Chuva de papel

Chuva de papel Martha Batalha




Resenhas - Chuva de papel


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Leila de Carvalho e Gonçalves 01/04/2023

Rito De Passagem
Joel Nascimento, lendário repórter carioca, terá de arcar com o ônus de uma vexatória tentativa de suicídio. Com uma perna quebrada em dois lugares, que precisa ficar imobilizada pelo menos três meses, ele é obrigado a abandonar o quarto alugado numa pensão, para morar de favor no apartamento de Dona Glória, tia de um jovem colega. Lá, ele receberá a devida atenção e, sobretudo, haverá alguém de olho, para impedi-lo de saltar novamente do parapeito de algum edifício.

É uma nova realidade que se prolonga pela chegada da pandemia de COVID-19, resultando numa convivência difícil com uma desconhecida e seu círculo de amigos, como Aracy e seu casal de chihuahuas, que pouco a pouco faz as reminiscências transbordarem, tornando o Rio de Janeiro mais uma personagem do livro, e a cidade, destituída de idealizações, surge num esboço apaixonante e irretocável.

Uma rotina que vai aparando as arestas de um machão com pinta de sedutor mas absolutamente inábil no trato com as mulheres. Por outro lado, Glória e Aracy trazem na bagagem o retrato de uma sociedade patriarcal que permite a mulher desempenhar apenas o papel de boa mãe e esposa, algo com que não foram premiadas. Enfim, reinterpretando Quincas Borba: ?Aos homens, as batatas!?

Chuva de Papel é o terceiro romance de Martha Batalha. Uma tragicomédia marcada pelo humor e a crítica social, suas especialidades. Aliás, virei fã da escritora desde que li seu livro de estreia: o impagável A Vida Invisível de Eurídice Gusmão? e, em seguida, Nunca Houve Um Castelo.

Quanto ao título, a tal chuva de papel simboliza um rito de passagem, o início de uma nova etapa, quando finalmente Joel conseguir fazer as pazes com o passado e, fortalecido, estiver disposto a encarar o futuro. Aliás, o desfecho traz à luz fatos surpreendentes, tornando os últimos capítulos uma montanha-russa repleta de emoções.

Vida longa para Joel e boa leitura!


?Mamãe provinha de uma linhagem de mulheres com movimentos limitados pelo preconceito do trabalho manual. Depois da morte de papai, ela precisou dispensar a empregada. Apareceu outra. Da minha idade, creio eu. Andava pela casa como um passarinho assustado, corpo sambando no uniforme da empregada anterior. Trabalhava por comida. Numa noite, tive insônia. Pedi um copo de leite para mamãe. ?Peça para a Maria?, ela disse. Atravessei a cozinha rumo ao quartinho dos fundos. Empurrei a porta. No colchão encostado à parede, Maria dormia encolhida, a mão direita protegendo uma batata com pernas de palito. O quarto abafado cheirava a trabalho e a corpo limpo sem sabão.
Encabulei, mas se minha mãe havia me dito para fazer era porque era o certo. Pedi o leite. Maria sentou-se no colchão e esfregou os olhos. Levantou-se e foi para a cozinha. Usou um banco para alcançar o gabinete com o copo. Serviu-me o leite numa bandeja. Estendi o braço. Eu estava exercendo um direito, que me pareceu errado, e percebi que era a minha percepção sobre o direito que estava errada num mundo engessado anterior a mim. Pensei em dizer a ela que tínhamos o mesmo nome. Fiquei calada. Ela também, nunca disse uma palavra. Minto. A batata com pernas de palito ela chamava de Lilica.? (Glória, Páginas 189 e 190)
veiraque 20/10/2023minha estante
Ótima resenha, me convenceu a ler não só esse, mas me, interessar por outros livros da autora!




