Em agosto nos vemos

Em agosto nos vemos Gabriel García Márquez




Resenhas - Em Agosto Nos Vemos


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Bookster Pedro Pacifico 10/03/2024

Em agosto nos vemos, de Gabriel García Márquez
O aguardado romance póstumo do amado Gabo, um dos meus autores favoritos, já inicia com uma mensagem dos seus filhos aos leitores: “Ao julgar o livro muito melhor do que lembrávamos, nos ocorreu outra possibilidade: de que o declínio de suas faculdades mentais, que não permitiu a Gabo terminar o livro, também o impediu de perceber como ele estava bem-feito”.

Hoje, data do seu aniversário, acontece o lançamento mundial do romance. Na origem, a ideia era criar cinco contos com uma personagem em comum, mas Gabo optou por uma linha narrativa única para essa novela. A personagem principal é uma mulher - o que é inédito para os textos de Gabo - próxima dos 50 anos, mãe de dois filhos e que vive um relacionamento morno e longo com um músico.

Todos os anos, em 16 de agosto, Ana Magdalena visita a ilha em que sua mãe está enterrada. A sua missão é fazer uma visita ao túmulo e levar flores para aquela que deixou apenas saudades. Aos 46 anos, no entanto, o seu roteiro na ilha sofre uma mudança marcante: ela se relaciona com um homem em uma noite de aventura. A partir disso, o dia 16 de agosto virá uma espécie de libertação e, a cada ano, Ana Magdalena busca novos encontros e experiências nunca vividas. É uma fase de redescoberta, que acaba invadindo os outros espaços de sua vida.

A leitura foi diferente e destoou dos seus outros livros. Em alguns momentos fiquei tentando encontrar aquele Gabo com quem estou acostumado e que tem uma presença tão forte na minha estante. O livro é curto e ver a protagonista tomando conta de suas próprias vontades foi interessante. Leitura gostosa, mas que não me encantou.

A edição é linda, em capa dura, e traz fac-símiles com observações feitas pelo autor. Isso nos aproxima de Gabo. Mas confesso que fiquei com um misto de sensações: a tentação de ler uma nova obra do autor e a sensação de traição por acessar um texto que ele decidiu não publicar. Como seus filhos escreveram, confiamos que o autor entenda essa vontade que temos de consumir tudo o que leva o seu nome.

Nota 7,5/10

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Taynara142 24/03/2024minha estante
Adoro as suas resenhas, elas são muito bem construídas!??


Karol 03/05/2024minha estante
A história é boa, o livro me prendeu. Mas fiquei com a sensação que falta algo, aquele toque mágico de Gabo? ficou ?simples?, digamos assim. O final também me pareceu inacabado?




Flávia Menezes 17/03/2024

? BU KALP SENI UNUTUR MU... ?
?Em agosto nos vemos?, lançado neste ano de 2024, é um romance publicado postumamente de Gabriel José García Márquez (escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano considerado um dos autores mais importantes do século XX, e um dos escritores mais admirados e traduzidos do mundo), no qual o autor trabalhou longa e intensamente, e quando a sua memória começou a apresentar falhas, e o diagnóstico de uma demência anunciou o fim de seus tempos de escritor, o processo de escrita precisou ser interrompido, e o desejo de Gabo é de que ele fosse destruído.

Mas como uma obra, após escrita, passa a ser muito mais dos seus leitores do que daquele que escreveu, às vésperas de completar dez anos que um escritor da grandeza do Gabo deixou este mundo, seus filhos Rodrigo e Gonzalo decidiram resgatá-la dos arquivos da Universidade do Texas, em Austin, e o resultado é essa obra de escrita poética, com uma pitada da magia que sempre foi parte de tudo com o qual Gabo presenteou seus leitores ao longo de todos os anos em que ele se dedicou a arte de encantar através do ato de escrever.

?Em agosto nos vemos? é como uma matrioska russa, onde ao abrir uma nova camada, e revelar uma nova figura, vamos descobrindo uma nova história, repleta de significados, pois dentro de cada uma dessas bonecas reside um passado e um presente que se misturam, escondendo muitos segredos que serão velados e carregados com lealdade de geração em geração.

