Latim em pó

Latim em pó Caetano W. Galindo




Resenhas - Latim em pó


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Gabriel685 26/01/2023

Latim em pó, de Caetano Galindo.
Concordo com Marcos Bagno (pelo menos nisso), é pouca a presença de obras de divulgação aqui no Brasil. Falo desses livros-ensaios sem pretensão de revolucionar o mundo acadêmico para todo o sempre, mas “apenas” apresentar ao grande público (eu e muito provavelmente você) a síntese de uma grande ideia ou de uma grande corrente do pensamento.

Penso que um dos motivos dessa baixa produção do gênero aqui em nosso país seja nossos intelectuais; eles são muito importantes para sujar seus Oxford no barro da "periferia" do conhecimento.

Mas Caetano não é assim, o sujeito têm prêmios o suficiente na sua carreira e poderia continuar vivendo de sua excelente reputação como tradutor, pesquisador e professor universitário pelo resto da vida. Mas Caetano não é assim. Ele decidiu juntar toda sua erudição — o bom humor também — e colocá-la no livro Latim em pó.

A publicação conta a história do nosso idioma, a língua portuguesa. Ou a língua brasileira, como os franceses gostam de dizer ao nos traduzir. Aprendi isso no livro, inclusive.

Então, como estava falando: o livro conta um pouco da trajetória do idioma e suas andanças pelo mundo afora. Fala de seu início lá no que os linguistas chamam de pronto-indo-europeu até chegar no pretoguês. Isso mesmo que tu leu: pretoguês.

Uma das teses principais do autor é que os africanos e suas línguas não apenas emprestaram algumas palavras ao nosso idioma. Nossos ancestrais africanos também ajudaram a modificar nossa língua. Muito do nosso jeito de falar e escrever vem dos povos originários e dos negros escravizados.

Outro ponto principal do livro, eu diria até que uma de suas colunas essenciais, é a "cuestão" do movimento permanente da língua. Nosso idioma — e todos os outros — muda o tempo todo e todo o tempo está mudando. O que chamamos de português hoje é só um recorte temporal do que será o tal “português” daqui mil anos. Claro que exagerei, mas tu percebeu mais ou menos o lugar que quero chegar. Veja, o hebraico bíblico não é o mesmo hebraico falado hoje em Tel Aviv. Assim como o grego homérico e a lista é longa.

Latim em pó é um daqueles livros que ficaremos lendo várias e várias vezes na vida. Ora para revisarmos alguma coisa, ora para nosso deleite.

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Carolaine61 30/03/2024minha estante
Concordo com o Gabriel que concorda com Marcos Bagno.?


Luís Roberto 13/04/2024minha estante
Confesso ter minhas (muitas) críticas a Marcos Bagno, mas concordo com ele no mesmo ponto em que você com ele concorda.




Ogaiht 20/02/2024

A Origem de Nossa Língua
Nunca houve nada parecido com o Império Romano. Apesar de não ser o maior império da história, essa civilização dominou vastos territórios, incluindo a Bretanha, as penínsulas ibérica e itálica, a Gália, a Grécia, a Turquia, a Palestina e o Egito e todo resto do norte da África. Com essa expansão veio sua religião, cultura e sua língua: o Latim.
Com o colapso da parte ocidental do império, essa região vai se fragmentado em vários reinos governados por outros povos, cujas línguas vão se misturando com o latim, fazendo com que alguns séculos depois se formassem as línguas românicas como o italiano, o romeno, o francês, o espanhol e, por último, o português.
Esta obra narra de forma didática e muito interessante a trajetória do latim e da formação da língua portuguesa. A leitura deste livro é extremamente prazeirosa e deveria ser leitura obrigatória para todos estudantes de letras. Não há muita análise técnica linguística, apesar de o autor dar alguns exemplos de palavras e expressões, preferindo focar mais na parte histórica e nos eventos que moldaram a trajetória do português. De qualquer forma, é uma excelente obra introdutória que mostra como uma língua evolui.
debora-leao 02/03/2024minha estante
Eu li ano passado e fiquei bem empolgada. Eu faço mestrado em Linguística, mas minha graduação não é da área, então pude aproveitar bem alguns temas dos quais conheço pouco, como a linguística histórica que ele cobre tanto. Achei a discussão sobre preconceito linguístico bem madura também (não li o famoso livro do Bagno, apesar de tê-lo na estante... Falta de tempo rsrsrs). Mas concordo totalmente com vc: é uma obra introdutória, que eu recomendo a todos como capaz de trazer esses assuntos mesmo para quem não é da área de forma acessível. Fiquei feliz de ver que terminou de ler e gostou. :)




Lucas1429 28/03/2024

Café em pó
De antemão, num capítulo-prefácio, Caetano Galindo garante que este não é um livro de história (no maiúsculo). Mas, termina como um livro histórico! (apoteótico).

