Manifesto antimaternalista

Manifesto antimaternalista Vera Iaconelli




Resenhas - Manifesto antimaternalista


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Marcelo 05/10/2023

Resenha publicada no Booksgram @cellobooks ?
Em seu novo livro, a psicanalista Vera Iaconelli aborda de forma crítica a origem do discurso maternalista e desconstrói crenças que subjugam as mulheres aos cuidados infantis e a uma sociedade patriarcal. O texto explora como a sociedade patriarcal, predominantemente branca, passou a enfatizar o "instinto materno" como uma resposta ideológica para problemas socioeconômicos, desonerando os homens do cuidado infantil e confinando as mulheres à maternidade e ao trabalho doméstico não remunerado. Esse discurso é chamado de "maternalismo".

Vera questiona o maternalismo, examinando como ele perpetua estereótipos de gênero, raça e classe, contribuindo para a desigualdade. Ela destaca a importância de considerar questões de gênero, classe, raça e decolonialidade ao analisar o maternalismo e a psicanálise. A autora também aborda a busca de homens, mulheres transgênero e não binários por um lugar de reconhecimento na parentalidade, bem como as famílias formadas por casais lésbicos e gays.

Destaca ainda a necessidade de diálogo entre a psicanálise e outras teorias, como o feminismo e as relações raciais, para entender o cuidado e a reprodução da vida de maneira mais abrangente. Vera critica as teorias que isolam as mães na responsabilidade pelo desenvolvimento das crianças e destaca a importância de responsabilizar a sociedade como um todo.

Por fim, ela enfatiza a dimensão política do trabalho reprodutivo e argumenta que cuidar das novas gerações é fundamental para a manutenção da sociedade. Vera Iaconelli apresenta seu "Manifesto Antimaternalista" como uma contribuição radical para a crítica da ideologia que considera as mulheres insubstituíveis no cuidado com as crianças e ressalta a importância da psicanálise como uma ferramenta para compreender e questionar essas questões.
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Fer Targa 01/01/2024

Vai reverberar por muito tempo
Ela é precisa. Livro muito importante para colocar muitos pingos nos is. É um livro essencial para todo psicanalista e ao mesmo tempo terapêutico para toda mãe e filho.

Vera tem a ousadia de, com muito respeito, questionar a perspectiva maternalista da psicanálise e apontar outros caminhos possíveis.
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NathaliaEira 06/01/2024

Na primeira parte do livro, a psicanalista Vera traça com maestria e didática o cenário cultural, social e econômico do surgimento do maternalismo; ideologia essa de que mulheres nasceram para dedicar-se aos cuidados, o tal do instinto materno. Vera irá dialogar com autoras como Silvia Federici e bell hooks para fazer esse panorama!

já na segunda parte, a autora tece críticas a psicanálise a fim de salvá-la dela mesma, visto que Freud e Winnicott foram grandes agentes do maternalismo. traz à tona os debates mais recentes sobre complexo de édipo, histeria, castração, estado esquizoparanoide... Lacan também aparece bastante, através da tríade do Simbólico, Imaginário e Real e da função-mãe e função-pai erroneamente difundidos.

ótimo livro para conhecer mais sobre os principais conceitos da psicanálise, numa perspectiva contemporânea e de recortes múltiplos!

"A ideia de uma mãe determinada natural e biologicamente vem responder à nossa angústia diante da falta de garantias do amor daqueles que nos trouxeram ao mundo. Só um investimento especial em cada um de nós, que surge da identificação conosco, do amor, do cuidado e da responsabilização, pode nos tirar desse desamparo inicial. Não é fácil sustentar que, no momento da nossa existência em que somos mais indefesos, "dependemos da boa vontade de estranhos". A falsa premissa de que haveria uma natureza maternal decorrente do instinto responde a questões político-econômicas, mas também contempla nossas fantasias narcísicas."
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Alexya 13/01/2024

Bom
Se propõe a uma crítica ao modelo adoecedor de maternidade burguesa. Excelente e necessário nesse ponto. Renova a esperança na psicanálise. Porém se inspira muito em produções dos anos 80, francesas e europeias no geral que tem pautado esse debate há décadas. Não que não seja importante pautar esse discurso ainda hoje, visto que ainda adoecemos as mulheres e as responsabilizamos quase que exclusivamente pela parentalidade. Especialmente com a onda mais recente de conservadorismo.
Só que penso que esse ainda é um trabalho raso no livro, especialmente na tentativa de atualizar a questão e abrasileirar. Por exemplo, teóricas brasileiras psicanalistas que produziram e produzem sobre o tema e são postas como referências são mencionadas, mas não trabalhadas ou aprofundadas no livro. Além disso, a perspectiva de mulheres negras e latino-americanas é acrescentada como um adendo, um contraponto, de duas-três páginas ao fim de capítulos extensos da perspectiva francesa. Não soa como se o contato com a produção psicanalítica brasileira produzisse uma transformação de referencial, mas fosse agregada apenas, e timidamente. Gostaria de ter visto mais. Especialmente de alguém que tem tanto espaço na mídia e peso acadêmico.
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Geisalanis 29/10/2023

Nossa amei demais esse livro estou apaixonada pela escrita da autora pela visão de mundo terceiro livro dela e adorei todos
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@Estantedelivrosdamylla 27/02/2024

Uma leitura desafiadora
Depois de quase um mês lendo esse livro aos poucos, posso dizer que gostei da leitura e me abriu a mente sobre muitos pontos que jamais havia ouvido falar.

