Queria Estar Lendo 17/05/2023
Resenha: Reino das Bruxas: Natureza Sombria
A sequência de Reino das Bruxas: Irmandade Sombria chegou ao Brasil pela Editora Darkside (que cedeu este exemplar em cortesia). Hoje a resenha é pra falar sobre Reino das Bruxas: Natureza Sombria, segundo volume da trilogia da Kerri Maniscalco.
Esta resenha vai conter alguns spoilers do primeiro livro.
Emilia está no inferno. Literalmente. Depois de assinar um contrato para desposar o diabo, esperando encontrar respostas para os enigmas envolvendo o assassinato da irmã gêmea, ela é levada até o inferno pelo Príncipe Ira.
Mas as coisas não acontecem como Emilia imaginava, a começar pela sua estadia no Castelo Ira. Os enigmas também parecem crescer e se multiplicar; visões estranhas do que parece o passado ou o futuro a atormentam, e a iminente chegada de um baile realizado por todos os Perversos parece colocá-la como alvo de um acontecimento grandioso e terrível.
Reino das Bruxas: Natureza Sombria é um livro simples. E eu me diverti muito por causa disso!
Sabe quando tudo que você precisa é de uma leitura que não gaste os seus neurônios? É essa série. Esse livro, em particular, é ainda pior que o primeiro, porque parece que a Kerri Maniscalco não sabia o que estava fazendo até a última página. Tudo é muito óbvio, mas propositalmente enigmático para que a Emilia não entenda. Tudo é muito bagunçado, mas organizado quando a trama precisa que seja.
Não parece que esse livro sabia para onde estava indo. E, para a surpresa de todos, isso não me desagradou. Talvez por eu já ter abraçado o fato de que essa série é terrível, no melhor sentido da palavra. Um lixo bom.
"Se a raiva do Príncipe Ira era glacial, a minha era um inferno crescente. E não queimaria rápido."
Eu não esperava nada do plot ou da fantasia, então não fui arrastada por um trem quando nada aconteceu ali. Esperava muito do Ira, e ganhei tudo que queria, porque ele segue a melhor coisa que essa série criou. E da Emilia... Bom, já falo disso.
Toda a questão do "por que" ela foi até o inferno é uma balbúrdia sem fim. O plot não se sustenta porque ele dependia de uma única unidade de conversa, coisa que os personagens só fazem nas últimas páginas. Quando o final aconteceu, aliás, eu só conseguia rir, porque é tão idiota e simples, mas é claro que eles complicaram até não poder mais.
A Emilia é com certeza uma das protagonistas mais burras que eu já li. E digo isso tendo me divertido muito com a narração dela. Assim como a Feyre em ACOTAR, eu consegui me desligar de pensamentos racionais e neurônios, porque nenhuma das duas jamais usou o mínimo da sua capacidade lógica.
Reino das Bruxas: Natureza Sombria só acontece como acontece porque a sua protagonista é uma toupeira.
"Mas, Denise, você já odiou livros por menos!" sim, eu sei. E volto a dizer: não levei o primeiro livro a sério, não levei esse também. Eu me diverti porque é uma história tosca e carismática, e foi isso mesmo que pedi a deus.
Não vou negar, no entanto, que a Emilia não tenha me frustrado. Era muita burrice por quilômetro quadrado, a ponto de chegar um momento da história e ela se revoltar por uma conclusão que tirou do 🤬 #$%!& . Ela tem uma informação, e chega a tamanha conclusão que parece prestes a colocar fogo no inferno todo só porque "acha" que entendeu direito.
"Ele deve te respeitar muito para amaldiçoar a própria corte."
Considerando tudo que ela fez antes disso, eu esperava um pouco mais de hesitação em concluir coisas. Porque, ô 🤬 #$%!& , como tu é burra. A revelação mais bombástica do livro tá na cara desde o livro anterior. Eu acho que até mesmo o personagem que guardava aquele segredo estava se remoendo internamente pela falta de cérebro da Emilia.
Por outro lado, o que ela me frustra, o Ira me encanta. Ô desgraçado sarcástico maravilhoso! Como eu amo um personagem como ele, e como ele funciona bem na história. E com a Emilia.
A química entre eles é ótima; poderia ter sido melhor desenvolvido? Sim. Mas a Emilia é uma toupeira, volto a repetir, e não tem como o livro existir se ela não for burra. O que significa que o ship enrosca e anda a trancos e barrancos - mas abraça um pouco mais da atração física e do desejo crescente entre eles, o que rende cenas bem calientes.
"Diga-me..."
"O quê?"
"Eu sou o seu pecado favorito."
A partir desse volume, a série da Kerri Maniscalco passa a romance adulto (eu diria um NA, pelas descrições, mas né). Então sim, tem sexo, tem pintos de veludo (Sarah J. Maas manda lembranças) e tudo o mais.
O slow burn é muito bom. Funciona, porque tem aquela faísca de atração sexual e a vontade dos dois de estarem cometendo loucuras na cama, mas eles também se detestam e ficam se bicando como um casal de velhos. A Kerri Maniscalco sabe como segurar a tensão do casal até o melhor ponto possível, e funciona demais pra manter a nossa atenção sobre eles.
Reino das Bruxas: Natureza Sombria é um livro vagaroso. Se você conseguir, assim como eu, desapegar e esperar apenas o desenvolvimento de um lixo, então vai gostar da trama. Ela tem uns momentos bons envolvendo os outros Perversos - gosto bastante quando o Inveja aparece porque ele é babaca, mas com um mistério interessante ao seu redor - e o próprio inferno.
Gostei bastante de como a autora criou a configuração do lugar, entre as Casas e os obstáculos terríveis que interceptam os caminhos. Alguns deles até são usados na trama, mas de maneira solta, o que acaba por contribuir para aquele vazio que eu expressei ali em cima. Quando a Emilia quer fazer alguma coisa, parece fácil demais; não parece o inferno.
A edição da Darkside ficou um espetáculo. Eu gostei muito da adaptação da capa, do nome que escolheram pro subtítulo (combina com a jornada da Emilia nessa história) e com o trabalho gráfico num geral.
Em resumo: Reino das Bruxas: Natureza Sombria é um caos. Mas é um caos que me agradou. Eu consigo entender quem sofreu com esse livro (a Luiza do Balaio de Babados que o diga), porque ele é realmente arrastado e bagunçado. Se você aceitar que está lendo um lixo, pode acabar tendo um bom momento com ele.
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