Livros da Julie 24/05/2024Será que o final compensa a espera?-----
"as chamas (...) continuam queimando, frágeis mas persistentes, (...) quando não há mais nada para ser queimado. O fogo continua, crepitando, chiando e aquecendo. Talvez não foram as pessoas que inventaram a esperança e a perseverança, mas o fogo que as descobriu antes dos mortais."
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"A morte não pode virar uma mera estatística."
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"Sempre achamos que temos tempo. Nunca temos. Cada dia em que estamos vivos é um empréstimo do imprevisto."
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"não dá para saber do que as pessoas são capazes."
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"Como as pessoas sabem que é a ultima vez? A última vez que farão amor? A última vez que estão deixando sua casa, que falam com um ente querido pelo telefone?"
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"Mesmo as mulheres mais trabalhadoras levavam a fama de terem chegado lá na base de favores (...) Com quem ela dormiu para conseguir aquele emprego, ou papel, ou publicação, ou seja lá o que for? Sempre havia alguém para fazer essa pergunta. Fazia parte do estigma de ser mulher, que provavelmente continuará por muitas gerações."
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"As pessoas mentiam, traíam e em geral não dava para confiar nelas."
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"As pessoas são mais fortes do que imaginam. Acham que não vão aguentar se isso ou aquilo acontecer, mas aguentam, sim. A natureza dá um jeito de fazer com que sigam em frente mesmo indo contra seus próprios pensamentos e vontade, porque sobreviver a qualquer custo está no nosso DNA."
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"Chega a ser assustador o quão rápido nos acostumamos com hábitos ruins."
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"Quem somos nós de verdade? Como o que fizemos muda quem somos e como viveremos de agora em diante?"
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"Nada dura para sempre."
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A cirurgiã foi a leitura coletiva de março da Faro Editorial promovida pelo @clubeliterarioferavellar.
Era para ser mais um dia normal na organizada rotina da Dra. Anne Wiley, porém uma cirurgia mal-sucedida virou seu mundo de cabeça para baixo, podendo fazê-la ser acusada de erro ou negligência. Logo ela, que levava uma vida perfeita: um histórico profissional impecável, um bom marido e uma bela casa. E tudo porque o paciente era uma antiga figura de seu passado, que ela teria preferido mesmo ver morta.
Para piorar, a investigação sobre o caso acaba parando nas mãos da jovem e aguerrida promotora Paula Fuselier, que, coincidência ou não, é amante do marido de Anne. Ele poderá ser bastante afetado pelo escândalo que pode advir tanto da conduta de Anne como do adultério, já que é candidato a prefeito.
A narrativa alterna o relato em primeira pessoa de Anne e em terceira pessoa de Paula. A história desperta interesse no início, porém se desenvolve de forma bastante lenta, remoendo a premissa e demorando a introduzir elementos que prendam a atenção. Enquanto aguardamos o desenrolar do enredo, nos ambientamos com conceitos médicos, termos técnicos e a rotina hospitalar.
A difícil correlação entre os sentimentos das personagens e o contexto atual se traduzem em atitudes e comportamentos controversos e situações pouco verossímeis, tornando difícil para o leitor compreender ou simpatizar com ambas as mulheres. Anne segue uma linha de pensamento tão inconstante que seu sofrimento acaba parecendo desnecessariamente exagerado. Paula, por sua vez, uma profissional que age como amadora, utiliza argumentos absurdos e antiquados para justificar suas ações, que beiram as raias da loucura ao estilo de "Atração Fatal".
A autora usa motes que nos testam a todo momento: raiva gratuita, inveja descabida, arrependimentos eternos, estigmas femininos, ingenuidade inaceitável, invasão de privacidade, falta de comunicação e desvalorização da criança, sem falar na temática do abuso infantil e suas trágicas consequências como pano de fundo.
A trama só avança no final do livro, após a revelação completa de um triste acontecimento no passado de Anne, depois de vários flashbacks parciais. Nesse momento, a autora apresenta uma reviravolta que já permite adivinhar a solução de parte do mistério. A verdadeira surpresa se encontra nas últimas páginas, que também concentram toda a ação.
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