O avesso da pele

O avesso da pele Jeferson Tenório




Resenhas - O avesso da pele


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Joabe13 11/05/2024

Pois entre músculos, órgãos e veias, existe um lugar só seu.
Simplesmente dilacerante!
Esse livro é sobretudo um respaldo para a luta do movimento negro no Brasil. É uma abertura de olhos para os céticos, que não enxergam as causas e o efeito do racismo referente a população negra.
O melhor livro lido no ano, quiçá em toda vida, mas definitivamente é o melhor livro nacional que li até o momento. Se você estiver disposto a encarar raiva, tristeza e um soco de realidade na cara, esse livro é um belo começo. Enfim, leiam.
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I7bela 06/05/2024

Existem muitas formas de contar uma história. Principalmente uma história sobre a dor da perda.

O Avesso da Pele escolhe transitar entre vozes narrativas, tornar a leitura dinâmica. O leitor está no campo de visão do narrador onipresente acompanhando de perto como uma estrutura enorme se ergue por nossas cabeças. Nossas cabeças. Negras.
Algumas passagens me peguei pensando “ei, eu conheço esse sentimento”. É o sentimento de estar com constante raiva e como é perigoso abraçar o despertar dessa raiva.
“É necessário preservar o avesso”. Jeferson Tenório trás uma leitura crua sobre uma abordagem policial que termina em morte, mas que tipo de morte? Lembrei de Clarice Lispector: “Qualquer que tivesse sido o crime dele, uma bala bastava. O resto era vontade de matar” Mas não houve crime. O crime foi estar cansado de abordagens policiais sem contexto, sem motivação que não seja a cor da pele.
O avesso da pele é uma viagem pela história de Henrique, um professor de escola pública em Porto Alegre, após uma abordagem policial seu corpo é estirado ao chão aos 52 anos, após alguns tiros. Tiros para matar. Seu filho Pedro revisita sua trajetória de vida trazendo percalços, vontades, desejos, afetos e fracassos. Na história encontramos ainda a história da mãe de Pedro, uma mulher negra atravessada por muitas questões do passado que perpassam o fato de ser uma mulher negra. Ela não é o que se espera encontrar em uma mãe, em uma esposa e observamos que moldado nela está a insegurança, a raiva, a indisposição e emoções não investigadas. Encontramos para além do esperado e óbvio.
A subjetividade da pessoa negra é por muitas vezes esquecida, apagada e atrelada a sua vida está o molde de cadeiras marcadas e isto dói. Irrita. Fere. Embora, encontremos pontos de encontro com situações dolorosas, não seria excelente se fomos descobertos para além da dor? Avesso da pele tenta resgatar isto.

Você respira alto. Enche o peito e solta o ar com frustração, porque reconhece as micro violências vividas pelas personagens, mas não seria ótimo não reconhecer esses padrões? Parafraseando Emicida: Resumir nossa vida a sobrevivência é dar o troféu para nosso algoz e fazer nós sumir.
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ludmyla 05/05/2024

A morte é sempre uma ofensa, ela nos reduz a poeira.
O livro retrata o racismo de forma brutal, manifesta bem como ele está entranhado na sociedade brasileira. Henrique, o professor de português que traz consigo uma jornada de abordagens policiais, racismos explícitos e momentos que o subestimam por ser um rapaz negro, é também uma representação real de profissionais da educação que vêem o ensino se degradar e se precarizar cada vez mais. A obra em um todo ela é contundente, incisiva naquilo que quer passar. Apesar de omitida, as dificuldades que vem com a negritude são doídas e lancinantes, afetam diretamente nas relações raciais, como suas invisibilidades são seletivas, o que causa até mesmo o divórcio de Henrique, uma relação onde sua ex companheira via atos racistas como individuais e ele como coletiva e estrutural, se tornando pontual para discussões e logo depois a sua separação. Ele enxerga possibilidades em seus alunos, e começa a ver prazer em lecionar para o EJA, começa a se moldar com os prazeres dos alunos e as pautas que ficavam em alta interrompendo a sua aula, Henrique claramente constrói uma estratégia pra trazer a atenção de todos para a sua aula, e finalmente desmente em suas ideias que ele era indiferente para o sistema educacional, que sua ação em apenas um indivíduo trazendo o prazer para o conhecimento já era a sua conquista que equivalia a todos os anos de intenso estudo teórico, enfatizando que a educação precisa se moldar. O fim dessa história é desastroso e sensível, Henrique entra na estatística de mais um homem inocente assassinado de maneira trágica por abordagem policial. Apesar de tudo, é notório em todo o livro a evolução do personagem na sua perspectiva na educação, como se ainda houvesse esperanças, ou se a esperança de um futuro melhor está nas pequenas conquistas da vida.
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Lindsey 02/05/2024

