Mari 28/04/2024
O contrário da vitalidade
O contrário da vitalidade
Terminei o livro, Bartleby o escrivão (uma história de wall-street), há uma semana e por isso poderia ter escrito essa resenha antes; preferi não.
Demorei muito mais do que geralmente deveria para lê-lo, acredito que tenha sido mal planejamento da escola e vida pessoal, não vou perder-me a isso.
O livro foi para mim uma digestão.
No começo da obra, não entendia muito bem Bartleby e irritava-me com ele - confesso que mesmo agora que terminei ainda não o entendo -.
Ainda que o observe de perto, ele não faz muito sentido, trouxe-me um grande estado de incomformidade e mal-estar - acredito ser essa a intenção de Melville; causar revolta a quem lê.
Perceba que poderia preocupar-me muito com a pontuação correta, vírgulas e afins, porém prefiro não.
Bartleby é um homem que prefere não fazer as coisas que lhe são mandadas.
Prefere não copiar, prefere não ir à padaria, prefere não tirar férias, prefere não se mudar do escritório, prefere não.
O narrador personagem da história, que é o chefe de Bartleby, acaba comformando-se com a ideia de que Bartleby prefere não fazer as coisas. Não que ele seja passivo no começo, mas acaba virando passivo e corroendo-se a apoia-ló para que ele reaja.
O livro retrata uma depressão que, pelo menos ao meu ver, não é possível concluir um rastro (o que pode ter causado?), isso é um dos enigmas do livro.
Acontece que Bartleby prefere não; fazendo com que os outros mandem nele e que ele seja punido (ou não) por atos infraciónarios.
Acontece - novamente - que, assim como na depressão, o indíviduo costuma não ligar para o efeito que causa em torno de si.
Ele passa a ser totalmente passivo aos desejos, da sociedade, de seu chefe, de si. O que vale mais: uma felicidade barata ou um sofrimento elevado?
Inato de suas ações; prefere não.
O livro, apesar de não estar nos textos finais de análise, passou-me uma ideia muito Nihilista mas prefiro não elaborar.
Acredito que tenha ficado viciada em preferir coisas.
Prefira ler esse livro.