Uma reconstituição coloquial da Europa que foi império - tudo começa em Roma -, foi guerreira, foi colonizadora, foi falante. De lá, o latim, de que vai derivar o português daqui. E são vários os portugueses. O latim mesmo, em suas estaturas, do intelectual ao vulgar (dito popular), proferido pelas mais diferentes camadas sociais, será a base do que falamos hoje, ainda que haja controvérsias no caminho.

Na bagagem, entre a Reconquista e o Colonialismo, houve influência galega, árabe, africana, tupi, sem esquecer do latim
maternal, até a nossa fonética bem brasileira. Como toda língua, esta não foge à regra, foi feita, refeita, de povos, de vivência.

Galindo sentencia a missão linguística, mais preocupada em compreender as variações e mudanças idiomáticas do trajeto da formação, neste caso, da língua portuguesa, que a normativa gramatical.

Mesmo concisa, a obra tem o necessário para justificar seu apelo informativo: recorre aos meandros factuais da humanidade, adquiridos pelos "desvios culturais", pra dizer quem fomos/somos.
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jota 01/07/2023

GOSTEI: livro interessante, goste você ou não de sentir a sua língua roçar a língua de Luís de Camões, como quer Caetano Veloso
Lido entre 22 e 30 de junho de 2023.

O livro de Caetano W. Galindo, cujo título foi inspirado na canção “Língua” de outro Caetano mais conhecido, o Veloso, citado aí em cima - e o compositor baiano canta: “Flor do Lácio, Sambódromo Lusamérica, latim em pó / O que quer / O que pode esta língua?” -, é exatamente aquilo que diz seu subtítulo: “Um passeio pela formação do nosso português”. Ou seria do nosso idioma brasileiro? Conforme já queria décadas atrás outro famoso compositor, tal qual Caetano, um dos melhores talentos de nossa música, o carioca Noel Rosa? Que não é citado por Galindo.

Com sua canção “Não tem tradução” Noel dizia que “Tudo aquilo que o malandro pronuncia é brasileiro, já passou de português.” Verdade que Noel Rosa parecia então querer com sua letra criticar os estrangeirismos presentes em nossa língua (ou no nosso samba) que vinham, sobretudo, através do cinema e da música estrangeiros, mas no fundo ele também estava dizendo, ou refletindo, que era preciso “valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma legítima de identidade nacional.” Ou, como quer Caetano Veloso, “A língua é minha pátria / E eu não tenho pátria, tenho mátria / E quero frátria”, mais uma vez citado por Galindo.

Justamente a fala popular é um dos fatores que impulsiona a nossa língua, que não é imutável, estanque, então Galindo mostra com seu livro a transformação (evolução) do que viria a ser o nosso português (ou brasileiro) desde a Europa, passando por Roma, depois por Portugal e recebendo aqui a enorme contribuição dos povos originários e também dos negros africanos escravizados. Um longo processo que o autor paranaense não transformou num aborrecido (para leitores comuns) ensaio acadêmico, mas num livro que todos podem ler com bastante interesse e sempre aprender alguma coisa. Eu aprendi várias.
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FellipeFFCardoso 28/08/2023

A última vez em que me lembro de ter lido algo que me provocou uma reorganização identitária enquanto brasileiro fincado na América Latina, fruto de muitos mundos diferentes, talvez tivessem sido os livros de Roberto DaMatta, Sérgio Buarque de Holanda ou Ana Maria Gonçalves. Estou me esquecendo de alguns outros, provavelmente. Junta-se a eles este livro rápido e preciso do Caetano W. Galindo, que é um dos melhores tradutores literários de nosso tempo (senão o melhor). Entender o pó do Latim (e não apenas) na massa que nos alimenta enquanto povo teve impacto que eu gosto de chamar de balbúrdico em mim (sim, essa palavra não existe no dicionário como adjetivo, mas eu a uso mesmo assim). Que lindo é saber que somos feitos de coisas comuns e que sobrevivemos aos preconceitos que aparecem e seguem aparecendo na tentativa de dizer o que é certo apenas para o que é pretensamente errado pene, pague, sofra; que o idioma que falamos é vivo, forte, resiliente, uma caldeirão de influências e, especialmente, uma língua de acolhimento apesar de questões políticas e econômicas. Ao ler este livro, pude me repensar, me reconhecer, me ampliar, me permitir enquanto agente transformador deste mesmo idioma e, logo, ligado a tanta gente no mundo que, a partir de suas histórias geopolíticas, entendem-se irmãos uns dos outros, sem perder aquilo que nos faz o que somos. Seria demasiado importante ter tais discussões em escolas, nas academias, quem sabe com isso não fossem as escolas e academias parte de um projeto de poder e mais acessíveis? Livro importante. Lindo e simples, como as coisas seminais normalmente são.
xtina42 28/08/2023minha estante
Muito interessante sua resenha. E gostei do balbúrdico haha