Del 07/07/2023

Apenas ok!
Gosto da escrita da Martha Batalha mas confesso que esperava um pouco mais desse livro uma vez que tive uma boa experiência de leitura com o livro anterior da autora, A vida invisível de Eurídice Gusmão. Fiquei com uma sensação de que ficou faltando algo, de que o livro parece caminhar pra lugar nenhum. Tem partes bem interessantes, personagens com os quais você já deve ter esbarrado na rua mas não posso deixar de dizer o quão folgado é o Joel, que sujeitinho. Enfim... criei expectativas que não foram alcançadas mas é uma leitura apenas ok.
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Aninha 18/05/2023

Chuva de papel
Depois de ler A vida invisível de Eurídice Gusmão (da mesma autora) que eu amei, tive curiosidade de ler Chuva de papel, que não me decepcionou nem um pouco, seus personagens maravilhosos, a começar por Joel, o jornalista que tenta se matar e passa a morar na casa da tia do colega de trabalho, Glória, uma figura, que tem uma vizinha faladeira que só ela, com seus queridos cachorrinhos, com muitas partes engraçadas e outras tristes vale a pena ler....livro maravilhoso?
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Lia 10/12/2023

Uma história que precisa ser contada
"Desconfiam que a vida pode ser melhor, e que para ser melhor é preciso ir embora."
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Gostei! Livro de leitura fácil. Você consegue dar boas risadas, apesar das situações trágicas que o livro apresenta.

Mesma autora do livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que gostei bastante também.

Um repórter aposentado chamado Joel. Duas amigas idosas e solitárias chamadas Glória e Aracy. Uma história que precisa ser contada. Um relacionamento que transforma uma vida vazia em uma vida completa.
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Vale a pena conhecer a obra dessa escritora. Seu primeiro romance, A vida invisível de Eurídice Gusmão, foi adaptado para o cinema, representou o Brasil no Oscar e foi premiado em Cannes.
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AsereT 21/04/2023

Como a tragédia atravessa as nossas vidas
Em Chuva de Papel encontramos a narração das formas como as tragédias afetam as diversas pessoas expostas a elas.
Como a ditadura afeta um jornalista? E uma dona de casa? A pandemia mostra sua face da mesma maneira aos negacionistas do que aqueles que tem visão elucidada pela ciência?
Além disso o ponto comum da obra da Martha Batalha: como as mulheres de diferentes gerações e classes sociais são atravessadas pelo machismo e as estruturas patriarcais?
Um livro frenético e que você precisa ler.
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Marcianeysa 08/09/2023

Adoro a escrita da autora, já havia lido os dois livros anteriores,e gostado muito da Vida Invisível. Esse tinha poucas expectativas, já que havia amigas que não gostaram.
Mas eu adorei a história, apesar de achar o protagonista um mala, mas a Glória compensa.
A escrita sarcástica e engraçada continua e isso muito me animou no decorrer da leitura.
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Julia Romão 13/06/2023

Esse foi o meu primeiro livro da Martha Batalha e gostei da experiência e achei a leitura fluída. No início você fica sem entender a que fim vai levar a história que é carregada de informações históricas do Rio de Janeiro. Além disso, você sente raiva do personagem Joel, acha ele chato, mimado e vitimista, mas com a leitura você vai conhecendo mais sobre ele. Ahhhh Glória ganhou meu coração! Sinto que ela merece um livro só dela contando suas histórias e as histórias dos outros, principalmente da sua amizade com a Aracy!
Estou animada para ler os outros livros da autora, pois me disseram que são melhores que esse :)



(Leitura: maio, 2023)
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Pedro 15/03/2023

"Chuva de Papel" é o terceiro e mais recente romance da carioca Martha Batalha, autora já conhecida pelo seu primeiro trabalho chamado 'A vida invisível de Eurídice Gusmão', de 2016, que ganhou as telonas com Fernanda Montenegro no elenco. Com o pensamento de que a autora escreve muito do que conhece, mesmo
subconsciente, aqui ela se volta para um tema familiar no sentido profissional de escrita e jornalística.

Em meio a pandemia, a obra traz como protagonista Joel Nascimento, um homem que muito jovem se envolveu com o jornalismo; como aprendiz, descobriu os macetes, jargões e a reportar as matérias policiais interessantes mais para o seu público instigado pela afirmação de mostrar o lado real do Rio de Janeiro. Foram anos escrevendo reportagens sensacionalistas, daquelas conhecidas como cabidela que deixa escorrer sangue pelas páginas. Boêmio, Joel aproveitou o melhor da cidade, casou algumas vezes, mas se encontra num estado decadente na terceira idade: alcoólatra, sem rendimentos financeiros e se escondendo das obrigações de pai, como pagamento de pensão.

Após uma tentativa falhada de suicídio, ele sofre algumas fraturas e precisará residir de favor na casa da tia de seu amigo de redação. Joel que tem suas idiossincrasias, conhece Glória, a dona do lar e que bate de frente com a rabugice do seu novo inquilino. Ela possui o sonho de escrever um livro de memórias, que, aliás, já está em andamento. Os novos dias na casa passam-se com a chegada de Aracy, vizinha e melhor amiga de Glória, uma viúva que adora misticismo e os seus dois cachorros chihuahua.

