NazaSicil 11/05/2024Leitura hipnotizanteComprei esse livro por dois motivos: o autor e a capa.
Eu já tinha lido Brancura, lançado em 2023, do mesmo autor e gostado muito. A casa de barcos foi lançado em 1989 e traz o mesmo estilo de narrativa.
A capa é maravilhosa e a história é bem interessante.
O narrador é um guitarrista que, aos trinta anos, ainda mora com a mãe, na cidade em que foi criado, vive de bicos, tocando em bailes, aparentemente sem nenhum relacionamento amoroso.
Quando um amigo de infância, Knut, vai passar as férias, com sua esposa e filhas, na pequena cidade costeira da Noruega, onde o narrador ainda mora, o reencontro dos dois amigos, que há dez anos não se viam, acaba sendo um gatilho angustiante para o contador da história.
Knut mudou de cidade, casou, teve duas filhas, é professor de música, enquanto que o narrador continuou na mesma cidade, no mesmo lar, com uma vida desinteressante.
O protagonista conta a história desse reencontro, de dentro do sótão da casa da mãe, enquanto tenta escrever e está imerso em pensamentos repetitivos e desconexos, liberando aos poucos, para o leitor, o que supostamente aconteceu.
O autor consegue nos passar perfeitamente toda a inquietação, a agonia do personagem, o sofrimento, a ansiedade.
O livro é pequeno, tem apenas três capítulos e o li em poucas horas, de um fôlego só, repleta de piedade pelo personagem em desassossego, que despeja sobre nós seu frenético fluxo de consciência.
A intenção do autor foi alcançada com sucesso: é um livro que incomoda, angustia, perturba, hipnotiza.
? "... assim é com a maioria das coisas, no final não resta nada, tudo apenas deixa de ser, tudo muda, e aquilo que um dia foi se transforma numa coisa totalmente diferente, diminui, torna-se nada, assim é a vida, não tem o que fazer, é assim e pronto."