FellipeFFCardoso 28/08/2023minha estante
Usemos o balbúrdico! Hahaha gosto de pensar que escrevo mais comentários afetivos do que resenhas (pra me pensar menos petulante rs). O importante é nos conectamos, né? Independente do que chamamos aquilo que escrevemos!




Rangel 27/01/2024

A formação da língua portuguesa
Livro de leitura agradável, bem escrito e muito rico em informações, oferece de maneira muito didática, a história da formação da língua portuguesa.
O autor conta a história da língua portuguesa desde sua origem, do latim, sua evolução do latim para o português e as influências de outras línguas e por fim a língua portuguesa no período da colonização portuguesa.
Vale muito a leitura.
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b1ktwpas 06/09/2023

Uma jornada muito interessante sobre as origens de nossa língua.
Simplesmente fascinante conhecer um pouco mais da jornada da língua portuguesa (e outras, irmãs) desde o latim antigo até a língua falada na modernidade e perceber como nada acontece de forma linear. Também não fazia ideia que aqui no Brasil, em algum momento do passado, houve a possibilidade de a língua portuguesa não se estabelecer como língua oficial de fato no país. Com isso quero dizer que poderia, no papel, a língua portuguesa ser oficial, mas no dia a dia e na vida real a população utilizar alguma língua de origem indígena ou algum crioulo baseando em português e línguas indígenas. Não havia ouvido falar do nheengatu ou do pirarrã e foi muito saber da existência dessas duas línguas dos povos originais, sendo o nheengatu muito falada em algumas cidades do norte do país ao ponto de ser língua co-oficial juntamente com o português e o pirarrã ter uma gramática diferente ao ponto de os linguísticas questionarem suas teorias mais bem aceitas acercada da evolução de um idioma. Enfim, é uma leitura que valeu muito a pena e que indico a qualquer pessoa que tenha interesse em linguagens.
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MLuíza 01/04/2023

Latim em pó
Esse livro já havia sido recomendado a mim, porém eu pensei que seria só um a mais na lista de leituras acadêmicas com um linguajar todo culto e assim, para mim, arrastado e chato de ler. Contudo quando eu o abri para ler o capítulo específico que tinha e me deparei com uma linguagem mais acessível, com a intenção de atingir um público amplo e não um específico de estudiosos, foi impossível resistir.

Caetano traz uma abordagem sobre a língua portuguesa, língua brasileira, de uma forma muito bem construída. Ele conta da melhor forma a história de sua formação, o que é algo muito complexo e que tem vários desdobramentos em si, traz questionamentos e visões importantíssimas sobre o que é a língua, sobre como ela não se resume a um certo e errado, sobre preconceito linguístico e como isso faz as pessoas perderem o fascínio pela diversidade do nosso idioma, de todos os idiomas.

A língua não é algo fixo, imutável, ela é algo vivo e em constante mudança, algo que espelha nossas próprias mudanças e a área de estudo acerca dela por consequência sempre vai encontrar algo novo para explorar, uma interrogação a ser resolvida que na verdade vai fazer outras surgirem e a maior beleza está nisso, nessas interrogações que nunca vão sumir. O nosso latim em pó vive, se transforma, ele é resultado de um longo percurso já percorrido e que não tem fim, ele é um guri, um mano, um senhor, um tu, um você, uma entidade diversa e por isso tão visceral.
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gabrieus 06/05/2023

Bem vinda
Imagine uma viagem pela história da formação nosso português (ou brasileiro, como traduzem os franceses). Imaginou? Bom, você deve ter imaginado uma viagem muito chata, não é? Mas felizmente esse gênio que é o professor Galindo consegue nos contar essa história de uma maneira interessantíssima e acessível para que não tem conhecimentos técnicos no assunto. É impressionante como em menos de 300 páginas ele consegue abordar tantos temas caros para o debate sobre nossa língua, como preconceito linguístico, a nossa herança tupi, africana, árabe, latina, etc. Não imagino uma jornada melhor para se fazer do que esta guiada pelo Galindo.
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Pedro.Antonio 18/01/2024

Que aula!
Nesse livro viajei junto com o autor em meios geográficos, históricos e principalmente linguísticos!

