Izabella.BaldoAno 29/02/2024
"todo adulto deveria lembrar que é alguém em dívida com a criança que foi".
uma criança inadaptada, um irmão mais velho, uma irmã do meio, seus pais e avó e as pedras do jardim. sim, as pedras do jardim: entre as personagens presentes, são elas que nos contam a história.
ser inadaptado, segundo a perspectiva das pedras, é ter características que te isolam, de alguma forma, da inserção social. no caso desta criança, ser inadaptado é ter nascido com necessidades especiais. sua inadaptação é contada pelas pedras com uma atenção delicada para a perspectiva de seus irmãos; acompanhamos aqui essas três crianças em momentos de amor, de ódio, de frustração, de desentendimento de si e do outro, de egoísmo e todo o mais que se esconde nas entrelinhas.
eu amo narrativas que transferem para a história o olhar das crianças. e amo quando isso é feito com cuidado e profundidade como foi feito nesse livro. quanta delicadeza, quanta beleza, quanta dor. as pedras como um narrador coletivo, neutro mas nem tanto, trazem pra nós a visão do ambiente sobre as pessoas, e elas enquanto parte do ambiente terem escolhido olhar para o olhar das crianças foi de uma riqueza sem tamanho.
ler Se Adaptar foi uma experiência surpreendentemente linda pra mim. confesso que o estilo de escrita desse livro não é do tipo que me arrebata e eu não esperava muito dele, por isso deixava pra lê-lo enquanto estava no transporte, por exemplo, ou em outros momentos de não tanto destaque na minha rotina. e esse livro deu uma luz diferente pra esses momentos. não foi uma experiência avassaladora, mas teve um brilho especial.