Leila.Dom 14/03/2024
Poderia ser incrível... mas não é.
A obra "É a Ales" apresenta uma narrativa complexa que demanda do leitor paciência, atenção e persistência. Através da técnica literária de fluxo de consciência, a história adentra os pensamentos, memórias e experiências dos personagens, atravessando várias gerações passadas e confundindo os limites temporais e espaciais da trama.
As expectativas iniciais de uma possível grande obra são mantidas até aproximadamente a metade da história, porém, posteriormente, torna-se evidente que o enredo se resume a uma atmosfera de tristeza, angústia e, possivelmente, depressão.
Concluo neste sentido, baseado na escassez de momentos de afeto entre os personagens e ainda na redução da vida da protagonista, Signe, a um estado de mera existência, imersa em uma angústia incessante e uma constante prostração. A narrativa é praticamente dominada pelas lembranças de Signe e pelos fantasmas dos antepassados de Asle, os quais se constituem, em sua esmagadora maioria, de situações envolvendo perdas, tristezas e uma profunda apatia.
Como observado em diversas resenhas, a escrita é frequentemente comparada com a de Saramago, devido as semelhanças técnicas, mas "É a Ales", a meu ver, oferece ao leitor uma experiência absolutamente distinta. Enquanto Saramago apresenta um ritmo envolvente, este livro tende a ser truncado e cansativo, com repetições que, embora sirvam como guia para a leitura, muitas vezes se mostram desnecessárias e acabam prolongando a experiência, sendo quase forçosa. Assim, apesar de sua brevidade (considerando ser um livro curto), a leitura é desconfortável ao leitor iniciante.
É possível que a compreensão plena da obra exija um arcabouço literário mais vasto do que o que possuo atualmente e até o momento, essas são minhas pequenas impressões.