Dany Silva 30/10/2023
Uma Leitura Vazia. Se eu Fosse Você Pularia Fora
Depois do sucesso que foi "Uma Farsa de Amor na Espanha" este livro chega a ser uma ofensa. Tentei o máximo que pude, mas não consegui ultrapassar 70% da leitura deste livro. Quase na metade dele já estava sendo tortuoso e ao insistir mais cheguei ao ápice do tormento. Diferente do primeiro sucesso de Elena Armas, "Um Experimento de Amor em Nova York" não tem nada que nos faça prender a leitura, os personagens não são interessantes ou cativantes e, ouso dizer, que o próprio livro não faz jus ao título (isso chega quase a ser deixado de lado e retomado após quase 40% da leitura, mais ou menos).
Mas vamos ao que importa: os detalhes. Ambos os personagens teriam tudo para ser interessantes, mas a construção que é feita não os favorece. Lucas, apesar de doce, chega a ser quase insuportável diante de tanta perfeição. Já Rosie é bem diferente do que é apresentada em "Uma Farsa de Amor na Espanha" e tem um jeito muito autodepreciativo.
Relação - A protagonista, Rosie, se apaixona por Lucas apenas por ter stalkeado o cara muitas vezes no instagram. Entendam bem, não é um simples crush. Ela assim que o conhece deixa bem claro por seus pensamentos e sensações que já gosta dele de verdade, mesmo que nunca tenham tido uma conversa de verdade. E Lucas, apesar de a ver pela primeira vez no apartamento de Lina, já começa a enxergar com outros olhos. Tudo bem, nem todo livro precisa ter uma construção estilo "enemies to lovers", mas aqui não conseguimos acompanhar ou sentir como a relação deles é construída. Apenas entendemos que eles se sentem atraídos e gostariam de se amar. Por que? Resposta da autora: Porque sim, oras. A gente não consegue entender em que momento aquela faísca foi criada ou quando realmente um sentiu que amava o outro. Aqui os dois simplesmente expõem para nós, leitores, que eles se gostam. Então já fica óbvio para nós o que vai acontecer.
Maturidade - Okay, não é um problema estar claro para os leitores que ambos se gostam/amam. O problema é quando isso fica claro e os dois são imaturos demais para terem uma conversa de verdade que alinhe isso. Sério, qual é o problema do Lucas e da Rosie? Por que simplesmente não conversam e expõem o que sentem? Porque o que rola entre os dois, os carinhos e pensamentos são mais claros que água. Foi justamente esta falta de maturidade que me fez abandonar a leitura. Eu não suportava mais ver dois adultos agindo como adolescentes de 14 anos.
Sexualização de Banalidades - Adoro um livro com partes picantes. Adoro mesmo, porém, desde que isso seja bem construído e seja coeso diante da realidade e personalidade de ambos os personagens. Agora, se tem uma coisa que me irrita são personagens que SEXUALIZAM QUALQUER COISA. Aqui cada movimento feito por um deles é sexualizado pelo outro. Duas coisas foram o auge do absurdo pra mim. Existe uma cena que o Lucas está olhando para a Rosie e ela deixa a nuca à mostra (a narrativa absurda vocês encontram abaixo). Outra cena é o Lucas sovando o pão e a Rosie passando mal de forma infantil.
"Rosie riu e juntou o cabelo em uma das mãos, apoiando-a no ombro e revelando a nuca. Era longa, delicada , e aquilo me fez lamber os lábios".
"Lucas sovava a massa do pão e partes tristes e negligenciadas do meu corpo ganhavam vida ao ver seus dedos pressionando e massageando a superfície macia, trabalhando os ingredientes com uma diligência e uma mão de ferro que me faziam suar e me remexer na banqueta".
Gente, sério. O que tem de sexy nisso? Nem tudo deve ser sexualizado, pelo amor de deus. Sério, cadê a mesma delicadeza que a Elena de Armas empregou em "Uma Farsa de Amor na Espanha"? Sério, é decepcionante este livro. É péssimo ter que ler esse tipo de narrativa.
História - O nome do livro é "Um Experimento de Amor em Nova York". Porém, essa parte do experimento em si fica complemente escanteado e só surge quase na metade do livro. O livro em si, se não fosse esse experimento (que em si não é grande coisa) seria uma história completamente sem emoção de duas pessoas imaturas. Sem emoção porque não aconteceria nada, afinal os dois são duas crianças imaturas.
A única coisa boa da leitura é ter Lina e Aaron, mas isso não melhora o livro, porque eles aparecem muito pouco e não tem grande relevância.
Em resumo é um livro vazio. Não recomendo