Helder 08/04/2024Na boléia!Terminei o livro hoje e queria ter gostado mais do que gostei. O livro é uma mistura de um Livro de Memorias X Um Tratado Sociológico e estas partes as vezes me pareceram meio forçadas e outras eram interessantes, mas quebravam o ritmo da leitura, apesar de levantarem temas relevantes.
Assim como o próprio autor cita Annie Ernaux, eu já estava lembrando da autora e seu livro O Lugar, onde ela conta o impacto que ela ter estudado causou na sua família, criando uma distância cultural enorme entre ela e principalmente seu pai.
Se naquele livro a esta distância já era grande, aqui ela é descomunal. Vindo de um pai caminhoneiro, o filho foi parar na Rússia em uma Olimpíada de Matemática, se formou em uma faculdade nos EUA e hoje dá aula em uma das mais renomadas faculdades do país.
O autor, doutor em sociologia por uma universidade americana, vai nos mostrando estas diferenças culturais e sociais existentes em nosso país, mas sem julgamentos.
Porém o mais interessante do livro para mim foram as histórias do pai dele, que nos mostra a real importância que os caminhoneiros tiveram na história de nosso país e não fazem parte de nenhum livro de história. E eles são a História!
Que loucura acompanhar as viagens até o Acre, ou mesmo no cerrado sem estradas ou no Norte com caminhões sendo levados por dias em balsas por rio onde seriam instaladas hidroelétricas.
Da Mogi Bertioga a Usina de Belo Monte, aquele caminhoneiro esteve por lá, e ao pegar estas lembranças tirando seu pai do anonimato, José Henrique Bortoluci cria um emocionante documento histórico e uma bela homenagem de um filho para seu pai.