spoiler visualizarmari yoshikawa 22/05/2024
Senti um pouco de dificuldade em conectar com o livro no começo e quase desisti de ler, mas por ter gostado tanto do parágrafo inicial, insisti na leitura e não me arrependo!
A escrita é muito bonita e a falta de pertencimento da Mikaia é muito bem construída ao longo do livro, especialmente quando ela está preenchendo o formulário para o visto, em que ela fala que já foi africana tantas vezes e agora precisava pROVAR sua nacionalidade; me identifiquei muito com essa parte e também lembrei de uma música dos Titãs, Lugar Nenhum. Meu pai gosta muito deles e me mostrou essa música quando eu era criança, dizendo que essa música era muito a gente que, como descendentes de japoneses, não somos vistos como brasileiros aqui e nem mesmo chegamos perto de ser japoneses; sentimento idêntica ao da Mikaia que depois de ter passado a vida toda sendo lida como pertencente a inúmeros países africanos, é facilmente apontada como brasileira ao chegar em seu país de origem.
O final, sinceramente, me decepcionou um pouco, porque depois de ter passado a gostar tanto da história, ter tido esse final brusco foi bem... decepcionante. Achei, por alguns momentos, que Mikaia fosse suicidar e teria sido uma morte muito bonita, embora pouco significante para o desenvolvimento da história, já que reforçaria todo o trabalho da Simi de ter escondido tudo da Mikaia, de que o passado não valia a pena ser lembrado por seu doloroso, que fazia Simi querer vomitar os órgãos e Mikaia se matar. Sei que os traumas da Simi e da avó delas não têm resolução, mas não vimos nem mesmo Mikaia voltar para elas com o que resgatou de sua memória.
O livro termina no mesmo lugar em que começou, no limbo entre os dois países e, ainda, dentro da água, onde há discussões sobre até onde as águas pertencem a qual Estado.