Uma chuva de aprendizados que me fascinou com a complexidade e beleza da nossa língua, que me fez respeitar ainda mais toda a história de seu surgimento e que me incentivou a querer explorar outras línguas desse mundão.

Um livro de escrita complexa (queria que fosse um pouquinho menos) mas muito gostosa de ler, principalmente por trazer elementos que usamos no dia a dia, dando a possibilidade de brincar com pronúncias e entender etimologias de uma forma divertida.

Muito bom!
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Mauricio 05/06/2023

Neste livro o autor Caaetano Galindo faz uma viagem pela história da formação da língua portuguesa, desde antes de Camões, vai passando pela história não só da língua mas dos movimentos populacionais que ocorreram na Europa nos períodos pré a pós medievais, com destaque para a península ibérica e o território português. Passa para o período das navegações e a contribuição que os povos originários bem como os escravizados tiveram na formação da nossa língua. Caetano Galindo é um estudioso da língua, e durante o texto há vários exemplos de palavras onde ele usa a etimologia para explicar a origem e o sentido. Eu gostei mais da parte que descreve a formação do estado português, não sei se por ser-me mais desconhecida... Na parte posterior ao descobrimento do Brasil e as influências dos povos além mar, achei o texto um pouco mais inconcluso, mas não me deixou perder a curiosidade de ler todo o livro e aprender mais sobre a nossa língua portuguesa que poderia se chamar brasileira.
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CrisIngrid 13/02/2024

Minha experiência de leitura
Por eu já ser formada em Letras, alguns pontos abordados pelo autor já eram de conhecimento meu, mas isso não tirou o prazer da leitura e a sensação de que foi um livro muito simpático - assim como o autor - com uma escrita bem descomplicada. Gostei de como ele foi desvelando algumas razões de ser de certas questões gramaticais do nosso português. Como se trata de um livro bem introdutório, que tem como objetivo auxiliar alunos iniciantes de cursos que se interessam pela nossa língua, acredito que esta obra possa ser lida por pessoas de fora da área. Inclusive, acho que faria muito bem. Principalmente porque ele argumenta contra aquela velha ideia que algumas pessoas têm: “sou péssimo em português”. Será que é mesmo?

“A história da implementação da língua portuguesa no nosso território é um drama. Nada tem da narrativa pacificada, meio oficial e meio preguiçosa, que nós mesmos costumamos adotar.”
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amarogusta 07/06/2023

Uma carta de amor à nossa língua
Caetano não nos apresenta à língua portuguesa, mas nos oferece um redescobrimento dela. Desde o primeiro momento, com sua habilidade de transformar uma leitura numa aula em roda: eu, aos oito, sentado no EVA, completamente encantado com a mágica que ele faz das palavras. Todo esse encanto para, depois, dizer cada palavra salivando com o sabor e poder de cada uma delas. Mesmo essas.

A língua nos explica. Somos seres fundamentalmente linguísticos, comunicativos. Homo loquens.

A língua brasileira, então, (discussão cujo lado ainda não me decidi, já que não concordo completamente com o autor sobre o papel que o nome da nossa língua teria sobre nossa identidade) é nosso patrimônio. E, para além da discussão português X brasileiro, todas as línguas brasileiras e aquelas africanas que não “temperaram” o português europeu, como se acredita, mas que constituiu enormemente a forma com que falamos e expressamos nossas mais cotidianas relações.

Estou apaixonado. Eu amo minha língua. Obrigado, Caetano, por me mostrar isso.
Jei_ 31/07/2023minha estante
Que resenha maravilhosa, fiquei com vontade de ler esse livro!




Silvia Schiefler 31/10/2023

Saber um pouco mais sobre a nossa amada "última flor do Lácio, inculta e bela,
És a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, fira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!"... como bem disse Olavo Bilac...
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fernandes 14/04/2023

Latim em pó~
Eu gostei bastante do livro, bem informativo apresenta vários pontos de vista importantes. rápido de ler, é pequeno.
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