Moçambique com Z de zarolho

Moçambique com Z de zarolho Manuel Mutimucuio




Resenhas - Moçambique com z de zarolho


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Toni 18/04/2024

Leituras de 2023 | Cortesia da editora

Moçambique com Z de Zarolho [2018]
Manuel Mutimucuio (Moçambique, 1985-)
Dublinense, 2022, 128 pág.

No texto de orelha da presente edição, Reginaldo Pujol Filho chama a atenção dos leitores brasileiros para uma questão muito importante dentre as possíveis recepções deste romance: “Moçambique com Z de Zarolho complexifica noções como ‘lusofonia’ e ajuda a lembrar que somos tão (e muitas vezes mais) próximos de Moçambique do que de Portugal.” Essa elegante alfinetada já seria razão suficiente para encararmos esta sátira proposta por Mutimucuio, mas o romance, ainda que demasiado breve para o tanto que poderia ser trabalhado e desenvolvido, traz muitas outras camadas de interesse.

A história acompanha um punhado de dias na vida de dois moçambicanos de extratos sociais completamente opostos, Djassi, um deputado às vésperas de proferir o discurso e o voto mais importantes de sua carreira política, e Hohlo, seu empregado doméstico que migrou para a capital Maputo em busca de alfabetização e oportunidades. A votação em questão diz respeito à Lei do Renascimento Moçambicano, proposta do governo para mudar a língua oficial do país do português para o inglês, com a promessa de proporcionar “melhorias sociais” que, como sabemos, visam efetivamente apenas àqueles que já se encontram no topo da pirâmide social. Ora colada à personagem do empregado doméstico, ora muito próxima do deputado e de sua família, Mutimucuio consegue transitar com segurança através dos efeitos práticos e morais que a lei aprovada acabará por exercer sobre o povo daquele país.

O romance é bastante explícito em sua crítica ao colonialismo, à falta de consciência de classe, ao acesso à educação como moeda de troca e manipulação política. É curioso, no entanto, que, no lugar de criar uma espécie de “distopia” através da qual pudesse imaginar essa sociedade mais a fundo, décadas após a implementação da Lei, o autor tenha optado por descrever apenas alguns dias de euforia e irremediável desencanto. Assim, a narrativa nos deixa à margem de sua própria história, com apenas nossa imaginação e todo processo histórico colonial para nos ajudar com as reticências.
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Janete75 16/04/2024

Sonhos
Se um dia, tudo em que você acredita que iria mudar sua vida é mudado. Você perde o emprego, as pessoas transferem as responsabilidades delas pra você e sua expectativa de melhorar de vida é transformada em nada. O quê, fazer?
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eduardo.holgado 13/03/2024

O novo colonialismo
O idioma português foi imposto pelo colonizador, com objetivo de ser aceito por outras nações, o governo impusesse o inglês como novo idioma oficial? Não seria uma nova colonização?
Esta obra apresenta uma situação fictícia, beirando uma distopia, muito bem conduzida.
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Lysiane.Correa 08/01/2024

Which colonizer do you choose?
1/2024
Moçambique com Z de Zarolho, Manuel Mutimucuio
Dublinense, 2022
119 páginas

Esse livro carrega um debate, mesmo que raso, sobre como nossa língua materna tem papel primordial na formação da identidade de um indivíduo. Logo, também discute como a dominação da língua oficial garante um status quo muito mais privilegiado aos cidadãos que dominam a boa fala e leitura ? a falta de tais habilidades se configurar como analfabetismo, e Manuel mostra como essas pessoas ficam à margem da sociedade e como muito menos oportunidades são conferidas a eles.

Partindo dessa reflexão, 'Moçambique com Z de Zarolho' é uma fábula parlamentar que tinha tudo pra ter um desenvolvimento muito bem amarrado. Infelizmente, o livro se perde um pouco e traz várias imagens 'picadas' do todo que está ocorrendo no país.

O chamado Renascimento Moçambicano é, portanto, a adoção do inglês como língua oficial de Moçambique e, não mais, a língua portuguesa. Tendo a consciência de que boa parte dos habilidades se comunicam em dialetos e não na língua no colonizador, o retrato final é composto por expectadores que pouco o mal compreendem o anúncio do presidente sobre essa nova realidade imposta.