Nesta trama, acompanhamos a viagem que Ana Magdalena Bach faz todo mês de agosto para uma ilha caribenha, apenas para colocar um ramo de gladíolos (uma planta que ironiza a trama do Gabo, com seu significado de força, integridade e bons valores morais aliados à elegância) no túmulo da sua mãe, repetindo anualmente os mesmos rituais de se hospedar no mesmo hotel, de comer no mesmo bar, e sempre o mesmo sanduíche de presunto e queijo, antes de ir para a cama.

Isso até a noite em que tudo muda, e um pouco de gim com gelo e soda é acrescido a esse rito que acontece ano após ano ininterruptamente, libertando uma mulher alegre, atrevida, e que se sente livre e capaz de tudo, incluindo se perder em um momento de insanidade temporária, se esquecendo completamente dos laços matrimoniais que um dia a ataram a um homem cheio de talentos, inclusive o de se empenhar ao longo dos anos para encontrar novas formas de despertar o seu (e da sua esposa!) desejo de arder aquela paixão carnal que implora e reinvidica o corpo um do outro, sem nunca perder a mesma intensidade do início, que um dia fez com que ficassem juntos.


?Minha teoria é que quando ele [Gabo] disse que não funcionava, ele havia perdido a capacidade de julgá-lo. Não é tão polido quanto seus outros romances, mas também não é uma confusão incompreensível. Acho que foi ele quem não entendeu mais nada?, afirmou Rodrigo García à imprensa.


Sei que essas palavras vêm de alguém que o conhecia imensamente, e o amava e admirava muito mais do que um filho por um pai, mas eu não posso dizer que concordo e compartilho do mesmo pensamento.

Entre o conforto e a estabilidade de um lar sólido, e as aventuras de uma ilha repleta de novos prazeres intensos, porém fugazes, parece que algo neste interim ficou faltando. Uma peça importante que ligava a mulher prudente a sua versão mais promíscua e indolente, que nunca teremos como explicar exatamente o que é, porque esse é um segredo que jaz com aquele que a criou. Aquele que deu a vida a Ana Magdalena Bach.

E se ouso em dizer isso, de que existe um lapso entre as diversas faces de uma mesma protagonista, é porque, quando a via falar da sua vida matrimonial, eu só conseguia ver o amor e o cuidado de um homem que pode até não ser perfeito, mas que é presente e que sabe apreciar o convívio dos dias simples (e muito felizes) em família.

E mesmo que o tempo passe depressa, e a vida traga as suas muitas obrigações, enchendo-a com a sua rotina de movimentos comuns e automáticos, deixando um pouco de lado um pouco do clima ameno do romance, ainda assim, o companheirismo que havia entre eles, mesmo quando as dúvidas a assolavam, não parecia ser o motivo pelo qual ela passou a assumir uma nova identidade.

Havia algo naquela ilha que levou a mãe a pedir para ser enterrada lá. Um feitiço, uma mandiga que chamava por Ana Magdalena, e que igualmente começava a clamar pela sua própria filha. E é exatamente neste ponto de embarque de um barco que só permite a presença das mulheres, é que a mente de Gabo deixou a sua dívida. Até mesmo porque esse final com ares de romance gótico, não parece falar tão somente de uma mera mulher fútil e de desejos abjetos.

Mas... quem saberá? Esse é o segredo de Ana Magdalena Bach que Gabo decidiu guardar somente com ele. Mas que ainda assim, não deixa sua obra perder o mesmo fascínio de todas as outras que o fizeram ser tão aclamado, apreciado e premiado.

Sabe aquelas canções que mesmo quando estão inacabadas, em que apenas algumas estrofes foram escritas em um breve momento de inspiração, mas que mesmo na sua incompletude já começam a comunicar uma ideia que nos faz ficar ali, ouvindo seus acordes de olhos fechados, permitindo que cada nota nos sussurre os seus desejos, seus anseios e amores? É assim que eu me senti com essa obra do Gabo.

