Resenhas - Nascida para o trono

Pedro 12/02/2024

Uma fantasia épica ímpar e original
Gostei bastante do worldbuilding (construção de mundo) porque, para além da evidente inspiração nos impérios africanos, é nítido que o autor quis criar o seu próprio mundo, dando o seu próprio tempero e visão sobre ele. Além disso, é interessante observar como a protagonista Núbia é multifacetada (ora a amamos, ora a odiamos - mas não é assim com quase todo mundo no mundo real?) e cheia de nuances como uma boa anti-heroína deve ser. Outro ponto que achei muito legal foi a forma como os conflitos se ligam à medida que vão aparecendo, pois o conflito inicial (a recuperação ou não do Totem) é apenas a ponta de um fascinante iceberg que se desenvolve ao longo dessas páginas. Recomendo (e muito!) a leitura não somente para amantes de fantasia de um modo geral, mas também a todos que apreciam, acima de tudo, boas histórias!

Henrique1125 21/02/2024

Algo novo! Inovador!
O que você faria se tirassem tudo que você ama e conquistou? Sua família… Sua identidade… A força da sua alma…
Em um cenário fantástico — em todos os sentidos —, inspirado nos grandes impérios africanos, o autor Vilto Reis oferece uma nova paisagem para os leitores de fantasia conhecerem.
Em “Nascida para o Trono” acompanhamos a história de Núbia, uma mulher com muitas batalhas a lutar. Nossa… “heroína”, depois de perder tudo que era importante para ela, busca uma nova forma de viver. Em sua jornada decadente, segue por um caminho que a faz ter que roubar o objeto que deveria proteger.
O Totem da Serpente é o artefato mais poderoso — e cobiçado — de Camara, capaz de despertar habilidades especiais nas pessoas. Os despertos são aptos para usar a Energia Vital, o Ka, em diferentes estilos, seja em combate ou para a cura.
Núbia teve seus dons bloqueados como punição por crimes que cometeu. Enquanto tenta preencher o vazio com vícios, ela se encontra envolvida em uma rede de traições, em um território onde as cobras tramam tomar o poder.
A narrativa apresenta riqueza e cuidado para representar os povos, em toda sua cultura, e os dramas pessoais dos personagens, tão ricos quanto o cenário elaborado na construção do universo. Os mitos africanos também foram inspiração para as criaturas que compõem o bestiário da história. Ninguém vai sentir falta de dragões e gnolls, quando conhecerem os dingoneks e kishis.

Jader Miani 03/04/2024

A história se passa em um mundo cheio de vida e detalhes baseado em culturas africanas. Camara é administrada por um Conselho cujo principal membro é a guardiã, responsável por proteger o Totem da Serpente, símbolo e origem dos poderes mágicos que algumas pessoas possuem, chamados de despertos. As questões que envolvem a nomeação da guardiã acabam sendo centrais na história, visto que a pessoa que deveria ter sido sucessora, Núbia, acaba sendo renegada em favor da irmã. Sem entender seu passado, e sem saber ao certo seu lugar no mundo, acompanhamos Núbia por sua jornada tortuosa, cometendo mais erros do que acertos. Mas esses erros a tornam ainda mais forte (e próxima do povo). Em certo ponto parece ser inevitável que ela se torne guardiã. Em meio a seus conflitos pessoais, uma revolução toma corpo através de um grande general que pretende destituir o Conselho, como uma forma de justiça por eventos de seu passado.

Para todos que gostam de personagens com personalidade forte, e uma fantasia em um mundo cheio de peculiaridades e detalhes, com certeza terá uma boa leitura.

Um dos pontos de destaque, ao meu ver, são as diversas religiões. É muito curioso ver que de acordo com a devoção do indivíduo é alterada a forma como um falecido é "sepultado", por exemplo. Mas isso é só uma característica entre muitas que irá encontrar na leitura.

Nicole 05/04/2024

Viva Núbia
Não sou muito fã de fantasia, mas me encantei com a história de Núbia. É uma ótima escolha de protagonista pela representatividade (mulher, negra, trans) e pela humanidade da personagem, que também erra e exagera no deboche, mas sempre procura dar o seu melhor. Além disso, não é complicado de entender o universo de Serpentes e Traições: as explicações não são didáticas, mas se tornam claras no contexto da história, com várias referências à cultura dos povos africanos. Portanto, a leitura se torna divertida, curiosa e instigante. Recomendo!

David713 19/05/2024

Pra fazer pensar
Acabou que a revolucionária se tornou a ditadora. É uma bela história e, sendo ambientada no coração da África (ou em algum lugar bem similar em outro planeta), muda a mesmice da literatura que habita as listas de mais vendidos.