Vale a pena fazer essa leitura!
Como mencionei, é um livro rápido e um pouco raso no assunto, mas para quem não tem a língua como objeto de estudo, pode encontrar um prato cheio para iniciar as discussões no tema. Quem já trabalha com isso na letras, pode ser um pouco "mais do mesmo" das teorias linguísticas.

Talvez, seja um ótimo livro para a sala de aula! Simples, rápido, de fácil compreensão e da um "start" para debates pertinentes sobre o social, político e linguístico (até de fake news, hein vizinhos fofoqueiros) ?
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Rosa Alencar 09/12/2023

Se queres a independência porque manter o idioma?
Faltam respostas! Mas tem-se meias histórias de montão, recheadas de perguntas. Enfim, quem vai ensinar a língua inglesa?

Lá no distrito, quem haverá de saber falar inglês? E por suposto, quantos poderão lecionar o idioma do colonizador?

Recheada de bons momentos, a leitura nos faz refletir sobre as barreiras impostas pelo idioma, ainda mais em um país com >20 línguas!
Lá na aldeia, ninguém sabe português e muito menos inglês!! Hão de aprender, afinal é tempo de nova ordem!!

Vamos que vamos!!
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Paulo.Vitor 26/11/2023

"Para Djassi, toda lista de "sucessos" só vindicava o seu argumento e de outros críticos de que a lei só beneficiaria a mesma elite que já estava bem no status quo"
O livro conta um período da vida de Hohlo, um empregado doméstico, que, como nos é explicado, foi alfabetizado na língua portuguesa, pois, apesar desta ser a língua oficial, o Moçambique possui 43 idiomas, sendo que as línguas maternas mais faladas são o Macua, o Changana e o Elomwe. Seu chefe, Djassi, é um deputado que, após ficar sabendo do plano que visava trazer o Moçambique para a cultura mais americanizada, fez um discurso voltado pra proteção da língua portuguesa como língua do país, visto que queriam colocar a língua inglesa como a principal.
É importante, para a leitura, creio eu, saber que, a língua portuguesa, como o próprio autor disse (numa ótima entrevista no canal da Bárbara, o B de Barbárie), era uma língua que era ligada a poder e privilégios, pois antigamente, apenas as elites falavam. Vemos que quando um número alto de pessoas aprenderam o português, no romance, eles decidem mudar, para manter a elite com um língua diferente e o abismo entre as classes sociais, para que o povo precise correr atrás mais uma vez para tentar desmantelar essa hierarquia vigente.
É um ótimo livro, gostei bastante, me lembrou, como citei, o questionamento que alguns desavisados fazem acerca da colonização, se questionando do porque não fomos colonizados pelos ingleses, como se isso, fosse garantia de que o Brasil seria uma potência, ignorando totalmente a diferença entre colônia de exploração e de povoamento, como já ressaltava Celso Furtado.
A única coisa que me deixou meio confuso acerca do significado foi o final, que tem uma dinâmica esquisita que creio que eu tenha deixado passar algum detalhe.
Gostei bastante, li em 2 dias, leitura é fácil, e a escrita é ótima.

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annabethlenda 25/11/2023

Deus me livre de ter inglês como língua materna
Abordando um cenário onde, subitamente, a língua oficial de Moçambique passa a ser o inglês ao invés do português, esse livro vai acompanhar Hohlo, um empregado doméstico, e a Família Costa, patrões de Hohlo e composta por Djassi, que é um político.

Gostei bastante do livro, toda essa questão da língua e das classes sociais me fez refletir muito. Curtinho, li em poucas horas. Adorei ver as diferentes palavras do português de moçambique e as diferenças comparado ao português brasileiro.

Fiquei um pouco confusa em me situar dentro dos acontecimentos da história, mas acho que se eu reler consigo entender numa boa; Acredito que não seja um problema do livro e sim de interpretação minha mesmo.

Um bom livro, em um geral. Foi meu primeiro contato com um autor moçambicano, achei muito boa a experiência!

(nota: A capa é linda e eu adorei o título do livro)
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Erica.Barone 16/03/2023

Uma boa sátira social, sobre um País que guarda muitas semelhanças com o Brazil ?com ?z? de zarolho?. Dentre elas: a desigualdade social e a indiferença de uma classe política que só pensa nela própria.
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Lu Oliveira 03/03/2023

Moçambique com Z de Zarolho - Manuel Mutimucuio
E se, de um dia para outro, o presidente aparecesse na TV discursando em outra Língua, com legenda, para uma população que em boa parte é analfabeta ou se comunica, predominantemente, por dialetos?