Mesmo que esteja incompleta, ou que tenha despertado o desagrado do seu criador, ainda assim...neste pouco, nesta brevidade em que nos fala sobre si mesma... ainda é capaz de causar em nós um impulso, uma euforia...
Regis 17/03/2024minha estante
Adorei a resenha, Flávia, mas não vou incluir esse na minha já abarrotada lista, por enquanto. Rsrs


Craotchky 17/03/2024minha estante
Assim como a Gizz, não pretendo ler esse. Acho que não concordo com a publicação da obra contra a vontade do autor...


Flávia Menezes 17/03/2024minha estante
Ah, Regis! Muito obrigada, amiga! ?
E eu entendo não incluir esse livro na sua lista. Ainda mais para conhecedores da escrita do Gabo?esse pode ser bem decepcionante. Muito embora eu confesse que mesmo assim, gostei mais dele do que do livro da Ferrante que acabo de ler. ???


Flávia Menezes 17/03/2024minha estante
Entendo seu ponto de vista, Filipe. Triste mesmo uma situação como essa. Mas tantos passaram por isso. ?Memórias do Subsolo? é um caso desse, já que o Dostô não concordava com a publicação que cortou partes importantes da história. E ele teve que deixar só por necessidade financeira. Acho que muitos, como Gabo passaram por isso. Mas tenho que dizer que ainda assim, não é que foi uma leitura gostosa de fazer? ???


Michel Pinto Costa 18/03/2024minha estante
Resenha de primeira qualidade.
Interessante notar que o realismo fantástico está no encanto da ilha, que seduziu tanto mãe, quanto a filha.


Flávia Menezes 18/03/2024minha estante
Concordo, Michel! A construção estava ali.. o realismo característico dele estava na ilha. Mas faltou algo pra fechar daquele jeitinho magnifico à lá Gabo!
E muito obrigada pelas palavras e por compartilhar sua experiência nessa leitura, Michel!


italomalveira 19/03/2024minha estante
Pelo visto o mesmo que aconteceu com o Tolkien aconteceu agora com o Gabo. Fico pensando se quando o King morrer vamos ter alguns livros inacabados dele publicados por algum dos filhos escritores, ou pela Tabitha.


Flávia Menezes 19/03/2024minha estante
Bem lembrado, Italo. Mas se não me engano foi o Gabo mesmo que disse essa frase das obras dele deixar de pertencer a ele depois de escritas. Essa é a vida dos autores? e penso como você: que muita coisa virá à tona depois da morte do King, isso virá. ??
Mas pelo lado bom? por mais que possa ser algo do qual ele não tenha tanto amor assim, mas ainda assim é uma obra dele e está sendo apreciada da mesma forma, porque o principal é entender o motivo da publicação sem julgar o autor, porque nem foi da vontade dele essa publicação. ?


italomalveira 19/03/2024minha estante
Exatamente. E no caso do King, podemos dizer que as obras não publicadas dele estarão em boas mãos. É só lembrarmos que O Cemitério não teria sido publicado se não fosse pela Tabitha.


Flávia Menezes 19/03/2024minha estante
Sério? ?O Cemitério? também? ? Porque se não fosse a Tabitha resgatar ?Carrie? do lixo, não teríamos conhecido essa mentezinha dele! ??
Sem contar que ele já falou exatamente sobre essa questão em Love - a história de Lisey?? Ele já está é preparadinho pra isso!!! ?




M. S. Rossetti 16/03/2024

? ? Simplesmente Gabo ??
A obra póstuma do ganhador do Nobel de Literatura de 1982 é o desfecho de uma trajetória de grande representatividade para nós, latino-americanos. Relevância também para a Literatura Mundial.
Um enredo envolvente e enigmático do início ao fim. Todo mês de agosto, uma nova aventura sensual mesclada com o compromisso anual de homenagem a um ente falecido.
A protagonista conclui, ao longo da narrativa, que possui mais semelhanças com a mãe morta do que imaginava...
Leitura imperdível de um livro que já nasceu clássico.
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Fernanda Coelho 23/04/2024

Que delícia que é ler Gabo, que leitura gostosa, leve.
Vontade de ficar presa nesse livro e não sair mais!

Eu amei!
Flávia Menezes 24/04/2024minha estante
Aaah que nota boa!!! E descreveu bem: nem dá vontade de sair desse livro mais! A pura magia do Gabo! ?




