Dani 07/06/2023
Romance de época com contexto histórico dos bons!
Romance de época, com uma pitada de romance histórico, que se passa na Índia em 1820? Temos! E temos com qualidade!
Tendo em vista a frase que dá início a resenha do quarto livro da série “Amores Estrangeiros”, da Stefany Nunes, “Um Contato na Índia”, percebe-se que esse foi um livro que amei ler. Ouso dizer que se assemelhou a experiência que tive ao ler o primeiro livro da série (Um Cretino na Austrália – tem resenha aqui no Skoob). Adianto dizendo que a minha nota foi um 4, com todas as estrelinhas possíveis e imagináveis.
Bem, como sempre, gosto de contextualizar sobre o marco de tempo que a trama acontece, e aqui temos a história da Angelica Hans e Dev Beaman passando pelos anos de 1815, 1820 e 1825. Importante destacar que a primeira aparição de Angelica foi no livro “O Interesse do Barão”, da série “Amor & Acaso”.
A narrativa começa com Angelica (na Inglaterra), recém viúva, sabendo que seu falecido marido tinha outra família por praticamente todo o tempo que estiveram casados. Buscando “fugir” do sentimento de frustração, raiva… ela embarca para a Índia. E é na Índia que temos Dev, filho de uma indiana e um duque, que apesar de ter nascido na Inglaterra nunca foi aceito por ter na sua aparência a comprovação do quão indevida a sociedade via a relação de seus pais. Seu pai decide voltar para a Índia, e lá Dev constrói sua vida e sua identidade (além de lidar com a morte do pai).
Em alguns livros dessa série que incomodou o fato da falta de informações sobre o passado de alguns protagonistas, no entanto, neste livro a Stefany conseguiu contar o necessário e aprofundar o suficiente para podermos entender como a Angelica e o Dev do passado construíram a Angelica e o Dev do presente.
Angelica, apesar de ser uma dama inglesa da época (se sujeitando as amarras de regras e costumes), consegue ser uma personagem que se movimento dentro dos poucos espaços de liberdade que lhe são “permitidos”. Ela se utiliza do “verniz do permitido” para ir além. Fora dos olhares de uma Inglaterra opressora, apesar de ainda trazer o peso da frustração (já dita nesta resenha anteriormente), conseguimos notar como se pequenos pedaços da sua alma voltassem para o seu corpo. A caminhada da Angelica me tocou sem eu perceber, e isso foi especial.
Não menos importante, a construção da história do Dev também é de uma sensibilidade e relevância que preciso colocar aqui. A Stefany fala sobre preconceito, sobre o preço pago pela quebra de normas sociais, sobre bulling e o fato de que não enfrentar algo não significa que você é um covarde, mas que isso trata-se de autopreservação.
Se os protagonistas individualmente para mim funcionaram muito bem, juntos eles não decepcionaram. Química, humor, romance… na dose certa para a gente querer mais e mais páginas sobre esses dois. Particularmente gosto quando a protagonista não é a virgem pura e intocada que só falta acreditar na história da semente. As cenas quentes ficam ainda mais interessantes com a entrada dos elementos da cultura oriental.
Pegando o gancho sobre a cultura oriental, as informações históricas sobre a Índia e descrição dos elementos e cenários enriqueceram demais o livro. Aquilo que está entre os pontos que mais gostei no primeiro livro da série (e acho que se perdeu nos dois livros da sequência), volta de um jeito que me encantou. Para não dizer que foi perfeito, achei que a epidemia de cólera (que mostrava sinais no meio da história e é confirmada nas páginas finais) ficou um pouco solta.
Sobre os personagens secundários (aqueles que aparecem na Índia), todos me encantaram e me conquistaram. Não senti como se fossem apêndices dos protagonistas, e, me adiantando confessando com pouquinho de decepção pela novela que encerra a série não ser com personagens desse livro.
Para finalizar essa resenha (que ficou longa, mas, não me julguem haha), fiquei eufórica quando todos os protagonistas dos livros anteriores aparecem sendo citados no meio de uma conversa entre Angelica e Dev. Sabe aquela sensação de “eu sei de quem vocês estão falando” ou “eu também conheço esse pessoal”? Eu fiquei exatamente assim.
Sobre o epílogo… hummm... não me encantou. Achei que a construção do momento tirou o brilho da Angelica e do Dev. Muitos personagens, muita coisa acontecendo… e nada que me prendesse ou, que para mim, justificasse um capítulo extra. Apesar isso, o epílogo não tirou o brilho deste livro. Queria tê-los na minha estante? Demais!