Em Moçambique com Z de Zarolho, de Manuel Mutimucuio, conhecemos o plano de "Renascimento Moçambicano", em que o governo propõe trocar o Português pelo Inglês, como Língua oficial do país.

De um lado, há quem defenda as melhorias que adotar "a Língua moderna das relações internacionais" proporcionará; benefícios que "a Língua do colonialismo" nunca trouxe.

Do outro, quem discuta que a mudança privilegia apenas a elite, sendo um choque cultural tirar do povo sua Língua que, embora não seja dominada, é a conhecida.

Tendo o Português como Língua materna (e ciência de que não é simples ter fluência em outro idioma, mesmo que presente em nosso cotidiano), é impossível ficar indiferente a essa história.

Enfim, não tem como não reconhecer as vivências dos personagens - um empregado doméstico e um político - nos contrastes da nossa sociedade.

Não vou me estender além (o livro é curto e fluido), mas espero ter aguçado sua curiosidade.

Pois foi pelo título curioso e capa convidativa que escolhi minha primeira leitura da @dublinense e, como o esperado, acabei encontrando um Pequeno Grande livro.

site: https://instagram.com/lueseuslivros
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Devoradora de livros 28/02/2023

É sempre assim né, os mais ricos e poderosos sempre mudando a linha de chegada dos mais pobres e com menos oportunidades. Essa história se passou em Moçambique, mas poderia ser até no Brasil ou qualquer outro país. Um livro curto e muito bom.
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Angie - @livros_libras 28/02/2023

Do you speak....?
Esta é uma pequena distopia sobre parlamentares que não se importam com seu povo.

Moçambique, país africano que teve a sua independência há poucas décadas, ainda carrega muitas marcas do seu colonizador: Portugal. Mas, neste livro, por votação política foi decidido trocar o idioma oficial para o inglês. Desta forma, falamos agora de Mozambique. Contudo, nenhum planejamento foi feito para seus habitantes.

É assim que entramos no dia a dia do empregado doméstico Hohlo, um jovem de 27 anos que ainda quer estudar e aprender o português e de um dia para o outro perde tudo. L.i.t.e.r.a.l.m.e.n.t.e.
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Marcos.Alexandre 27/02/2023

Moçambique com Z de Zarolho
?E para quem ignora, quero aqui afirmar categoricamente e em bom sim que o português precisa de Moçambique, mas o inglês não precisa de Moçambique, Moçambique é que precisa do inglês?

Eu peguei esse livro da @dublinense para ler já sabendo que iria ser um livro bastante reflexivo mesmo com a pequena quantidade de páginas (125). E eu não estava errado.

O livro gira em torno da promulgação de uma nova lei que constitui o inglês como língua oficial, afastando o português e também os ?dialetos? locais.

Essa decisão é apresentada como uma roupagem brilhante e progressistas o que, obviamente, não é o caso. Pelo menos não para a grande maioria da população que já viu suas línguas serem rebaixadas a dialetos e que mal sabem o português, quem dirá o inglês.

O que tem uma roupagem que brilha é na verdade uma grande manobra para os ?grandes? ficarem maiores e os ?pequenos? menores. O que não é muito incomum no mundo real.

O protagonista do livro, para mim, representou o fim da esperança de uma vida melhor de um povo inteiro.

Vale muito a leitura!
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Priscylla 18/02/2023

Crítica social genial
Com Moçambique como plano de fundo o autor traz uma crítica social sobre como a elite constantemente muda a linha de chegada para os mais pobres.
A manutenção da desigualdade social pelas classes mais altas é a chave para não ocorrerem mudanças na sociedade.
O Brasil poderia muito bem ser um plano de fundo para essa história.
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Giovanna 01/02/2023

E se mudassem a língua falada no seu país do nada?
Moçambique com Z de zarolho é um livro curtinho, com poucos personagens mas que traz muitas reflexões sobre políticas de governo que beneficiam grupos muito específicos da população. Então quando decidem mudar da noite pro dia a língua oficial falada no país, vemos como isso impacta dois personagens: um empregado doméstico e um deputado.
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Andressa Klemberg 20/01/2023

Baita sacada
O livro parte de uma premissa genial da troca da língua portuguesa pela inglesa em Moçambique e como isso afetaria todas as camadas da população. Li de um gole só, fantástico!
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