A maternidade, de maneira nua e crua, é um tema que me interessa, tendo em vista que meu raciocínio vai de encontro com muitas crenças que ainda permeiam nos dias de hoje.

A Vera Iaconelli através desse livro traz a teoria maternalista desde sua origem, e com isso aborda pontos que vão de encontro com essas verdades ditas como absolutas. E esse foi o motivo que me fez comprar esse livro.

Não sou da área da psicologia e muito menos da psicanálise então é fácil deduzir que houve momentos desafiadores nessa leitura, principalmente na última parte que já estava bem cansativa e repetitiva.

Admito também que quando ela começava a falar de Freud (sim, que irônico né?) Eu ficava bem cansada kkkk. Mas no geral eu gostei bastante de vários pontos da leitura, principalmente da origem da teoria maternalista e de como ela foi usada para manipular as mulheres ao extremo.

Por fim, é isso. Acho que vale a pena essa leitura e pretendo refaze-la em algum momento no futuro.
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Ludmilla 13/10/2023

Estudar/repensar as concepções acerca da maternidade é um tema de muita relevância para a saúde mental das mulheres. A ideia de que o ?instinto materno? é algo biológico e exclusivo das mulheres é uma construção social muito antiga e difícil de ser desconstruída.
Dom Rodrigo 13/10/2023minha estante
?




Jeyza 05/11/2023

" É preciso questionar o modelo de maternidade no qual se pautam ações que almejam cuidar da infância. Essa é uma das condições para sairmos do ciclo vicioso em que a ideia de "ajudar" as mães se revela a razão de seu desemparo e do desamparo das crianças." ( p. 219 - 220)
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anna v. 16/11/2023

Recomendadíssimo
Livro excelente, provoca muitas reflexões. Vera escreve com clareza e didatismo na medida certa. O livro tem muita psicanálise, claro, mas é acessível e mesmo necessário a todos.
Vera define "maternalismo" como "o discurso através do qual a sociedade justifica e reitera o lugar das mulheres — reduzidas à função de mães e trabalhadoras domésticas não remuneradas — no exercício de tarefas imprescindíveis para a consolidação e manutenção do capitalismo, como a reprodução social."
E ainda: "O maternalismo propunha “ajudar” as mulheres na tarefa maternal que lhes cabe, mas sem correr o risco de emancipá-las do homem.
O apoio às crianças, desde então, tem sido associado à mulher no papel de mãe, sem que haja questionamento sobre a lógica da responsabilização exclusiva da mulher na economia dos cuidados."
Ela também usa a expressão "economia reprodutiva", nova para mim: "economia reprodutiva diz respeito às atividades ligadas à manutenção da vida, às tarefas domésticas e aos cuidados de filhos, maridos e idosos. Ela se distingue da economia produtiva, que é remunerada e reconhecida como trabalho. Isso se dá dentro da lógica capitalista da divisão sexual do trabalho, na qual o dinheiro passa a determinar o que é verdadeiramente trabalho e o que é invisibilizado como tal."
E sobre a diferença de expectativa entre homens e mulheres: "Dito de outra forma, estamos diante do ponto culminante de uma longa cadeia de eventos políticos e sociais que promoveram um discurso que atribuía unicamente à mulher o papel de cuidadora — mesmo que por vezes acumulasse também o papel de provedora —, a fim de assim desincumbir a sociedade da responsabilidade pela economia reprodutiva e pelas próximas gerações. Algo que não tem paralelo no mundo masculino, no qual um homem é antes de tudo um homem e, contingencialmente, pai, e para quem a paternidade é reconhecida mesmo quando ele se ausenta de suas responsabilidades."
Enfim, são muitos os destaques, muitas as boas sacadas. Apenas leiam.
Ana Sá 16/11/2023minha estante
Que interessante! Quem leu e fez o Enem este ano se deu bem rs... Vou procurar, sua resenha me deixou curiosa!




