Marcelo 01/08/2023
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O livro explora o alcance da psicanálise em nossa vida cotidiana e na cultura, indo além do espaço tradicional do consultório. O autor apresenta a psicanálise como uma poderosa ferramenta de conhecimento e desconhecimento, capaz de promover reflexões pertinentes sobre o mundo contemporâneo.
A obra aborda, com base em premissas teóricas, experiência clínica e novos estudos comportamentais, temas como memes, sonhos, internet, ansiedade e a proliferação de conteúdos sobre saúde mental nas redes. O objetivo é ampliar o papel da psicanálise, tornando-a um exercício diário que transcende o consultório e contribui para o entendimento do mundo em que vivemos.
A escrita do livro é agradável e provocativa, evitando um vocabulário hermético sem perder a profundidade e o rigor conceitual. O autor desafia o leitor a se envolver na sua própria relação de descoberta com a psicanálise, encorajando analistas, analisandos, estudantes e entusiastas a se escutarem e se reconhecerem nesse universo.
Liedke destaca a importância de deixar os conceitos psicanalíticos em suspensão, reconhecendo que eles estão sujeitos a interpretações e evoluções ao longo do tempo e da cultura. A psicanálise é vista como uma experiência ética, não passível de ser corporativizada como uma profissão com diploma e habilitação, mas sim como um caminho de formação atravessado pela transferência com outros analistas e pela análise pessoal.
O autor reflete sobre a tendência natural de querer apreender e dominar o conhecimento da psicanálise, mas ressalta que a falta e a incerteza são características inerentes ao campo psicanalítico, o que pode ser penoso, mas também libertador. Confrontar-se com a falta e a incompletude é parte do processo de análise e do exercício da psicanálise na vida cotidiana, permitindo o crescimento pessoal e a transformação subjetiva.
Especialmente o ultimo capitulo me envolveu bastante devido a forma delicada como o autor aborda o tempo na psicanálise, as expectativas que temos quando entramos nesse processo e as descobertas que fazemos ao longo de uma análise. Segundo o autor ?O analinsando quer fazer síntese, mas o trabalho é de análise. É psicanálise, e não psicosíntese?.