spoiler visualizarGigio 23/05/2024
Em uma mistura de ficção com realidade, Natália discorre sobre a dor da perda de seu pai, relações familiares e ancestralidade. Enquanto a narrativa descreve as dificuldades e o sofrimento de um tratamento de câncer terminal, vamos conhecendo um pouco de sua família e a dinâmica das relações entre seus membros, em especial com seu pai. É um texto lindo e sensível que nos toca profundamente e que nos acompanha por um tempo ao final do livro.
"Morrer não deveria ser um verbo. Morrer é o oposto do verbo. Ao morrer, findam-se as conjugações. O tempo verbal. O tempo."
"A morte é um silêncio, atrás de cada som há esse silêncio, o telefone que nunca mais vai tocar, sua voz calada."
"É preciso ser rápida, é preciso saber que o tempo de uma vida é pouco, é preciso estar pronta para escutar as pequenas chances que o passado dá de ser visto por nós do presente, o futuro que já foi."
"Algo de uma pessoa permanece em um lugar? O lugar em que se viveu, o lugar em que se nasceu é capaz de guardar marcas, indícios, vestígios? O lugar do qual se saiu, que antes havia sido o lugar onde transcorria a vida, onde se caminhou, sorriu, comeu, comemorou, chorou, onde se rezou, de onde se decidiu, enfim, sair? Ficam para sempre em um lugar os ecos de quem já esteve lá?"
"Havia também os abraços protocolares. Não eram ruins; cumpriam seu papel, e cumprir papéis preenche espaços vazios."