Relatos da China e da Índia

Relatos da China e da Índia Abu Zayd al-Hasan al-Sirafi




Resenhas - Relatos da China e da Índia


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Carol 16/04/2023

Impressões da Carol
Livro: Relatos da China e da Índia {séc. IX~X}
Autor: Abu Zayd al-Hasan al-Sirafi {Irã, 893-979}
Tradução: Pedro Martins Criado
Editora: Tabla
160p.

Sou uma entusiasta do gênero de literatura de viagem, como diários, relatos, narrativas de pessoas em contato com o outro. De quanto mais distante, temporal e geograficamente, for o relato, mais a chance dele me embevecer.

Pois "Relatos da China e da Índia" é um livro que me embeveceu, tanto pelo projeto gráfico - dos mais lindos que já vi - quanto pela leitura de um texto precioso, de valor histórico, cultural e literário.

Tratam-se, de fato, de dois livros em um.

O primeiro, cuja autoria é atribuída ao mercador Sulayman, foi escrito por volta de 851 d.C., e é um texto informativo. Descreve a rota de navegação entre o Irã e a cidade de Guangzhou, na China; dá dicas úteis aos mercadores interessados na viagem; e, o que mais nos interessa como leitores hoje, retrata os costumes e características destes povos.

O segundo, escrito por Abu Zayd al-Hasan al-Sirafi, em meados do século X, é como se fosse uma edição comentada e expandida literariamente do primeiro. Há espaço para causos, anedotas, maravilhamento frente ao estranho e o desconhecido.

E aqui me questiono: o que havia nas águas do Golfo Pérsico nesta época, que nos legou tantos relatos fantásticos como este, "As mil e uma noites" e tantos outros?

Minha hipótese, nem um pouco imparcial - pois como contadora (de números) estou no mesmo ramo desses mercadores - é que foram essas trocas, mercantis e culturais, as responsáveis por este legado de maravilhamento.? Deixo minha recomendação de leitura e transcrevo, por fim, estas palavras do tradutor:

"Dos olhares que o compõem, extraímos o fascinante, o estranho, o útil, o supérfluo, o insólito, o tedioso e muito mais. Tal multiplicidade pode até resguardar certo valor enciclopédico, porém, mais do que isso, nos ensina como é aprender através do convívio e da imaginação, e como esse processo é sempre resultado do relato de pessoas que, ainda que refratadas por seu próprio tempo e lugar, se propuseram a ir além desses horizontes para ver por si mesmas." p.137
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Paulo.Vitor 16/09/2023

Livro curto, que é, basicamente, como o tradutor apontou de maneira precisa no posfácio um "fundem-se citações de versos poéticos, história islamica, cartografia descritiva, rotas de comércio e correio, arrecadação de tributos, costumes e figuras notáveis."
É dividido em duas partes, nas quais, o tradutor também nos expõe no posfácio, que, possuem contextos diferentes, visto que no primeiro, o comércio com a China e Índia encontra-se elevadíssimo, enquanto no segundo, houve uma ruptura.
É interessante vermos, principalmente como muitas coisas se assemelham (ou deveriam) se assemelhar com o atual, tal qual a taxação na China correspondente ao quanto cada um ganha, ou seja, quanto mais ganha, mais paga de imposto.
É interessante ver como que se conseguia uma audição com o Rei, por meio de um cordão posicionado a 3 dias (acho que era isso)) de distância do Rei, e era necessário que quem quer que precisasse, tocasse para que o Rei se preparasse para as demandas vindouras.
Também foi interessante ver como eles mantinham o alto padrão de tecidos, por meio de uma exposição onde qualquer um podia apontar os defeitos.
É incrível de ver o quão preciso eles eram acerca da criação de pérolas pelas ostras, e todas os relatos adjacentes que estas pérolas tiveram.
Gostei da leitura, bem tranquila, foi possível aprender bastante em poucas páginas, me lembrou um pouco o "Viagem ao Volga" da Carambaia, que também li este ano.
A versão é capa dura, e é linda. Gosto bastante da Tabla, só creio que o preço deste seja um pouco salgado.
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