De forma intercalada, numa narrativa que vai de primeira a terceira pessoa, a autora reconstrói a história de suas personagens num fluxo temporal de idas e voltas. É interessante acompanhar, em tão poucas páginas, a construção dessas histórias de vidas, suas origens e relações familiares que as trouxeram até aqui. Vemos todo o conservadorismo do passado, o papel delegado às mulheres de submissão para atender as demandas do marido em detrimento de seus reais desejos e o momento de ruptura quando há o despertar para si mesma.

A princípio também conhecemos a evolução do jornalismo sensacionalista, os métodos de apuração corruptos de alguns repórteres que interferiam nas cenas dos crimes para fazer vender jornal, o auge e a crise do jornal impresso com a chegada do digital e as demissões por fim dos periódicos. Histórias que se interligam com personalidades reais, como é o caso do Assis Chateaubriand (confira aqui a resenha de sua biografia:http://www.decaranasletras.com/2016/02/resenha-142-chato-o-rei-do-brasil.html) que, apesar do grande nome e seu conglomerado das comunicações, tinha suas atuações antiéticas na profissão.

Este é um livro que aborda temas tabus, principalmente o suicídio que aqui não deu muito certo, também foca muito no luto, histórias de mortes que esses personagens guardam em comum. A filha de Glória, o esposo de Aracy, o pai de Joel ainda na sua frente quando criança... Mas não chega a ser uma obra de sofrimento, pelo contrário, há um tom cômico que desfoca a lamúria. Desses sofrimentos, vemos personagens se aproximando, mesmo que contra suas vontades, mostrando ser possível ir se apegando a outras coisas para seguir em frente, até mesmo quando parece estar tudo perdido, e do fundo do poço achar a história que levará a enxergar motivações suficientes, quem sabe até financeiras, para não desistir.

site: http://www.decaranasletras.com/2023/03/blog-post.html
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Gigi 02/06/2023

Chuva de papel
EmChuva de papel, acompanhamos a trajetória de um repórter policial decadente que precisa encontrar forças para lidar com o dia a dia depois de uma situação inesperada. Nesse percurso, ele descobrirá uma história memorável que o fará escrever novamente.
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anapmoscoso 02/06/2023

Um romance que ambienta-se no Rio de Janeiro e faz da cidade, também, um personagem da narrativa.
O Rio de Janeiro, aqui, não é lindo. Nunca foi lindo. É um personagem nefasto que esconde as piores características possíveis atrás dos seus cartões postais. O Rio da ditadura, o Rio dos meninos de rua, o Rio da pandemia, o Rio dos prédios de fachada descascada, com móveis que não combinam e eletrodomésticos barulhentos demais.

Pior que o Rio de Janeiro, apenas o Joel. Joel é um homem bruto, que endureceu na marra, nas surras do pai e no contato com as piores desgraças do ser humano numa idade muito nova. Um repórter infeliz, que coleciona ex-mulheres e deseja, mais que tudo, por um fim a própria vida.

Da Glória, eu gostei. Glória é como aquelas vizinhas que, a principio, pensamos ser bisbilhoteiras demais, mas depois percebemos ter um coração gigantesco, uma pessoa que realmente se importa e não se incomoda em dividir o pouco que tem, mesmo que seja com pessoas que não merecem — como o personagem citado anteriormente.

"Chuva de Papel" é uma história realista e crua sobre o quão banal a violência pode se tornar numa cidade que não se choca mais com crueldades ou com vidas perdidas. Martha Batalha escreve sobre luto, sonhos esquecidos, mágoas e morte com uma naturalidade que grita o quão acostumados nós estamos a nos calar, a nos acomodar.

