Juju 20/04/2023
Um grande clássico do terror
Os Freeling são habitantes do condomínio em expansão Cuesta Verde, sendo eles os pioneiros orgulhos daquela próspera região construída sobre um antigo cemitério. Mas de repente sua vida aparentemente perfeita é abalada por estranhos eventos que assombram sua residência: objetos esvoaçantes, tempestades de raios, odores estranhos, entre outras bizarrices. Carol Anne, a caçula da família, parece inocentemente fascinada pelas vozes que escuta em seu televisor e quando a mesma desaparece, capturada pelos seres que a espreitam, cabe aos Freeling confiar em uma equipe de cientistas aliados a uma médium anã para trazer sua filhinha de volta.
Quando falamos de clássicos do terror, Poltergeist certamente desponta como um dos mais célebres filmes do gênero, tendo sido escrito por ninguém menos do que Steven Spielberg em colaboração com Tobe Hoover (diretor) no ano de 1982. O filme foi um sucesso comercial de modo geral, arrecadando milhares de dólares em bilheteria.
Devemos nos recordar que televisores eram algo demasiadamente comum já naquela época, logo, ao pegarem um objeto popular e o transformarem em uma coisa amaldiçoada com certeza capturaram a atenção do público que jamais pensara em enxergar as coisas daquela maneira. Porém todo o conceito de paranormalidade começava a ser debatido de forma reticente, com demasiada descrença, uma vez que a parapsicologia em si não poderia (e até hoje não pode) ser considerada uma ciência exata, a prova de falhas e com um método definido. O fato é que a história dos Freeling, e especificamente a figura loira e afável da doce Carol Anne que esbanjava fofura e carisma, conquistaram o espectador e até hoje a franquia Poltergeist (foram três filmes ao total) é mencionada várias e várias vezes pelos amantes de cinema como um marco inegável para o terror, além de contemplarem, é claro, os trágicos destinos que a maioria dos atores encontraram afinal (uma grande parcela sofreu mortes trágicas e bizarras, eventos que ficaram conhecidos como decorrentes da "maldição de Poltergeist").
James Kahn é médico e escritor e desde sempre nutriu um grande fascínio por clássicos. Assim, ele foi responsável pela novelização de muitos deles como por exemplo Os Goonies, Indiana Jones (O Templo da Perdição), Star Wars e, é claro, Poltergeist. Ao contrário do que estamos habituados normalmente, esta obra não foi a que deu origem ao filme (Spielberg concebeu a trama de Poltergeist originalmente), pelo contrário, Kahn a escreveu após o lançamento deste e sendo assim, converteu o filme em livro. Portanto, não espere encontrar aqui uma história diferente, ela é exatamente a mesma que você confere assistindo a Poltergeist, tirando alguns mínimos detalhes simplórios que tem pouquíssima relevância e deste modo não alteram nada de maneira significante. Nesse quesito eu fiquei um pouquinho decepcionada, pois esperava me deparar com algo novo (?). É fato que quando pegamos um livro nas mãos procuramos por mais detalhes ou talvez busquemos uma interpretação um pouco diferente, mas aqui a coisa toda se manteve praticamente a mesma do começo ao fim. Na verdade muitas vezes na obra literária os detalhes acabam se tornando até um pouco maçantes e não são exatamente aterrorizantes, por isso arrisco dizer que Poltergeist funciona melhor mesmo como um filme. O que configurou uma jogada inteligente por parte da editora foi justamente trazer os textos do autor brasileiro Cesar Bravo para complementar a obra e oferecer uma espécie de análise, um insight muito bem-vindo com paralelos interessantes sobre a cultura pop durante a década de 80, o que ajuda a contextualizar e compreender um pouquinho das inspirações que deram origem a este clássico.
A edição da Darkside em parceria com a Macabra TV está absurdamente linda e as ilustrações de um artista brasileiro ajudam a compor um design bastante atraente, uma bela adição para a estante!