Lusia.Nicolino 14/03/2024

Que presente um livro póstumo de Gabo!
Eu celebro este livro. Contribuindo assim para que Gabo perdoe Rodrigo e Gonzalo, seus filhos, por o publicarem postumamente, quase dez anos depois de sua morte e sim, está pronto e presta e que bom que foi publicado. A simplicidade com que nos conta a história de Ana Magdalena, que todos os anos, em agosto, encara o mar para visitar o túmulo da mãe em uma ilha não esconde a complexidade da vida, das descobertas que os anos proporcionam e das intrincadas relações de amor e confiança. Onde está o homem da minha vida, pergunta Ana ao mago, para ouvir como resposta: nem tão perto quanto você gostaria, nem tão longe quanto você crê. E eu creio que receberia a mesma resposta se perguntasse: onde está o autor preferido da minha vida?

Quote: "Nunca teria imaginado um homem tão belo numa embalagem tão antiquada. Tinha a pele lívida, os olhos ardentes debaixo de sobrancelhas frondosas, o cabelo de um azeviche absoluto alisado com brilhantina e perfeitamente dividido ao meio. O smoking tropical de seda crua apertado em seus quadris estreitos completava sua aparência de almofadinha. Tudo nele era tão falso quanto suas maneiras, mas os olhos febris pareciam ávidos de compaixão."


site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lu_nicolino_le
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Rafittha 23/04/2024

Em agosto nos vemos
Uma leitura tão fluida e profunda. Minha primeira leitura do Gabriel García Márquez e somente no meio do livro que descobri que se tratava de uma obra póstuma do autor.

O livro conta a história de Ana Magdalena Bach. Uma mulher de família, com inicialmente 46 anos que, no dia 16 de todo ano, visita o túmulo de sua falecida mãe. Em determinada noite Ana decide dormir com um desconhecido e a partir de então vê sua vida mudar completamente. A cada ano ela irá escolher um amante diferente para se entregar e por pouco tempo esquecer o marido, os filhos e sua vida monótona.

De forma complexa o com um texto simples o autor nos leva a uma imersão na complexa busca da personagem por sentir-se viva. Apesar do amor pela família, principalmente pelo marido, dos anos juntos e das decepções vividas em suas aventuras extraconjugais, Ana sente a passagem do tempo e busca desesperadamente o sentimento ansioso de vivacidade que experimenta a cada mês de agosto.

Um livro curto e gostoso de ler. Para uma primeira experiência com autor foi muito agradável e espero ler mais obras do mesmo.
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Marcelo 21/03/2024

Resenha publicada no Booksgram @cellobooks ?
"Em Agosto nos Vemos" é o tão esperado romance póstumo de Gabriel García Márquez. Os filhos do escritor, embora se considerem traidores dos desejos do pai de manter o livro na gaveta, decidem publicá-lo. O próprio Gabo disse em vida que esse livro era ruim e por isso não queria que fosse publicado.

A história acompanha Ana Magdalena Bach, uma mulher de meia-idade que, ao visitar anualmente o túmulo de sua mãe, vive uma transformação inesperada ao se envolver com um homem em uma ilha remota. A partir desse encontro, Ana busca novas experiências a cada 16 de agosto, desafiando as convenções de sua vida tranquila.

Apesar das expectativas elevadas, o livro não alcança o mesmo impacto das obras anteriores de Gabo. Ana Magdalena, embora em busca de sua própria realização, carece de profundidade e não cativa o leitor como outros protagonistas marcantes do autor. A narrativa parece estacionar em promessas não cumpridas, com passagens líricas, mas sem o magnetismo característico de Márquez. A frustração de Ana e suas incursões em diferentes caminhos narrativos deixam um sentimento de insatisfação e falta de coesão na história.

Há criticas em relação ao livro mas sabe-se que Gabo não teve tempo de aprofundar essa obra como as demais. A escolha de adjetivos às vezes parece incoerente ou forçada, prejudicando a fluidez do texto. Embora o livro possua momentos de potencial interesse, como a mistura do grotesco e do sensual, ele não atinge o mesmo nível de excelência de obras anteriores do autor.

