Jessy 16/08/2023
“Eu esperava que minha voz tornasse humana a realidade da prostituição – porque os livros têm esse poder –, mesmo que eu fosse a única lutando por essa mentira.”
La Maison: minha história na prostituição é um livro que demorei muitos meses para vir falar sobre, por mais que eu o tenha lido num gole só. Eu adoro autoras, principalmente quando elas saem de suas caixinhas, mas aqui, mais uma vez, a literatura me surpreendeu.
Emma Becker trabalhava com jornalismo, mas o seu sonho sempre foi ser escritora. O romance é autoficcional, e assim como esse termo da literatura é em alguns momentos um pouco confuso de ser definido, ao longo dessa narrativa eu senti uma confusão envolta num misto do que aconteceu com Emma, o que ela viu e o que ela criou.
A autora é francesa e ela se mudou para Berlim com 25 anos de idade, país este onde a profissão é legalizada. Sempre com o hábito de se questionar sobre diversos temas, foi nesse assunto em específico que ela reuniu as suas forças, e o seu próprio corpo, para investigar mais a fundo esse recheado mundo de estereótipos.
Você sente que o objetivo desse livro é dar luz às vivências das mulheres que trabalham nessa profissão. As mulheres. Esse é o cerne de toda essa obra: quem elas são dentro do La Maison, quem elas são quando deixam para trás esse prédio, como elas se sentem no trabalho, como elas são tratadas, e muitas outras indagações.
Não posso negar que essa foi uma leitura que me revoltou em muitos momentos, mas também foi uma leitura que ensinou como o feminismo é muito mais vasto e complexo do que eu imaginava.