Resenhas - Coisas humanas

Keila199 07/05/2024

Seres humanos e sua completitude são tratados brilhantemente na obra. Nem tudo é o que parece ser e ninguém está a salvo de ser julgado por seus atos. Há sempre dois lados de toda história e a polarização dos lados não é uma realidade, sempre há meias mentiras e meias verdades.

marcio772 04/05/2024

Complexo e confuso.
Apesar da complexidade da narrativa, o que não me fez gostar tanto do romance, foi a pressa em apresentar os personagens e sua história, até chegar em o grande momento, onde se foca a grande parte da sinopse. Não consegui me conectar com os personagens, e somente quando já estava me aproximando do final do livro, que senti algo, mas ainda sim, seu fim apressado não me cativou.

Em Coisas Humanas, temos tópicos da nossa realidade que são discutidos e possuem suas camadas dentro da narrativa. Nem tudo é explicado, e essa ambiguidade, que é proposital, é o que nos faz pensar sobre tudo que é lido e entendido. A leitura é recomendável, mas aqui, não me senti tocado pela narrativa como um todo, e no final, parte do livro me cativou, e boa parte se perdeu antes de chegar a ser algo relevante para se lembrar.

Carolina.Gomes 27/04/2024

Coisas verdadeiramente humanas
Os Farel são um casal poderoso. Jean e Claire têm um filho que estuda em uma prestigiosa universidade americana. Tudo parece funcionar para eles.
Até que uma acusação de estupro vai abalar essa construção social perfeita.

Como sói acontecer, por trás de uma estrutura familiar, aparentemente perfeita, há uma série de imperfeições. Olhando a capa da edição da TAG, tenho certeza que combina perfeitamente com essa leitura. Pequenas fissuras aqui e ali, denunciam a queda anunciada da estrutura familiar perfeita.

Achei a escrita da autora extremamente afiada e bem amarrada.

Me senti completamente envolvida por essa leitura.

A abordagem de temas sensíveis e atuais me fez ficar grudada na leitura.

Um livro que retrata um estupro(?!), o impacto das redes sociais em nossas vidas, as falhas e fraturas da sociedade, o comportamento dos indivíduos na sociedade moderna, a fragilidade das aparências, coisas VERDADEIRAMENTE HUMANAS.

Eu me senti no tribunal com os personagens do livro. A autora nos provoca e nos incita a tomar partido. E se fosse comigo? E se fosse alguém da minha família?

"Senhora presidente, senhoras e senhores jurados, o que este processo nos ensina é que todo mundo pode um dia se encontrar no lado errado. Na vida, nunca estamos longe de uma queda, de cometer um erro de percepção e destruir, em poucos segundos, aquilo que terá levado toda uma vida para ser construído. A vida, sua vida, pode se transformar a qualquer momento numa tragédia. Por muito pouco, tudo pode se perder."

Amei a leitura. Um dos favoritos do ano, com certeza!

E para vc? Houve ou não o crime? Leia!

profa_ana_paula 29/03/2024

Parabéns para a autora
Livro muito bem escrito, história com as pontas bem amarradas, personagens muito bem construídos, traz fortes debates sobre diferenças entre os valores e a moral das pessoas e o papel da justiça. Além de outros debates, fala do machismo e do etarismo. A construção que a autora faz é muito interessante e também surpreendente. Eu nunca tinha ouvido falar do livro, foi uma excelente leitura e recomendo a todos. Possui gatilhos para violência sexual.

claroviski 28/03/2024

As coisas humanas são tenebrosas
No livro acompanhamos alguns casais maduros, dois que já terminaram, outro que iniciou, mas além de seus romances fracassados ou que ainda estão se desenvolvendo, vemos o efeito deles, de cada pessoa individualmente e de sua união, sobre seus filhos. Jean e Claire Farel foram casados durante muitos anos, ele muito conhecido por ser um apresentador de programas de TV e ela por escrever ensaios sobre o feminismo. De sua relação, nasceu Alexandre que aparentemente é um jovem muito correto, estudante de Stanford, digno de orgulho aos pais. Após o divórcio do casal, Claire se envolve com Adam, um professor, um homem simples recém saído de um casamento complexo, no qual sua esposa seguia rigidamente as leis muçulmanas, obrigando que suas filhas fizessem o mesmo. Toda a relação de Claire e Adam será colocada a prova após algo que ocorre entre seus filhos, a imagem de Jean Farel também estará correndo risco, assim como tudo o que Claire acredita. Mas mais do que isso, o julgamento pelo qual o réu que não acredita (realmente não acredita) ser réu, e a vítima, que não deveria sequer ser julgada, é o que fecha o livro.
Achei uma construção muito importante de toda a história, a maioria dos personagens são repulsivos e o foco fica mais nos piores, acredito que é mesmo para mostrar as "coisas humanas" tenebrosas que a humanidade comete e causa mesmo sem perceber o quão danosas são.

site: https://www.tiktok.com/@claroviski/video/7305136153194253574?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7351483268623926789

Amanda 24/03/2024

Coisas humanas, de fato.
Um livro que incomoda, à princípio.