Apesar das críticas, "Em Agosto nos Vemos" oferece uma leitura agradável e proporciona uma visão da jornada de redescoberta de sua protagonista. A edição, em capa dura e com fac-símiles das anotações do autor, aproxima o leitor da mente criativa de Gabriel García Márquez. Embora não atenda às expectativas elevadas associadas ao nome do autor, o romance ainda oferece uma oportunidade de revisitar o talento narrativo de Gabo, mesmo que em uma escala mais modesta.
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MaywormIsa 12/04/2024

Que poesia
Eu não tinha nada a esperar do livro por ter simplesmente pego para ler sem pesquisar sobre ele antes. Eu era uma página em branco, e Gabo me preencheu.

Esse livro conta a história de Ana Magdalena, uma mulher distinta de quase 50 anos, que todo 16 de agosto vai até uma ilha em Cuba, para visitar o túmulo de sua falecida mãe. Durante as quase 24h em que Ana passa na ilha todos os anos, acompanhamos uma aventura confidencial e cheia de reflexões (pelo menos para nós mulheres) sobre a nossa vida sexual, nosso corpo e idade, as oportunidades que se mostram, nosso casamento e rotina e muito mais.

O livro é curto e deliciosamente bem escrito. Meu primeiro contato com Gabo não poderia ter sido melhor - ou poderia? - e por ser um livro curto, pode ser devorado em 1 dia, o que eu não recomendo. Vai degustando com calma, para que a pressa?

O final é simplesmente a vida na sua maior crueza. E que poético.
Flávia Menezes 13/04/2024minha estante
Que bela resenha, Isa!
E embora os fãs de Gabo podem até achar que os filhos não deviam publicar pelo pai não ter gostado, eu também me senti como você: preenchida pelo Gabo. Porque apesar dos conflitos, havia uma delicadeza poética nessa escrita.
Que gostoso ter lido sua resenha e ter lembrado de toda essa sensação que o livro me causou.


MaywormIsa 13/04/2024minha estante
Aaaa Flávia! Que bom saber que você relembrou esses sentimentos tão especiais!




Michel Pinto Costa 14/03/2024

Mulher madura
Acabei de ler o livro no pôr do sol e um tempo de calor. Faltou a chuva, para completar o ambiente da ilha visitada anualmente por Maria Magdalena.
É um livro curto, quase um conto, em uma história interessante, mas que, a meu ver, faltou um polimento por parte do autor.
Isso se justifica pela idade avançada de Gabo e sua dificuldade em ordenar os pensamentos.
Apesar dos pesares, vale a pena.
Flávia Menezes 17/03/2024minha estante
Agora que terminei a minha resenha, pude ler a sua! ?
Concordo viu? Parece ter faltado algo?mas não perdeu sua possibilidade de ser bonita.




Thais645 23/03/2024

Que 🤬 #$%!& !? disse.
? Os homens são todos iguais: uma merda.
Ele precisou engolir a raiva. Teria dado tudo para aniquilá- la com uma réplica mortal, mas a vida lhe ensinara que, quando uma mulher dá sua palavra final, todas as outras sobram.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 23/04/2024

Gabriel García Márquez - Em agosto nos vemos
Editora Record - 132 Páginas - Tradução: Eric Nepomuceno - Ilustração da capa: David de las Heras - Lançamento: 2024.

Em um dos eventos editoriais mais aguardados do ano, foi lançado simultaneamente em 41 idiomas e 70 países o romance póstumo de Gabriel García Márquez, "Em agosto nos vemos". Segundo o prefácio assinado pelos filhos do autor, Rodrigo e Gonzalo García Barcha, o livro havia sido descartado por Gabo mas, ainda assim, dez anos após a sua morte, os irmãos decidiram solicitar a Cristóbal Pera, editor espanhol, que revisasse os originais e prosseguisse com a publicação. A decisão dos descendentes do Prêmio Nobel de Literatura colombiano e criador do "realismo mágico" que, para o bem e para o mal, passou a significar um sinônimo de literatura latino-americana, reacende a polêmica sobre o direito dos herdeiros publicarem obras não autorizadas pelos autores em vida.