Lamentável ironia
É uma grande e trágica ironia esse livro estar sendo censurado hoje nas escolas. A polêmica começou quando uma diretora de uma escola do Rio Grande do Sul (mesmo Estado que se passa a história do livro) postou um vídeo dizendo que era "lamentável" o governo mandar para as escolas uma obra com "vocabulários de tão baixo nível", lendo na sequência um trecho aleatório, sem contexto algum. Lamentavelmente, em entrevista "pós viralização", ela confessou ter lido só umas partes do livro. E lamentavelmente também que diversos Estados decidiram banir a obra das escolas, com base nesse vídeo. Todos passando vergonha no débito. A história é sobre Pedro, um jovem preto que conta a trajetória de sua família (pai professor e mãe tradutora), que deve ser absurdamente parecida com a história de muitas famílias do Brasil. Ele trata sobre diversos temas reais: pobreza, despertar sexual, vida adulta, religião, preconceito, segregação, estresse, depressão pós-parto, violência policial, e até mesmo sobre as atuais dificuldades de estudantes e professores nesse país (mais uma ironia). Além disso, o autor cita outros livros e filmes interessantíssimo sobre racismo. É uma aula pronta, só que uma aula que ainda tem muita gente querendo evitar. Vale dizer que para um livro entrar na grade curricular ele passa por vários critérios do MEC até ser considerado "literatura de interesse nacional". Não bastasse isso, o livro foi, com mérito, vencedor do prêmio Jabuti, em 2021. Segundo o próprio autor, “o mais curioso é que as palavras de 'baixo calão' e os atos sexuais do livro (que são pouquíssimos, inclusive) causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras.". A pergunta que fica é: está mais fácil censurar do que discutir esses assuntos com os alunos? Pois, com certeza, vivemos uma era onde está mais fácil postar um vídeo sem contexto na rede social do que ler um livro inteiro. Lamentável!

* Leia mais resenhas na minha página do Instagram @livro100spoiler

site: www.instagram.com/livro100spoiler
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Calandrine0 30/04/2024

Que livro!
Acho que ser professora e preta pesou um pouco mais todas as reflexões que esse livro traz, as dores, agonias, pequenas alegrias da vida adulta, tudo bateu bem forte no meu coração.
A escrita do Jeferson é muito boa, envolvente, os capítulos curtos ajudaram mt na fluidez.
Não dei 5 estrelas pq demorei um pouquinho pra engatar já que o início conta da infância com um pouco mais de detalhes e não me prendeu mt, mas depois desengatou e me engatou que eu amei.
Os capítulos finais me fizeram chorar e o livro tá todo marcado pq tem muitas citações incríveis.
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5string.serenade 29/04/2024

"Eu queria ter morado num pensamento teu." ?
O governo indicou esse livro para trabalhar com alunos do ensino médio, e meu professor nos deu e tivemos uma leitura em conjunto de uns 2 capítulos. E quando eu li a epígrafe eu já sabia que teria que levá-lo pra casa e lê-lo por inteiro... já até conhecia, mas nunca havia lido, queria comprá-lo eu mesma, mas na escola tinha, então peguei emprestado e aqui estou eu.

Que livro cru, real e extremamente incrível. Durante a leitura eu só queria adentrar e conhecer o Henrique, assim como o Pedro. E mds, me sinto tão triste.
É um romance tão sensível, tão delicado.
Eu entendo completamente porque esse livro foi barrado nas escolas do Sul, a realidade de cada linha escrita, no racismo ainda tão presente na sociedade, na violência policial. E é extremamente importante ter um livro como esse sendo debatido nas escolas e é nítido os motivos que o censuraram.

Definitivamente o recomendo, e com certeza vou falar sobre ele com cada pessoa que me der uma brecha, deveria ser obrigatório uma leitura como essa.

Acho que poderia ficar escrevendo um monte nessa resenha, esse livro foi de um impacto tão grande em mim. Apenas leiam-o.
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Maluð 17/04/2024

O avesso da pele
É bom, mais não gosto desse tipo de livro, li pra um projeto do colégio, mais não é ruim não ????????
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Lindëndil 08/04/2024

Se vc espera um livro que fale muito sobre sexo, recomendo que leia 50 Tons de Cinza. O Avesso da Pele fala sobre racismo e preconceito de uma forma direta e brutal.
Passando sobre as várias fases da vida dos personagens, conseguimos ver como o racismo sempre esteve presente, até nos pequenos detalhes.
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Maria1691 22/03/2024

4,8? fiquei anestesiada com essa leitura, me questionando se deveria até mesmo continuar lendo outros livros, uma vez que nada, absolutamente nada, se compararia a essa experiência.
não tenho a resposta desse questionamento, apenas continuo lendo na esperança de encontrar uma experiência igualmente incomparável.
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Samantha 17/03/2024

O livro traz a realidade dos negros no Brasil através da história de Henrique, contada por seu filho Pedro. Após a morte do pai por policiais, Pedro rememora a história de seu pai, professor negro na cidade de Porto Alegre. Passando pela infância, o casamento que não terminou bem até o fatídico dia de sua morte, podemos ver como é ser negro no Brasil e como o racismo está entranhado em nossa sociedade.
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Vitor 25/02/2024

Maravilhoso.
Foi um livro e uma experiência maravilhosa. apesar de não ser dividido em parágrafos e os diálogos não terem travessão, a história foi incrível e trágica. mexeu muito comigo.
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