Resenhas - Água funda

valmir 29/05/2024

Água Funda
" A gente nasce, cresce, e morre. Não sai disso. Mas, enquanto cresce e enquanto vive, quantas coisas acontecem! "

Como uma prosa contada a beira de uma fogueira, de não sei se foi, mas sei que foi assim; ficamos a beira, apurando os ouvidos, aprumando os sentidos, e esta conversa nos embala até o fim.
Mas esteja esperto, que não é falatório raso,
Não é não!
Belo livro!

@raissa.reads 28/05/2024

Livro: Água funda

Autor: Ruth Guimarães
Nota: 7

O que mais gosto em livro nacional é quando ele trás esse quê de fofoquinha do interior."Água Funda" se passa numa região cafeeira do interior, explorando a ascensão e o declínio dessa indústria na pequena cidade. As relações entre os moradores tecem uma teia de conversas e experiências que nos envolvem ao longo da leitura. A narrativa é contada com o charme de uma história compartilhada no portão de uma casa do interior.

Acompanhamos a transformação do vale, testemunhando a transição das vastas plantações de café para o declínio ao longo dos anos, até que a economia da cidade passe a depender de uma refinaria de cana-de-açúcar.

Ruth Guimarães constrói a narrativa com uma linguagem fluída, embora não linear, o que pode ser um pouco confuso às vezes, especialmente devido à quantidade de personagens com nomes, sobrenomes e apelidos.

No entanto, vale a pena mergulhar na riqueza da linguagem e na oralidade brasileira que permeia a obra.

bia.6 27/05/2024

?A gente passa nesta vida, como canoa em água funda. Passa. A água bole um pouco. E depois não fica mais nada. (?) Água vem, água vai, fica tudo no mesmo outra vez?

Eu demorei muito tempo para finalizar este livro porque no começo eu não tava entendendo nada e eu fiquei ? com medo ? dele. Mas quando eu aprendi a maneira certa de ler um livro com um pouco mais de complexidade a leitura engatou. Eu fiquei muito apegada a todos os personagens, coisa de até sonhar com o Joca e me perguntar no sonho o que que deu da Mãe d?Ouro. Gostei muito da forma que ela vai mesclando a narração do narrador com opiniões e pensamentos dos personagens e também como é possível perceber e sentir a oralidade do texto, em diversos momentos da leitura que eu senti como se eu realmente estivesse em Olhos d?Água e alguém estava me contando a história e mostrando todos os arredores. Achei muito interessante a mistura do folclore com as crenças místicas e até a religiosidade dos personagens. Tiveram diversos momentos que eu senti como se fosse meu avô me contando um causo sobre a juventude dele no interior.
Terminei a leitura muito feliz e obcecada pela Ruth Guimarães, inclusive eu gosto muito de uma das críticas presente no livro que fala ?A contar pelos sinais, que são os livros publicados, dentro de pouco tempo os nomes femininos poderão sobrepujar os masculinos no nosso movimento literário. (?) Com exceção do sr. Guimarães Rosa, que representa um caso raro, as estreias femininas desse ano, em matéria de ficção, foram escandalosamente superiores às masculinas.?. A tempo, é uma pena que mesmo com críticas tão positivas a autora foi lançada a escuridão e nunca foi lembrada. Fico muito feliz pela tag e o Emicida proporcionarem a nós o retorno a obra dela.

Victor Vale 26/05/2024

O mais incrível da brasilidade é sentir a proximidade com as histórias e com o lexo sendo criado no interior do Espírito Santo. Ler o livro era como passar as manhãs com meu avô, tomando café melado e ouvindo suas histórias. Fui criado ouvindo sobre a Mãe do Ouro, sobre história de fazendas antigas decadentes, assombrações de estradas. Entender essa ingenuidade violenta do interiorano, honra acima de tudo, simplicidade da ignorância. Realmente um livro gigante!

Lucy 22/05/2024

Este livro é bastante diferente e precisa ser lido com olhos atentos. É leitura de estudo, de entendimento e de (re)conhecimento cultural, ao melhor estilo Guimarães Rosa.
Ruth Guimarães traz o caipira do vale com toda sua alma para este texto, que pra mim, em muitos momentos, foi incompreensível, mas de todo modo verdadeiro.

Luciana Leitora 20/05/2024

No interior...
?Grata surpresa que a tag me proporcionou, já que após anos e de muitos livros numa trajetória de trabalhos primorosos a autora segue sem o devido reconhecimento e popularidade de outras autores de sua época.
?A história de passa no interior de uma região que teve seu êxito no apogeu da saga cafeeira do Brasil e narra a ascensão e desenrolar desse fenômeno que impactou a região, que aqui também é um importante personagem. As pessoas dessa localidade se conectam umas às outras e exprimem um saber popular/ancestral nas suas vidas cotidianas que dá ares de leveza até a aspectos duros da vida cotidiana do caipira. Caipira ou interiorano foi mostrado com características muito particulares mas sem incorrer em caricatura desnecessários.
? Toda narrativa tem um estilo de história contada no portão de uma casinha de interior acompanhada uma xícara de um bom café que acabou de ser coado. A popular fofoca gostosa de ouvir.
?Destaca-se aqui a importância da vida em comunidades e os valores históricos e sociais da oralidade.