O começo é um pouco mais lento, com as apresentações das personagens e contexto da história.
O meio é perturbador, quando acontece o principal ponto do livro mostrado sob a ótica de um dos envolvidos.
A reta final te desestrutura e aterroriza, na mesma proporção em que te prende. Em um só fôlego (e haja fôlego), é como se você estivesse nos 5 dias de julgamento assistindo tudo.

E no fim, o incômodo do começo não era nada comparado às reflexões, agonias, decepções e, para mim, desespero ao vermos o quão presente essa história está no nosso dia a dia a nível mundial.

As coisas humanas são escancaradas de forma nua e crua nesse livro.
O que nos faz sermos quem e como somos? Qual a nossa história? O que justifica e/ou explica nossas atitudes? Até que ponto vão nossas convicções?
Como mudar tudo isso?

(Sobre a edição, faltou uma revisão mais atenta porque tem muitos erros bobos)

Alexandra 16/03/2024

Humanidade que incomoda
Um livro que discorre sobre questões presentes na nossa realidade, sobre debates que causam desconforto, sobre humanidades. A leitura nos provoca a nos colocarmos no lugar do algoz e da vítima, em um forte exercício de empatia. Amei.

biialobato 28/02/2024

Falta originalidade
O início do livro é um romance sem muito segredo: a apresentação dos personagens e a profundidade de cada um. Me engajei no começo da leitura a partir das características dos personagens da família Farel e seus coadjuvantes. Do meio para o final do livro, há um caso de estupro e a reviravolta da história. No entanto, a reviravolta não me pegou, pois na minha visão faltou originalidade no roteiro. As páginas que se passam no tribunal: a menina foi estuprada, sua verdade é colocada em cheque o tempo, o homem não assume a culpa, não é preso e depois de alguns anos ele retoma sua vida de sucesso. Entendo que é realmente assim que as coisas funcionam na vida real - é um livro da vida real. Mas senti falta de um enredo mais cativante e menos óbvio, à sua época, o livro provavelmente era mais original, hoje em dia, acredito que o debate sobre liberdade feminina já está um pouco mais avançado.

Thaiany.Sanabria 17/02/2024

Não é meu estilo de leitura?
Esse foi o primeiro livro de literatura francesa que li. Certamente não é um livro pra todo mundo, pois os personagens são retratados em sua mais pura humanidade, ou seja, não são descritos para agradar ou envolver o leitor, na verdade é quase impossível ter afeição por qualquer personagem, já que eles são retratados exatamente como um fruto do meio em que nasceram e vivem. O livro traz uma discussão importante e é válido, no entanto, fiquei sentindo que esperava por mais e no fim, terminei o livro com um sentimento meio difícil de descrever, pois ao mesmo tempo que eu esperava mais fiquei feliz que acabou logo.

Thales 01/02/2024

A TAG arrasa muito nas escolhas
Eu comecei a leitura um pouco desconfiado porque não estava entendendo para onde o livro estava me levando. A primeira parte do livro é sobre uma construção intensa dos personagens, muito válida por sinal, pois isso reflete muito nos capítulos seguintes. Mas quando o livro avança, a partir das segunda parte, tudo fica intenso! A narrativa é frenética e eu não conseguia parar de ler.
Se você curte livros que abordam temáticas que foram em torno de tribunais, esse aqui é um prato cheio.
Vale muito a pena a leitura. Meu primeiro favorito do ano.

inasantos 29/01/2024

O livro começa bem devagar, mas antes da metade a narrativa fica mais envolvente e prende a atenção.
Por muitas vezes me senti lendo sobre uma grande fofoca, mas de assuntos sérios e que precisam ser discutidos.
Tive asco, revolta, empatia e agonia ao ler.
Com muitos diálogos e capítulos curtos, é um livro que vale a pena.

