Sue 09/11/2023
Não seria possível, ou seria?
Divido os livros em duas categorias, os que me entretém e os que me alimentam. E eu preciso e precisei das duas em diferentes porções ao longo da vida. Esse está na categoria dos que entretém. E a autora é ótima fazendo isso. São quase 1000 páginas em inglês que passaram voando. O pano de fundo são igrejas que exercem poderosa lavagem cerebral. O assunto interessante, é tratado com responsabilidade, mas superficialidade pela autora. Durante a leitura eu duvidei se aquilo que autora criou era suficiente para agregar seguidores em tão pouco tempo, mas vai saber se com o ritmo intenso de trabalho braçal de baixa complexidade, a constante repetição de mantras, o isolamento sem acesso a comunicação, os frageis laços afetivos, as punições, a alimentação pobre e os truques de magica não iam, tudo junto, acabar por me agregar nas fileiras dos fiéis também. A Idade Média com toda sua escuridão religiosa tinha vários desses elementos. Mas isso é um livro, não um artigo cientifico também. Calma lá. Há inegavelmente muito valor na arte que se comunica com multidões. Obviamente vai passar por lugares comuns, vai seguir fórmulas conhecidas e vai ter o caricato tão irritante "bem e mal", mas comunicar claramente contando histórias, passando mensagens e tocando pessoas (e tantas pessoas), tem um valor artístico precioso que as vezes apreciadores de livros, musicas, filmes ditos "dificeis" não conseguem ver. Mas arte que não se comunica com ninguém, que não interessa a ninguém, que ninguém entende pode só ser arte arrogante e umbilical. Os livros que entretém, de grande alcance talvez não te ensinem profundamente nada, mas te mantém sadio. E viva a J. K. Rowling e o seu absurdo talento em entreter.