arilopes 24/04/2024
Três chances para o amor
O Clube do Livro dos Homens tornou-se um refúgio pessoal de felicidade que descobri por conta própria. Nos últimos anos, acompanhei as trajetórias de autodescoberta e desconstrução de homens que estavam buscando serem parceiros melhores para suas namoradas ou esposas. Nessa caminhada, encontrei homens que se tornaram verdadeiros amigos uns dos outros. No entanto, é doloroso perceber que foi necessário me refugiar nos livros para sentir que faço parte de uma comunidade de amigos homens. Recentemente, recebi alguns elogios de pessoas que estavam ? espero que me permitam utilizar esse termo ? fascinadas com a minha escrita. E ontem antes de dormir tive um estopim, eu escrevo, respondendo verdadeiramente as perguntas dessas pessoas, porque me sinto em grande parte sufocado e, às vezes, solitário por perceber que algumas interações sociais básicas me foram negadas. Escrever me devolve a mim e me dá dimensão da dor.
Todos nós somos diferentes. Nossas diferenças nos tornam indivíduos ímpares, mas, às vezes, gostaria de ter as brincadeiras e dinâmica interna dos rapazes, para me fazer sentir menos deslocado. Sentir que não sou inadequado. Gavin, Mack, Noah, Vlad e Colton foram uma pequena rede de apoio nesse ciclo para mim. Sem sombra de dúvidas, eu daria qualquer coisa para compartilhar dessa amizade profunda, do companheirismo, dos conselhos e, sobretudo, dos abraços calorosos ? ainda me emociono com a cena dos rapazes abraçando o Mack no segundo livro. Provavelmente, Adams nem imaginava o impacto ao criar esse universo e seus personagens, nem o quanto eles me proporcionaram um sentimento de pertencimento, alegria, risos e lágrimas. Que a escrita de Adams te envolva, te comova e ofereça um ambiente seguro para refletir sobre suas atitudes. Que através da escrita de Adams você entenda que existe um grupo de rapazes que estão dispostos a se tornarem, não importa as circunstâncias, sua família. Eu amo o Clube do Livro dos Homens, eu amo esses rapazes.
Como descrever o romance de Colton Wheeler? Caótico? Viciante? Bem-humorado? Doloroso? Todas as afirmativas anteriores! O romance de Colton e Gretchen permeia todos esses adjetivos. É um clichê do tipo Grumpy/Sunshine, onde ele irradia simpatia e bom humor, enquanto ela se mostra mais reservada e rabugenta. Essa dualidade cria uma história envolvente e divertida, onde ambos os personagens possuem suas diferenças, porém se complementam justamente devido a essa condição. Não é possível fugir ou evitar, é certo que são feitos um para o outro. A conexão é tão profunda que Colton frequentemente termina as frases de Gretchen antes que saiam de seus lábios, e ela, por sua vez, recita as dele na tentativa de inverter os papéis, o que demonstra quão perfeitamente estão sincronizados.
Para mais, devo destacar que a metalinguagem que Adams insere nos livros em que os rapazes leem ao longo da série é maravilhosa e reflete muito do contexto que os personagens estão inseridos no momento da narrativa lida. Em Três chances para o amor, temos os traumas e conflitos com a família de Gretchen e o quanto a negligência familiar afetou seus relacionamentos, a construção de sua personalidade e o convívio em família em datas comemorativas. E assim sendo, acredito que seja por isso que Adams escolheu não desenvolver completamente a história secundária de Uma noite fria de inverno. É óbvio que a Chelsea é a Gretchen em outro universo.
Enquanto Adams nos apresenta à família caótica e tóxica de Gretchen, ela nos mostra que família não é apenas aquela em que nascemos. Família inclui também os amigos que escolhemos, aqueles que trazem valor à nossa vida, nos apoiam e nos fortalecem diante das adversidades da vida. Os Winthrop são uma representação de que uma educação de berço de ouro não é garantia de um ambiente amoroso, feliz ou afetuoso ? às vezes, ocorre justamente o oposto. Neste ponto, gostaria de clarificar que Adams tem a tendência frustrante de omitir detalhes complementares para a história, realmente queria que os eventos envolvendo Evan fossem revelados em detalhes, especialmente o conteúdo daquele papel.
Para contrariar a ideia que os romances são narrativas vazias ou simples, Adams trabalha uma realidade dura através da Gretchen, a imigração e deportação de estrangeiros nos Estados Unidos. Lamentavelmente, em muitos casos, filhos e pais são separados e deportados para seus países de origem, o que torna necessários debates sobre leis que assegurem um processo mais humano na deportação e a inclusão dos imigrantes legais na sociedade americana. Óbvio que é um debate que cabe aos legisladores americanos e ao Congresso dos Estados Unidos, porém como uma grande potência econômica e demográfica essas decisões têm certa influência sobre o globo, haja vista que as decisões impactam a vida de imigrantes em seu solo e nos que poderão vir adentrar. Dito isso, faço uma indicação de um romance intitulado O Sol Também é uma Estrela, que narra, em um único dia, a deportação da família de Natasha para a Jamaica, como o universo conecta as pessoas de forma inesperada e a importância das interações humanas e dos encontros.
Felizmente ou infelizmente, eu tinha a intenção de ler este livro em dezembro, durante o clima natalino que é instaurado nos ambientes e nas pessoas. Durante a época em que a magia é palpável e visível, um momento que pensei que seria ideal ler esta história. Contudo, poder sentir a mágica mais de uma vez no ano foi fantástico. Não posso afirmar se é um adeus definitivo à Nashville ou para o Clube do Livro dos Homens, mas obrigado rapazes por me proporcionarem um Natal fora de época. Vocês, rapazes, foram um grande presente em minha vida. Um presente embaixo da árvore que eu adoraria abrir na manhã de Natal!
Ao longo dos anos, o Clube do Livro dos Homens me ensinou que meus sentimentos são válidos, que todos nós enfrentamos inseguranças, que cada corpo é belo à sua maneira, que expressar emoções é essencial e normal e as lágrimas não são uma expressão exclusiva do gênero feminino. Além disso, confirmaram que os livros possuem o poder de transformar nossas ideias, concepções e filosofias preconcebidas. Por incrível que pareça, não sinto que estou dizendo adeus a nada disso, pelo contrário, sinto-me um membro honorário do Clube agora ? finalmente, encontrei um Clube ao qual quero pertencer de boa-fé. E comprometo-me a seguir o legado de vocês: ler e aprender com os livros.
Por meio dessa série, acredito que tornei-me um homem, amigo e, no futuro, um parceiro melhor.
"Os livros ensinaram todos eles a serem homens melhores, parceiros melhores e amigos melhores uns para os outros."
"A felicidade é a expectativa que pesa sobre você."
"Todos estamos presos às correntes que forjamos ao longo da vida, princesa. Você precisa descobrir do que é feita a sua antes que seja tarde demais."