É belo, triste e engraçado ao mesmo tempo — inclusive, peço perdão pelos trechos que soltei uma sonora gargalhada, mesmo que vocês nunca venham a saber quais foram.

site: https://twitter.com/anaestalendo
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Joyce 12/05/2023

Uma livro realista
Aqui vamos conhecer a história de Joel, um jornalista com muitas questões pessoais a serem trabalhadas? no decorrer da história acontece algo que faz as vidas de Joel, Glória e Aracy se cruzarem.
Os 3 vivem em meio à pandemia e a gente acompanha a convivência desses personagens tão diferentes uns dos outros.
A escrita da autora é envolvente é fácil de ler.
A história é realista e ambientada em uma realidade que todos vivemos.
Amei a personagem Glória!
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DêlaMartins 18/12/2023

Joel, repórter que sempre trabalhou com a face mais dura do cotidiano e conhece bem o Rio de Janeiro, está endividado, cansado, bebe muito e resolve cometer suicídio. Apesar de ter planejado o suicídio, ele não consegue se matar e fica bastante machucado. Como não tem para onde ir, Leandro, um repórter a quem Joel ajudou, arruma um quarto no apartamento de sua tia Glória para o período de convalescença. Ali, o machão que já viveu com diferentes mulheres e tem filhos espalhados pelo Rio, convive não só com Glória, mas também com Aracy, vizinha e grande amiga da proprietária. Uma convivência estranha, que vai mudando aos poucos e, ele vai conhecendo Glória e Aracy e vai não só se adaptando, mas se transformando.

Uma história de mudanças, de aceitação, mas Joel não me encantou e me cansou um pouco. Glória e Aracy, com suas vidas, me encantaram. Martha Batalha é uma excelente contadora de histórias, mesmo quando o personagem não é encantador.
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Ludmila 28/05/2023

Estive no Rio de Janeiro com a companhia das melhores pessoas, joel e Glória, orquestrados pela Martha. Livro gostoso, denso, forte. O desenvolvimento dos personagens é impecável!! Me remeteu ao mestre nessa técnica: Stephen King. O Joel é uma figura MUITO humana. Com toda aquela armadura de ferro qu foi construindo pra se defender dos pais e da violencia fisica e moral que ele vivenciava. Eu amo o Joel! E a Glória, com suas duas latas de milho, é incrível . Eu gostei demais
Fuzue 28/05/2023minha estante
fiquei com vontade de ler só de ver vc falando deles




Aylane Nunes 20/08/2023

Contemporâneo dos bons!!
Meu primeiro contato com a autora: o livro mais recente rs.
A primeira linha já causa um impacto e envolve o leitor de uma forma, ao passo que a narrativa vai se revelando de forma intimista, explorando decepções, relacionamentos interpessoais, expectativas ...
O cenário é em plena pandemia da COVID 19 mas também pincela o passado, falando da vivência dos personagens retratados no livro.
E o desfecho... Amei. O desfecho é bem satisfatório.
Recomendo a leitura !!
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@lendosonhando 04/05/2023

É possível rir em meio a tragédia?

Depois de ler Chuva de Papel da Martha Batalha a resposta é sim!


Nesse livro temos a história de Joel. Um jornalista aposentado, casado diversas vezes, mas sem nenhum vínculo familiar e que ainda tem sérios problemas com a bebida. Diante de uma tentativa sem sucesso de tirar a própria vida avaba indo morar de favor na casa de Dona Glória.

Durante esse período hospedado no apartamento de Dona Glória e que se estende até o período da pandemia, Joel acaba revisitando seu passado e de certa forma analisando o seu presente.


O livro vai alternando a narrativa entre a terceira e a primeira pessoa, o que
achei bem interessante para marcar os retornos ao passado de Joel onde ele não só nos dá vislumbres da sua vida, mas nos proporciona um panomora do nosso país e do Rio de Janeiro: desde a escalada da violência até os reflexos da ditadura militar por aqui.

Chuva de Papel tem um tom agridoce e em meio a tristeza, histórias de sonhos abandonados e luto também há espaço para momentos cômicos que de forma inesperada jogam verdades na nossa cara.
Mostra também as diversas formas que o patriarcado se manifesta ao longo dos anos com o intuito de diminuir e desencorajar as mulheres.

Um dos aspectos que me chamou a atenção é a forma como cada personagem lida com seus traumas e questões: Joel escolheu a autodestruição, Glória decidiu sobreviver e deixar registrado suas memórias, enquanto Aracy optou pela negação e fake news.

Chuva de Papel me fez pensar sobre a vida e sobre as decisões que tomamos aparentemente simples, mas que podem ter um grande impacto no futuro.
É sobre aceitar a nossa jornada e ficar em paz com ela e ter a consciência de que nunca é tarde para tentar modificá- la, mesmo que no casa do Joel tenha acontecido com boas doses de acaso e comodismo e falta de opção.
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