Loba Literária 30/03/2024
Fico feliz de ver a escrita da autora evoluindo. Um livro direto ao ponto, sem enrolação. Sem cenas inúteis e repetições. Achei engraçado que até a autora reconhece, dentro do texto mesmo, seus erros com a trilogia de Poppy War.
O meu problema com esse livro é único: eu odeio personagem mimizento. E a June é a rainha do mimimi. Claro, é tudo parte da construção de personagem dela - a June não é chata em nenhum momento e todas as ações dela fazem muito sentido. Mas a presidenta da coitadolândia me deixa maluca, porque eu tenho vontade de socar a cara dela. Não torci pra June em nenhum momento - na verdade, não torci pra ninguém nesse livro. Ô, povinho tóxico.
Claro, o quanto esse ambiente tóxico e podre do livro não é uma consequência direta e uma escolha consciente da narração da June, não sei dizer com certeza. Adoro um narrador não confiável bem feito, e o livro inteiro GRITA que não podemos tomar tudo que acontece nele como verdade. Isso foi muito divertido de observar, marquei várias narrações. RFK acertou em cheio e mostrou toda a sua proeza com a escrita.
O tema também é super pesado, né - racismo e o mundo editorial. Algumas cenas de racismo achei um pouco caricatas, exageradas, mas eu não duvido que as pessoas falem e ajam daqueles jeitos - eu só nunca sofri esses ataques. De modo geral, acho que tem uma boa discussão sobre racismo aqui. O tema está claro e grita na sua cara o tempo todo.
A parte do mundo editorial me deixou agoniada. Como é o mundo no qual eu quero ingressar, é muito triste ver essa indústria (ainda que estejamos vendo como é só nos EUA). É de te deixar desesperado e te fazer desistir de se tornar escritor, editor, um profissional do livro. Verdadeiramente, uma história de terror.
O final foi um pouco meh, relativamente previsível. E foi muito vilão de desenho animado, com grandes monólogos do mal. Será que foi estratégia da June? De qualquer forma, não curti.
Um livro bom e que vale a pena ler e analisar. Ainda assim, fico feliz que o tenho no Kindle e não no físico. Acho que outras pessoas apreciação mais, talvez aquelas que não pensam em e logo, não serão desencorajadas de seguirem carreiras editoriais.