogos são fortes, construtivos e consistentes, Veja este trecho: “Talvez seja apenas porque as pessoas dizem coisas sobre você que não falam na sua cara. Coisas ruins? Não. Apenas coisas sobre você que podem ser verdadeiras. Você acha que é capaz de aprender tudo sobre si mesmo por conta própria?”. Realmente, dá muito no que pensar, não é mesmo? São diálogos muitas vezes percebidos como irreais, mas que têm um imenso teor de verdades a serem refletidas. Tratam de vida, realidade, culpabilidade, esperança, relacionamento, lógica, fantasia, amor, perda e solidão, entre outros temas profundos.
Em trechos cruciais, passeia entre o sonho e o burlesco, flertando com a fantasia em imersões na psique de personagens fundamentais. Muitas vezes, inversamente a sequências de sua obra Meridiano de Sangue, a violência aqui é psicológica – e até filosófica - e terrivelmente perturbadora.
Uma obra difícil, com alguns diálogos técnicos aborrecidos, que demanda paciência e imensa curiosidade para, finalmente, desembarcar em satisfação após a miríade de locais, situações e personagens transpostas para saber a incrível história do protagonista Bobby Western.
Um imenso poema moderno. Um livro brilhante, cujo projeto ficará concluído com o segundo livro deste díptico do Prêmio Pulitzer McCarthy: Stella Maris.

Valdemir Martins
02.07.2023


site: https://contracapaladob.blogspot.com/
Iris.Ucella 30/07/2023minha estante
Que ótima resenha! Acabei de ler e concordo com todo o teor do teu texto. Que livro!




Igor.Banin 12/08/2023

Bom
Gostei muito de algumas passagens, algumas das melhores da minha vida, mas poderia ser definitivamente mais curto.
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Vanderson.Gomes 21/11/2023

Ficou devendo.
Eu amo os livros do autor, mas esse ficou devendo, as histórias não se desenvolveram, achei o livro muito melancólico e até depressivo em alguns momentos, um sofrimento eterno do personagem que acabou sem um desfecho.
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Juliano.Ramos 10/07/2023

Ainda não sei bem o que falar deste livro, sendo o ultimo do Cormac, ele trás grandes marcas do autor, não é um livro com ação, o livro não tem uma história em si, e tudo gira em torno da melancolia do western em relação a morte de sua irmã. De qualquer forma, os diálogos são ótimos e a forma como o MacCarthy descreve as paisagens americanas é sublime.
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Icaro 23/08/2023

Mas? gostei!
Assumo que foi uma leitura mais difícil. O autor vai e volta muitas vezes o que dificulta a leitura.

Os personagens passam da realidade para um ambiente obscuro de forma muito rápida, não consegui acompanhar muito bem.

No que entendi, gostei muito, publicado pela Editora Alfaguara.
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Marcus 05/04/2024

Suspense fragmentado e cativante
Cormac McCarthy é um grande contador de histórias. "O Passageiro" intercala um suspense contado de forma fragmentária em longos diálogos - sem travessões ou aspas - com discussões profundas sobre Física ou o assassinato do presidente dos EUA, John Kennedy.
Ao fim da leitura, muita coisa fica no ar. Partindo para a continuação, "Stella Maris".

site: https://www.youtube.com/@BichodePrata
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