Carlabknho 01/05/2024
Salamandra da favela
A narrativa começa num velório. Esse evento social fatídico traz outras interações indiretas como reencontro de pessoas distantes, despertar de memórias e lembranças, papos, confissões, revelações? e essa descrição se dá sob o olhar de Sá Narinha. Uma mulher pobre, preta, empregada doméstica, moradora de um bairro periférico acertadamente chamado de FIM DO MUNDO.
Ela domina a arte de observar e reporta de forma sútil e bela as interações daquele lugar, as histórias de cada morador, as vivências, as mazelas daquele lugar.
Talentosa com as palavras, respeitada em sua comunidade por sua sabedoria de vida ela tem sua vida marcada por uma tragédia. Um crime que ela não cometeu, mas trouxe desdobramentos imensuráveis a sua vida e de todos a sua volta. Ela passa a viver com a culpa, com a dor, com a amargura?
Quando enfim encontra redenção, volta a se sentir respeitada e integrada a sua comunidade, passa então a ressignificar suas dores, a se perdoar, a se curar, a regenera-se como uma SALAMANDRA. Reencontrando prazer e propósito pra REVIVER!
Me tocou a forma como os terreiros foram descritos no livro, apesar de todo preconceito que enfrentam são locais de acolhimento, de ajuda e fortalecimento dos menos favorecidos, dos necessitados, das minorias, espaço de resistência assim como as personagens femininas.
Fica nítido a força, a resiliência das mulheres, sobretudo as pretas, periféricas que são a base da sobrevivência tanto no passado como hoje naquelas famílias, na sociedade, no mundo. O FUTURO ME PARECE FEMININO!