O romance pode ser considerado como o fechamento de uma trilogia sobre o amor na idade madura, iniciada com “Do amor e outros demônios” (1994) e “Memória de minhas putas tristes” (2004), tendo sido revisado pelo próprio Gabo que, apesar da sua decisão de não publicá-lo, indicou o seu “Grande Ok” após a quinta versão, como comprova o fac-símile, incluído nesta edição. Ana Magdalena Bach, é uma mãe de família, com 46 anos no início da narrativa, que viaja todo mês a uma ilha caribenha no dia 16 de agosto, para visitar o túmulo da mãe. Certa noite, ela decide dormir com um desconhecido que encontra no bar do hotel em que está hospedada. A partir de então, sua vida muda e a cada mês de agosto, ela escolhe um amante diferente, esquecendo do marido e dos dois filhos.

"Ela comeu depressa, tentando superar a humilhação de fazer uma refeição sozinha, mas sentiu-se bem com a música, que era suave e tranquilizante, e a menina sabia cantar. Quando terminou, só restavam três casais em mesas dispersas, e, bem na frente dela, um homem distinto que não tinha visto entrar. Usava linho branco, os cabelos metálicos. Tinha na mesa uma garrafa de brandy, uma taça pela metade e parecia estar sozinho no mundo. / O piano iniciou um Clair de lune, de Debussy, num aventureiro arranjo para bolero, e a menina cantou com amor. Comovida, Ana Magdalena Bach pediu um gim com gelo e soda, o único álcool que aguentava bem. O mundo mudou depois do primeiro gole. Ela se sentiu atrevida, alegre, capaz de tudo e embelezada pela mistura sagrada da música com o gim. Achou que o homem da mesa da frente não a tinha visto, mas o surpreendeu observando-a quando o fitou pela segunda vez. Ele enrubesceu. Ela sustentou o olhar enquanto ele verificava o relógio de bolso. Meio sem jeito, ele guardou o relógio, serviu-se de outra dose, de olho na porta e acanhado porque já sabia que ela o observava sem misericórdia. Então a encarou. Ela sorriu, e ele a saudou com uma leve inclinação de cabeça." (pp. 19-20)

A atitude libertária da protagonista, batizada com o sugestivo nome de Ana Magdalena, mesmo sofrendo algumas decepções nos anos subsequentes à sua primeira aventura amorosa (quando é confundida com uma prostituta), não é usual na obra de Gabriel García Márquez que normalmente apresenta uma visão mais patriarcal decorrente do universo latino-americano no qual foi criado. Apesar do amor que Ana ainda sente pelo marido, após muitos anos de um casamento supostamente feliz, ela sente que o tempo está passando e não consegue resistir ao desejo expresso pelo "bater de asas de borboletas" que sente em seu peito a cada vez que se aproxima um novo mês de agosto.

"Seu horário habitual a despertou às seis. Ficou um instante divagando com os olhos fechados, sem se atrever a admitir o latejar de dor nas têmporas, nem a fria náusea, nem o desassossego por algo desconhecido que sem dúvida esperava por ela na vida real. Pelo ruído do ventilador, percebeu que a alcova já era visível na alvorada azul da lagoa. De repente, como o raio da morte, foi fulminada pela consciência brutal de que havia fornicado e dormido pela primeira vez na vida com um homem que não era o seu. Assustada, voltou-se para olhá-lo por cima do ombro, mas ele não estava. Tampouco estava no banheiro. Acendeu as luzes e viu que a roupa dele não estava ali. Já a dela, que tinha sido jogada no chão, agora estava dobrada e posta quase com amor na cadeira. Só então se deu conta de que não sabia nada dele, nem mesmo o nome, e a única coisa que restava de sua noite louca era um triste cheiro de lavanda no ar purificado pela borrasca. Só quando apanhou o livro na mesinha de cabeceira para guardar na maleta foi que percebeu que ele havia deixado entre suas páginas de terror uma nota de vinte dólares." (pp. 28-29)

Obviamente a obra não pode ser avaliada com o mesmo rigor e critério de outros romances de Gabriel García Márquez, hoje considerados como clássicos da literatura universal, tais como "Cem anos de solidão" ou "O amor nos tempos de cólera" e nem poderia ser diferente, uma vez que, citando novamente o prefácio dos filhos de Gabo: "O processo foi uma batalha entre o perfeccionismo do artista e o declínio de suas faculdades mentais". Contudo, antes de ceder à tentação de criticar o livro, devemos considerá-lo pelo que ele realmente é, uma justa homenagem a um dos grandes escritores do nosso tempo, reconhecendo que os leitores certamente se emocionarão ao identificar alguns traços do seu brilhantismo que tanto nos encantou ao longo dos anos.

