spoiler visualizarjeslendo 06/02/2024
Vou tentar organizar todas as minhas ideias e críticas, que são muitas, sobre esse livro, tentando deixar os anteriores de fora, mas antes disso, vou começar essa resenha falando sobre o final do livro anterior e como aquilo me deixou irritada. Eu não sou o tipo de pessoa que curte muito uma "reviravolta" quando o assunto são as memórias da personagem. Eu odeio mais do que tudo o assunto sobre perda de memória, acho que isso é a coisa mais preguiçosa que um autor pode fazer, ainda mais depois de tanta história boa e ver que a autora consegue, sim, sair de várias enrascadas que se coloca na narrativa. É uma boa autora, que sabe inventar e saber inventar é uma ótima qualidade, super essencial para se escrever fantasia, mesmo que deixe o leitor terrivelmente perdido por um momento ou dois. Enfim, depois de tudo isso, o mínimo que eu estava esperando do desfecho do livro anterior era algo a altura, muito bem bolado, mas não foi isso o que aconteceu. Foi super anticlimático ver a personagem principal se deixar levar por uma narrativa tão porca como a perda de memória. A sensação que eu tive é que a autora se perdeu e, simplesmente, esgotou todas as suas cartas na manga. A criatividade dela acabou e ela usou o mais temido: a perda de memória.
Isso me deixou terrivelmente irritada, mas tinha sido um livro muito bom ao todo, com um pouco de desenvolvimento dos personagens, mesmo não sendo tudo o que eu queria, mas, bom, eu me deixei levar por tudo o que tinha lido até então e, mesmo sabendo o que e como seria o terrível e temido último livro em base no final do anterior, dei uma nota alta e me convenci de que tinha curtido muito a história. E eu curti, apenas não me deixei aproveitar muito e me arrependo um pouco disso, pois a diversão tinha acabado ali.
O terceiro livro começou da forma mais óbvia: a personagem principal terrivelmente perdida e acreditando em tudo o que um homem estava falando para ela, não se questionando em nenhum momento se tudo aquilo era mesmo verdade, pois ela era uma princesa, casada com um belo príncipe e que morava em um castelo, enfim, tudo o que ela sempre quis tinha se realizado. E, em menos de um dia, ela aceita tudo isso, se convence de que tudo está certo, mesmo que sua intuição e o próprio coração estivessem berrando de que tudo aquilo estava errado. Toda a narrativa é muito óbvia. O que diferencia muito esse livro dos outros, é o ponto de vista de outros personagens. É claro que um deles foi uma tortura para ler, mas o outro foi bom, para entender os pensamentos dele e o que ele sentia em relação a tudo aquilo, mesmo que não tenha sido tudo o que imaginei, sentindo que faltou muita coisa aí, um conhecimento mais profundo do personagem que eu queria tanto ver.
A perda de memória da personagem foi a coisa que mais me irritou durante o livro. Eu me sentia ainda mais perdida do que ela em certos momentos. E isso durou até mais do que setenta por cento do livro e foi terrivelmente insuportável. Eu queria ler sobre outra coisa e não uma personagem que era tão boa anteriormente ser resumida a uma princesa que poderia se quebrar a qualquer momento e que não tinha uma opinião formada sobre nada, nem ela mesma. Foi terrível ler todas essas cenas.
Mas, eu sinceramente, acho que o pior estava por vir. A incoerência de certos personagens é o que mais me abalou. Eu sou uma pessoa muito chata com detalhes e me apego muito sobre as intenções dos personagens, sem contar que amo um desenvolvimento bem feito. Então, imagine a minha surpresa, quando uma narrativa, de um certo personagem, muda totalmente o foco para ele mesmo. Vou ser bem direta. Como, durante todo o livro, o Apollo foi completamente insuportável sobre querer a Evangeline sobre qualquer coisa, a querendo profundamente, sentindo a maior necessidade de a proteger, de a esconder no alto de uma torre para que ninguém nunca conseguisse tirá-la de perto dele, simplesmente a sacrifica para se tornar imortal? Eu entenderia se tivesse tido um desenvolvimento em que ele percebe que ele é mais importante do que qualquer coisa que sinta pela esposa e que existe um motivo para se tornar imortal, eu entenderia. Mas não consigo entender nada quando, o motivo para ele se tornar imortal, inicialmente, era apenas para conseguir protegê-la. O que ele faria sendo imortal, então, se não teria mais ela? Eu entendo que, no fim, ele só amava ele mesmo, e ele acima de tudo, tanto que teve o fim que teve, mas eu não vi um desenvolvimento sobre isso, ficou ridiculamente atirado de qualquer forma.
E falando sobre coisas que foram atiradas de qualquer forma... eu odiei aquele final. Tudo bem, incrível, tudo termina bem, mas e o tanto de pergunta que ficou sem resposta? Eu senti que terminou tudo do nada, levando todas as cenas que perdemos dos personagens que ficaram e que nos roubaram durante todo o livro. Nem um bom epílogo foi nos dado, tudo atirado de qualquer forma, como se a autora só quisesse mesmo terminar o livro o mais rápido possível.
É claro que teve coisas boas na leitura, mesmo que eu não me lembre. Deve ter tido, não é? Eu espero que sim, ou tudo isso foi uma perda de tempo terrível.