cinnamongirl612 03/02/2024
Leitura interessante, engraçada, mas um pouco cansativa
Shaun Bythell é o proprietário da The Bookshop, em Wigtown, a maior livraria de segunda mão da Escócia e ao longo do livro escreve em formato de diário sobre o dia-a-dia em sua livraria pelo período de um ano.
Os acontecimentos são relatados de maneira contínua e com uma escrita sarcástica, proporcionou boas risadas, mas a leitura também cansou um pouco, talvez pelo formato mais descritivo da narração e por ter poucos diálogos.
O ambiente da livraria descrito é fácil de imaginar e proporciona um certo aconchego enquanto se lê, não tem como não se transportar para os diversos corredores repletos de livros, a cadeira em frente a lareira e o jardim com lago da The BookShop. Sem falar que é legal ver as diversas obras citadas ao longo da narração (acrescentei algumas a minha lista de leitura)
A obra também mostra que não basta amar livros para trabalhar com livros, pois lidar com atendimento ao público não é fácil (tem muito cliente chato, nossa senhora! Hahaha) e nos permite ver e refletir sobre o impacto que a Amazon, infelizmente, teve na existência das pequenas livrarias de bairro.
Deixo aqui dois trechos que gostei bastante e peço desculpas ao Shaun por ter lido sua obra em um Kindle, algo que ele odeia tanto ?
"A experiência de recolher bens de uma pessoa falecida é familiar para a maioria das pessoas no comércio de livros usados, e a experiência vai deixando você insensível aos poucos, exceto em situações como essa, em que o casal não tem filhos. Por alguma razão, as fotos na parede ? o marido em seu elegante uniforme da RAF, a esposa quando jovem passeando em Paris ? despertaram uma espécie de melancolia que não existe quando os casais deixam filhos. Desmantelar aquela coleção de livros pareceu ser o ato final de destruição de suas memórias ? você é responsável por eliminar a última evidência de quem eles foram. A coleção de livros dessa mulher foi um registro de sua história: seus interesses, uma marca muito semelhante ao que seria uma herança genética."
"Embora a Amazon pareça beneficiar os consumidores, as condições punitivas que ela impõe aos vendedores prejudicam muitas pessoas ? os autores viram sua renda despencar nos últimos dez anos, os editores também, o que significa que eles não podem mais arriscar com autores desconhecidos, e agora não há intermediários. A Amazon parece estar focada em equiparar ? se não reduzir ? os preços dos concorrentes, a ponto de parecer impossível que ela ganhe dinheiro com algumas vendas. Isso pressiona não apenas as livrarias independentes, mas também as editoras, os autores e, em última análise, a criatividade. A triste verdade é que, a menos que autores e editores se unam e fiquem firmes contra a Amazon, o setor enfrentará a devastação."