"A inquietude dele assustou a mulher e consolidou o que parecia ser uma nova atitude dos homens com relação a ela. Sempre fora assediada, mas era tão indiferente a eles que os esquecia sem pena. Em compensação, naquele ano, ao voltar da ilha, teve a impressão de que trazia na testa um estigma que os homens viam e que não podia passar despercebido para alguém que a amava tanto e a quem ela amava mais do que ninguém. [...] Com as primeiras ondas de calor de julho, começou dentro de seu peito um bater de asas de borboletas que não daria trégua até que voltasse para a ilha. Foi um mês longo, e alongado ainda mais pela incerteza. Sempre tinha sido uma viagem tão simples como um domingo de praia, mas a daquele ano foi presidida pelo pânico de se encontrar com o amante fugaz dos vinte dólares que já havia repudiado em seu coração. em vez da calça jeans e da maleta de praia dos anos passados, vestiu um conjunto de linho cru e sandálias douradas e fez a mala com roupa formal, sandálias de salto alto e um enfeite de falsas esmeraldas. Sentiu-se outra: nova e capaz." (pp. 43-46)

Sobre o autor: Gabriel García Márquez nasceu em 6 de março de 1927, em Arataca, um pequeno povoado na costa atlântica colombiana. Honrado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1982, publicou seu primeiro conto, "A terceira renúncia", aos vinte anos e, no ano seguinte, deu os primeiros passos no jornalismo. Durante mais de meio século exerceu esses dois ofícios, enfeitiçado pelo "encanto amargo da máquina de escrever". Seu talento na arte da narrativa fez com que ele fosse considerado um escritor fascinante por milhares de leitores. Considerado o maior expoente do realismo mágico, sempre afirmou que: "Não há nos meus romances uma única linha que não seja baseada na realidade." Ele foi, definitivamente, o criador de um dos universos mais ricos de significados em língua espanhola no século XX. Morreu na cidade do México em 17 de abril de 2014.
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cinnamongir1 25/03/2024

Ana Magdalena Bach, sozinha e livre em sua ilha.
Ele nos disse isto com a clareza e a eloquência de um grande escritor: ?A memória é, ao mesmo tempo, minha matéria-prima e minha ferramenta. Sem ela, não existe nada.?

sofro de um ceticismo irrefreável com relação a pontos de vista femininos escritos por homens, especialmente ao tratar assuntos do íntimo. não é uma crítica e, menos ainda, uma verdade absoluta. a influência do luto em Magdalena, apesar de não ser necessariamente um ponto central, foi a parte mais tocante pra mim - e é impossível ignorar o contexto em que foi escrito, o pesar refletido na história? Emocionou!
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Krishna.Nunes 09/03/2024

"Este livro não presta. Tem que ser destruído."
Foi assim que descreveu este livro o próprio Gabo.

'Em agosto nos vemos' foi o fruto de um último esforço de escrever a despeito de todos os empecilhos. Nos últimos anos de vida, o artista enfrentava o declínio de suas faculdades mentais. Senil e com perda de memória, o autor já não possuía a capacidade de ter em mente o texto como um todo. Em suas próprias palavras, "A memória é, ao mesmo tempo, minha matéria-prima e minha ferramenta. Sem ela não existe nada."

O resultado foi um romance amputado, que a despeito das tentativas de edição terminou com contradições, erros de continuidade e repetições. Inacabado, mais parece um rascunho.

Os herdeiros tomaram a decisão de publicá-lo postumamente, argumentando que "o texto continha muitíssimos méritos desfrutáveis". Não é verdade. O livro tem pouquíssimos méritos e a vontade do autor devia ter sido respeitada. Este é um livro que não deveria ter sido publicado.
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Hector 08/03/2024

Gabo longe de Macondo
Não há para onde correr: “Em agosto nos vemos” é um livro não representativo dos méritos literários de García Márquez.

