Mariana Dal Chico 01/12/2023“O livro branco” de Han Kang, publicado no Brasil pela @todavia com tradução de Natália T. M. Okabayashi é uma obra de difícil definição, daquelas que não cabe em apenas uma caixinha: autobiografia, ensaios, poesia, contos, autoficção, fotografias…
Quando a autora foi passar uma temporada em uma cidade europeia, em pleno inverno, com muita neve, ela começou a colocar no papel seus sentimentos em relação à irmã que viveu apenas algumas horas e que ela nem chegou a conhecer.
O tema central é o luto, que em algumas culturas é representada pela cor branca. Que é uma cor frequentemente associada a inícios e possibilidades.
“(…) Existem certas memórias que não são danificadas pelo tempo. O mesmo vale para a dor. Não é verdade que o tempo e a dor tingem e destroem todas as coisas.” p. 85
“Pois você com certeza irá me abandonar um dia.
Quando eu estiver no meu estado mais fraco e precisar de ajuda,
vai virar as costas para mim, de forma irremediável e fria.
Eu sei disso com muita certeza.
Não posso voltar para o tempo em que não sabia.” p.111
Sempre fico fascinada com autores que conseguem usar o silêncio como ferramenta potente de amplificação de alguma ideia. Quem faz isso muito bem é o João Anzanello Carrascoza e com essa leitura, descobri que Han Kang também é mestre em dizer muito em seus silêncios e ausências.
Uma narrativa que foge de todos os padrões, com uma escrita formidável, é comovente, delicado e precioso. Por vezes triste, com reflexões que fazem o leitor repensar os significados de vida e morte, como o passado nos molda no presente e pode refletir no futuro.
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