camistozs 28/01/2024

Livro sobre as relações de poder na sociedade atual
Assim... é um livro sobre mediocridade e hipocrisia. Uma família "excepcional" se depara com uma acusação criminal que quebra a imagem que eles possuíam de si mesmos.
Mãe, pai e filho levaram uma vida de aparências, em que se esforçaram tanto para serem os "mais", sem perceberem contudo que a sociedade nunca os enxergou dessa forma. Sempre seus interesses e vaidades em primeiro lugar, tudo por conveniência e interesse.
O livro os retrata sendo medíocres de tal forma que eu percebi que, do livro inteiro, ressaltei apenas um trecho: uma frase dita por uma personagem secundária.
É um livro bom, que nos faz refletir sobre a impossibilidade de se manter uma imagem falsa na era das redes sociais e que hoje rapidamente somos pegos em mentiras.
A nossa verdade não pode mais ser imposta aos outros, já que, logo que são colocadas nos espaços comuns da Internet, surgem aqueles que nos questionam, ou pior, nos odeiam.

Marcelly.Orcai 26/01/2024

"Não há verdade, o que há são perspectivas sobre a verdade."
Eu queria elaborar uma resenha jus a esse livro, mas sigo tão impactada que perdi até as palavras.
Vi muita gente reclamando do começo (a parte 1), por ser descritivo e até um pouco maçante sim. Mas depois que você finaliza o livro, entende o quão importante é essa ambientação da vida dos personagens. Da segunda parte em diante, em simplesmente devorei o livro.
Foi um livro que me fez questionar algumas 'certezas' que eu achava que tinha, tanto como mãe de um menino quanto como feminista. Percebi que não temos certeza de nada, só somos frutos de experiências vividas e achismos.
Novamente, como mãe e feminista, me senti muito tocada com a Claire - e não relativizando a importância da vida nem do sofrimento da vítima -, para mim, ela foi o ponto central do romance.

Rick Shandler 26/01/2024

Coisas Humanas - Karine Tuil
Coisas humanas é um livro pesado. Daqueles que nos incomoda, nos deixa desconfortáveis. Ruim de ler, excelente de pensar. Karine Tuil nos traz uma leitura do movimento ?me too? perturbadora, porém necessária.

O movimento ?me too? teve ampla repercussão nos últimos anos, alcançando uma apavorante repercussão nas mídias digitais. A implacável fúria da era digital levou a uma onda sem precedentes de ?cancelamentos? de inúmeras figuras públicas. A sedenta revolta das redes sociais foi extremamente bem sucedida em trazer à tona um problema que há muito tempo seguia sendo deixado embaixo do tapete: a cultura do assédio. Agora, se as redes sociais apresentam um alcance que até então era impensável, elas também são caracterizadas pela dispersão e pela dificuldade de aprofundar qualquer assunto. E é justamente isso que Tuil propõem, um olhar sério, profundo e desconfortável nos mecanismos por trás da, infelizmente, tão estabelecida cultura do assédio.

Coisas humanas nos apresenta o seio da família de um assediador. Nos faz entender o que a ?cultura? do assédio quer dizer, uma vez que Alexandre está tão enraizado nesta cultura que nem consegue perceber o assédio que comete. Se por um lado o livro deixa ambíguo se houve ou não um consentimento de Mila, por outro ele deixa claro a total indiferença de Alexandre. Suas atitudes ao longo do livro, da infeliz aposta à irônica criação do aplicativo, ilustram as nuances que constituem a cultura do assédio: machismo, egocentrismo, impunidade e acima de tudo a indiferença a tudo que não seja a aparência.

Se o personagem Alexandre já nos traz importantes discussões, não poderia ser diferente com sua família. Os Farel são a representação da estrutura arcaica que dá origem, entre outras coisas, à cultura do assédio. Um casal de aparências, ambos, Jean e Claire, vivem seus próprios dilemas, pautados por interesses e jogos de poder. O caso envolvendo Alexandre os impacta muito mais pelos danos causados às suas figuras públicas do que pela gravidade do ato em si, ou pelos danos causados à Mila. O ?status? dos Farel tem de se sobrepor à qualquer ?desvio de conduta?, fazendo com que a atitude do filho seja um problema não por ser um crime, mas por ter se tornado pública. Afinal, as atitudes de Alexandre, assim como as de Jean são comuns, são ?coisas humanas?.

Tuil mostra que o orgulho, a pretensão, a vaidade, o abuso, a violência, a falha e a vergonha são todas coisas humanas e que não devem ser deixadas debaixo do tapete. Tem que encarar. Tem que refletir. Tem que ler.

NataliaPD 12/01/2024

Um tema muito relevante, mas personagens ?rasos ?
Apesar do tema interessante, a construção dos personagens me pareceu rasa, dificultando a identificação com os personagens e tornando a leitura pouco prazerosa. A crítica social e o tema são relevantes. Acho que vale a leitura, mas não está entre os favoritos do ano.