O modo mais singular que eu já vi para descrever uma mulher encantadora:


" Olhou outra vez. Olhou mais, até ficar enleado. "Tinha um corpo com jeito de água corrente, virando curva em remanso sereno, ou cobra que se balanceia para dar o bote. E tinha candonga na fala.""
pág. 69

Leitura boa e fluída. A medida que aborda o cotidiano de interior traz uma memória afetiva interessante sobre a vida mais conectada ao outro(vizinhos por exemplo), sem tanta medicação das tecnologias. Recomendo!

Devoradora de livros 20/05/2024

A leitura de início foi meio difícil, um pouco travada, mas porque não tava muito acostumada com o linguajar, além de ter muito personagem. Mas gostei do livro por parecer uma conversa de compadres e comadres, as injustiças e as fofocas em perfeito equilíbrio

Roberta 19/05/2024

Água funda
Foi o livro do mês de maio da tag indicado pelo Emicida e criei grande expectativa. Ruth tem uma escrita que eu diria por meio de prosa respeitando a pronúncia do interior de São Paulo mas que eu como mineira também me identifiquei com ele.
O livro mostra a vida como ela é no interior da fazendo, com altos e baixos e suas crenças.

Thaysa 19/05/2024

Água funda
Uma escrita quentinha, repleta de ditos, com sabor de roça e saberes populares.
Delicada, traduz de maneira espetacular o brasileiro falado para o brasileiro escrito.
Causos, lendas, histórias ao redor da fogueira. Um livro para aquecer o coração e sentir o Brasil rural da escravidão até os anos 30.

Paty Rio 19/05/2024

A verdadeira narrativa falada Paulista
Escrito por uma escritora Paulista, caipira e negra, Água Funda representa muito do cotidiano interiorano de São Paulo. Se passando no Vale da Mantiqueira, o livro retrata, numa narrativa falada que em momento algum busca esteriotipar a figura do caipira, o cenário de vida de um grupo de pessoas ao longo de muitos anos.
Enquanto acompanhamos esses personagens, vemos o vale mudar, passar de grandes plantações de café para o declínio ao longo dos anos, até que a força braçal da cidade dependesse de uma refinaria de cana de açúcar.
E acompanhamos as sinas e vidas desses personagens, torcendo por eles, enquanto alguns encontram refúgio em sua loucura e vida cotidiano, apesar dos filhos e das fofocas das cidades.
Esse livro é perfeito para quem deseja mergulhar nessa realidade e ver que, apesar do requinte e colocações assertivas do livro, a narrativa caipira sem buscar estereótipos é o seu ponto alto.

Ediany 18/05/2024

Interessante
Pela época e para conhecer o estilo.
Mas é uma leitura cansativa. Sendo tema central a fazenda, é difícil acompanhar as mudanças

Luciano498 17/05/2024

Ida ao Interior
Água Funda, sem dúvida é um convite para ir ao nosso interior. Sejam eles o interior de nossas alma e vida, ou interior geograficamente falando.

Somos convidados a ouvir uma história toda em prosa. E saiba que aqui, Ruth Guimarães, nos dá o sabor de ouvir vários contistas (sim, porquê parece que estamos em uma roda causos), todos ao mesmo tempo, contando suas versões, que não seguem qualquer linha cronológica das histórias contadas.

Então é preciso ir ao interior de cada personagem, como contam suas histórias, que vidas lhe interessam, como pensam e acreditam em suas crenças.

Aqui saboremos um momento de pausa, o escutar o deixar que a cultura regionalista do outro traga paz e sentido para nossas almas.

Por aqui, fica a saudade dos contos que ouvíamos quando crianças, sobre "lobisoni" (como diz meu pai) e outros folclores fortes do nosso país.

É um livro de um encontro muito pessoal. Sobre interior, cultura e brasilidade.

Gabriel Beda 15/05/2024

Um livro muito interessante, a narrativa as vezes fica confusa nos vai e vem do pensamento das personagens, que se perdem em histórias cruzadas, interrupções e devaneios. Isso gera uma sensação muito boa de estar participando de uma conversa real entre as personagens.

Alessandra.Lantimant 15/05/2024

Gostei da escrita, a prosa parece uma gostosa conversa entre cumadres. Mas não fui cativada pelos personagens. Achei a historia chata.

Lila 14/05/2024

Chocante e envolvente
Ruth Guimarães dá orgulho de ler e conhecer a história da autora tornou tudo muito mais especial. Ao decorrer da leitura me senti próxima aos moradores de Olhos d'água. O jeito dá autora de contar cada história parece uma eterna fofoquinha.