A história não é resultado de uma grande ideia. Ideias pouco inspiradas são recorrentemente salvas na literatura quando executadas a partir da virtude de técnicas competentes ou mesmo de propostas que, em si, são mais relevantes que o próprio enredo. Isso não acontece, nesse caso. Encontramos um Gabo longe de Macondo, sem a força de suas imagens, sem a dinâmica de suas obras mais curtas, incapaz de fazer o leitor sentir calor junto com seu personagem, como em “O amor nos tempos do cólera”, para citar um exemplo.
Pensado inicialmente como um conjunto de contos independentes entre si, mas a partir de um mesmo mote, “Em agosto nos vemos” jamais seria um romance e não funciona muito bem como novela; acaba soando como um conto mais longo, bastante linear e pouco inventivo, sem qualquer malabarismo cronológico ou efeito de estilo. A personagem Ana Magdalena, não obstante o conflito apresentado a partir dela, não é construída literariamente de modo suficiente para se tornar complexa. Recaem sobre ela, além disso, algumas construções no mínimo discutíveis, as quais, a meu ver, parecem denunciar um certo patetismo de escritores homens quando arriscam imagens literárias que buscam evocar uma certa “crueza” nas mulheres, normalmente relacionadas a cenas de sexo ou a comentários soltos – mas sexualizados. “Ia morrer de dor, com uma comoção atroz de bezerra esquartejada” não é uma frase dentro de uma proposta ousada, vanguardista, que enverga as representações dentro de um ponto de vista crítico. Ao contrário, talvez funcione muito mais como reprodução de uma visão cristalizada há muito. Isso parece ser um tanto recorrente no Gabo em seu final de carreira, como atestam os vários trechos bastante problemáticos de “Memórias de minhas putas tristes”, último romance do autor a ser publicado em vida.

É bom que se diga que quem escreve essa resenha é um leitor voraz de García Márquez. Li tudo o que foi publicado dele no Brasil, exceto sua obra jornalística. Isso não atesta, como é óbvio, qualquer qualidade minha como leitor, mas me permite uma credencial para dizer o seguinte: sinto saudades de conhecer García Márquez. Sem dúvida é um dos autores dos quais gostaria de esquecer completamente, só para poder descobri-lo de novo. Foi com essa saudade que abri “Em agosto nos vemos”. Já esperava um livro menor, pouco representativo de sua obra, não me frustrei na leitura. Ler pensando que Gabo insistia na escrita, buscava em seus últimos anos continuar o que o alimentou durante décadas, me fez ficar no livro até o final das pouco mais de cem páginas. Imaginar a incompletude dessa obra como resultado da luta do autor contra sua perda de memória e seus traços de demência me obrigou a ver o pequeno livro quase como fonte histórica, não como literatura.

Abre-se, também com “Em agosto nos vemos”, novamente um debate repisado: os limites éticos para a edição e publicação de obras que os autores não quiseram publicar. No brevíssimo prefácio dos filhos de Rodrigo e Gonzalo, filhos de Gabo, há a seguinte defesa dos dois para desonrar a vontade do autor, que era a de não publicar o livro: “Se os leitores celebrarem o livro, é possível que Gabo nos perdoe. É nisso que confiamos”. Os quase envergonhados réus confessos parecem desejar que a envergadura literária de Gabo escore uma obra menor. Entretanto, é justamente a imensidão do que significa García Márquez para a literatura que produz o efeito inverso e não deixa que celebremos com vistas grossas um livro aquém do colombiano.

Portanto, a fragilidade desse livrinho não me distancia de Gabo, antes me aproxima. “Este livro não presta”, teria dito o autor em relação a sua própria criação. Confio e concordo com o julgamento dele.

Hasta siempre, Gabo!
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Luana 26/04/2024

Leitura rápida
O livro tem uma escrita bem simples, tive que pesquisar poucas no Google.
Minha referencia com o autor é somente 100 anos de solidão
O livror é de leitura rápida, é bem envolvente, a gente fica na expectativa que ela vai sempre encontrar um amante interessante e ao mesmo tempo que ela fica indignada com a traição do marido , ela também está na posição de traidora .
Poderia ter escrito mais , acaba tão repetinamente ?
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