leiturasdabiaprado 22/04/2024
Um prefácio para Olívia Guerra é um daqueles livros que pegamos e não conseguimos largar, vamos devorando, pulsando, sofrendo com ele... e quando chegamos ao final temos vontade de começar tudo novamente!
Olívia Guerra é uma jovem escritora que se suicida ainda jovem e na frente de Maristela, sua filha de apenas oito anos.
Maristela cresce como curadora da obra de sua mãe, que ganha fama pós-morte.
Olívia era uma mulher depressiva, tinha lutas internas para dar conta do papel de mãe, de esposa... foi mãe na adolescência, casou com o namorado, teve a segunda filha anos depois, ainda tentando se encaixar nesses papéis, mas era fora dos padrões, oscilava, era movida a música, fortes emoções e poesia!
Sua morte foi um voo do nono andar para o estrelato!
Mari, Maristela, cresceu com essa ausência, com a falta da mãe, com um vazio, um sentimento de não amor, com medo de se entregar, de ser novamente abandonada!
Mari é a cópia da sua mãe, fisicamente sua mãe era o seu espelho, sentimentalmente o seu abismo!
Mari se vê em crise quando atinge a idade que sua mãe tinha quando morreu, se vê sem parâmetros, sem espelho e sem futuro!
O livro é o prefácio que Mari escreve para uma nova coletânea de textos não publicados de sua mãe, aqui ela sai do comum e escreve um prefácio que é um verdadeiro livro, desvenda Olívia, desnuda Maristela, expõe dores, feridas, medos, anseios, frustrações... deixa em cada linha o peso do suicídio de sua mãe, a falta que ela faz, os traumas que criou!
É um livro visceral, dolorido, lindo e que nos faz visitar os nossos próprios fantasmas, episódios da nossa infância, medos e incertezas da vida adulta e no meu caso especificamente: A saudade que eu sinto da minha mãe! ??