Coelha Geek 27/03/2024
Romance sobrenatural entre espécie
Geralmente não costumo ler a sinopse (a não ser que surja a curiosidade), mas eu realmente gosto de ouvir falar bem (sem spoiler) ou me interessar pela capa (sim, eu julgo o livro). Através de um vídeo da kabook me interessei nesse e tive a oportunidade recente de iniciar, totalmente sem expectativas. A única coisa que lembrava era que se tratava de um romance sobrenatural.
Esse livro foi surpreendente. Não no sentido de inédito, revolucionário ou perfeito. Mas no sentido de ser pega de surpresa. Eu ri em vários momentos dele, desde pequenos risos até precisar me conter pra não rir muito alto na madrugada. Ele também me deixou desconcertada com as várias cenas de hot. Assim como me fez chorar e me sentir muito mal (maldito Lowe). Também senti muita fofura pela pequena Ana e fiquei irritada com Owen. Fora que uma parte do plot eu realmente não consegui captar com antecedência, então foi ótimo.
É um romance sobrenatural que funciona. Tem toda a dinâmica política entre humanos x lobos x vampiros que vivem em guerra e se odeiam. Mas alguns fingem que existe confiança e há troca de colaterais por conta disso. Algo bem cômico e irônico é o fato de que as espécies não conhecem as particularidades uma das outras e têm crenças ultrapassadas e errôneas, como a de que os vampiros precisam de permissão para adentrarem nos ambientes.
O desenvolvimento de Misery é ótimo. A melhor amiga precisou desaparecer pra ela começar a se apegar as pessoas? Sim. Mas isso só mostra o quanto Serena estava certa e quanto o amor pode ser transformador. Ver a interação (fofíssima e cômica) entre uma criança e uma vampira foi muito bom. Misery vai se apagando às pessoas do bando e se sentindo segura, acolhida, pertencente, mesmo com todo o perrengue inicial. Inclusive, ela se mostra uma personagem inteligente, com aptidão pra TI, e ainda com conhecimento em auto defesa. Não é o estilo de personagem que fica esperando ser salva, apesar de não conseguir dizer não pro seu (maldito) pai.
Já o par amaroso dela não se sai tão bem quanto. Ele não é um personagem problemático e não precisa de uma rendenção, mas apesar de toda a justificativa dele, pra mim (nesse livro em específico) é injustificável ele tentar desiludí-la (ainda mais com as palavras que foram ditas). Mesmo no fim ele ainda se mostra inseguro do Misery sente por ele. Gosto que a autora bão fez um homem sem sentimentos e que ele nos passe a sensibilidade através dessa insegurança. Mas infelizmente ele acabou perdendo pontos comigo (me julgue, mas me pegou muito àquela situação e levei pro pessoal).
Algo interessante e que me chamou atenção é que o casal principal conversa. Sim, mesmo em meio a tudo eles vão apresentando os costumes e a realidade de suas raças. Mas para além disso, eles falam sobre respeitar a vontade do outro, sobre querer a liberdade pro outro tomar suas decisões, sem imposição, sem pressa. Há sim claramente uma dificuldade de Misery entender que existem sentimentos nela e pra Lowen perceber que ela realmente o ama (muita teimosia envolvida). Mas mesmo com isso, eles falam inclusive sobre as consequências, seja do ato sexual, seja do nó, seja da mordida, seja do relacionamento entre espécies. E quando não tem as respostas, eles seguem seus instintos e confiam. É notório que há um comprometimento com a consensualidade.
De fato, esse é um livro que eu gostaria de ter na estante. Não consigo afirmar que irei mararonar ou ir em busca dos outros livros da autora, mesmo gostando desse (sou do time fantasia). Apesar disso, quero muito ver a parte dois dessa ótima história, que rende muitas emoções. Ver os desdobramentos das alianças e da paz estabelecida (mesmo ainda à contragosto de alguns) e o desfecho do novo casal, bem como ir em busca dos pais de Serena.