Pamela 05/12/2023

Para além do conceito de "romantização da maternidade"
Me inquieta o conceito da "romantização da maternidade".
Que romantização é essa que basta olharmos por 15 minutos com mais cuidado para as mulheres ao nosso redor e percebemos que todas elas estão exaustas?
Desde sempre.
Avós, mães, tias.
Acho que a Vera traz luz sobre isso para além dos textos do Instagram que falam sobre a grande sobrecarga do cuidado (que é real).
De onde vem essa sobrecarga? Quais são os agentes responsáveis por essa sobrecarga e como chegamos até aqui? Como podemos criar uma sociedade na qual o cuidado não seja apenas responsabilidade da genitora?
Como recriamos uma sociedade na qual escolher a maternidade não signifique abdicar dos desejos e do ser individual?
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ppatrocia 19/12/2023

Leitura mais que necessária; uma retratação detalhada e rica das perspectivas presentes, não só, na concepção de uma nova vida, como também nos hábitos que herdamos nos últimos séculos relacionados ao conceito da maternidade. A autora, com uma consciência empática em relação à diversidade de modelos familiares, sociedade, corpos, e as relações entre os mesmos, nos traz reflexões acerca das diversas problemáticas históricas que carregamos nessas políticas de reprodução e como podemos trazer nossa atenção e cuidado no manejo das mudanças necessárias.
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Alan Alves 30/11/2023

Antimaternalista sim!
Vera Iaconelli consegue atraves de uma escrita didática e acolhedora, se colocar num lugar de questionamento e enfrentamento de um conceito do senso comum, como a maternidade, e desconstruir toda a falácia em torno disso. Belíssimo!
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carolmc_ 03/12/2023

A realidade da maternidade
Não é um livro contra a maternidade, definitivamente. É um livro que não romantiza e/ou impõe a maternidade, mas mostra a realidade desafiadora de se criar um outro ser humano.
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Bia 05/01/2024

Uma leitura potente e necessária, de como o maternalismo, faz parte da nossa sociedade, fazendo com que as mulheres se tornam cada vez mais sobrecarregadas e muitas vezes sem perceber como esse sistema afeta as mulheres e principalmente as mulheres negras.

Através das teorias da psicanálise, apresenta como esse sistema tem como objetivo fazer com que as mulheres sejam subalternizadas e negligência o sentido coletivo de cuidado e responsabilização.

Fiquei pensando no provérbio africano que diz: " É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança."
Como esse provérbio é sábio e como é completamente distante da nossa realidade uma vez que todos os cuidados com as crianças em nossa sociedade devem ser da mãe.
E caso ela precise de ajuda ou solicite, acaba sendo sempre julgada.

O livro coloca luz, em teorias ultrapassadas que foram apresentadas como as corretas o tal " instinto materno".

Que muitas pessoas possam aproveitar essa leitura, em busca de mudanças.
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Juninh4 06/01/2024

Minha leitura mais impactante e poderosa de 2023.
Em primeiro lugar, quero parabenizar a Vera, pois o livro foi escrito com extrema sensibilidade, considerando diversas configurações familiares e levando em conta a experiência de pessoas atravessadas por marcadores sociais como raça, identidade de gênero, classe, orientação sexual, entre outros.

Segundo, há uma confusão em atrelar valores democráticos a valores capitalistas, em confundir emancipação feminina com ascensão econômica. Criamos a ideia de que, para uma mulher ser bem-sucedida, ela precisa ter os mesmos direitos que um homem branco, sem romper com as lógicas da opressão. Esse é o erro. Estamos integrando o sistema sem transformá-lo verdadeiramente. A mentalidade não mudou; apenas os mecanismos de opressão foram atualizados.

É urgente e fundamental mudarmos nossas mentalidades, e é por isso que o "Manifesto Antimaternalista" se torna um livro crucial. Precisamos reavaliar nossas crenças sobre a maternidade para encontrar soluções sustentáveis para a infância e para a luta das mulheres.

Para quem não está familiarizado com o termo, o "maternalismo" é basicamente o discurso que historicamente reduz as mulheres à função de mães e trabalhadoras domésticas não remuneradas. Essa mentalidade está adoecendo as mulheres. Se não houvesse tamanha iniquidade gênero, as mulheres não adiariam a escolha de ter filhos ou até mesmo evitariam tê-los.

Vera destaca que a solução para esse problema não deve ser vista como uma demanda apenas entre mulheres, mas como uma demanda das famílias e da sociedade como um todo, que sobrecarregam as mães de maneiras diferentes. Acreditar que é um problema apenas entre mulheres é ignorar que é, na verdade, um problema social.

Fico muito feliz em ver mulheres brilhantes como Vera contribuindo com epistemologias sobre esse assunto. Discutir lugares sociais não é uma imposição, mas uma busca por coexistência e por novas formas de sociabilidade que não estejam baseadas na opressão de um grupo sobre o outro.

Obrigada por este livro, Vera!

site: instagram.com/psi.juna
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