Estou feliz que minha mãe morreu

Estou feliz que minha mãe morreu Jennette McCurdy
Jennette McCurdy




Resenhas - Estou feliz que minha mãe morreu


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Tainateixeira92 30/04/2023

Eu também estou feliz que a mãe dela morreu
Essa leitura foi uma das mais impactantes que fiz. Tive vários gatilhos e mal-estar. E como se avalia ou da nota para um livro que relata a vida dolorosa de alguém? Mas, essa leitura exige uma reflexão. Penso que uma autobiografia é uma forma do artista transmitir sua própria narrativa e de “reparar” a visão destorcida, que muitas vezes a sociedade cria por conta da mídia, das redes sociais. Fui da geração que assistia iCarly, mas esta serie não vai mais me tirar sorrisos. Apenas consigo admirar a trajetória da Jennette, ao ser tão corajosa e resiliente por compartilhar seus traumas com a sociedade, de forma tão detalhada e transparente.

Fiquei abalada com a honestidade e a emoção que McCurdy na autobiografia, que vai desde a sua fama precoce na infância, até o pós-encerramento da sua carreira na Nickelodeon. Conforme sua vida é descrita, a gente passa a compreender sua saúde mental, sua luta contra a anorexia, bulimia e o vício em álcool. O título do livro pode parecer degradante, mas é o melhor significado da relação complexa de McCurdy com sua mãe. Jennette compartilha as dificuldades em lidar com a perda da mãe e como isso afetou sua vida pessoal e profissional. Mas o livro também despretensiosamente tem conselhos inspiradores e práticos para aqueles que enfrentam desafios semelhantes.

A sociedade precisa ser reeducada, a compreender que a maternidade não é um conto de fadas. Detesto essa romantização que se tem na figura materna. Enquanto algumas mães se dedicam completamente aos seus filhos/as e os amam incondicionalmente, outras podem ser abusivas, negligentes ou narcisistas. Infelizmente, muitas pessoas apresentam a maternidade como uma visão idealizada e perfeita, o que pode levar a expectativas irreais e injustas para as mães e consequências irreversíveis para os filhos/as.

Com uma mãe narcisista, o perigo de se romantizar a maternidade, pode acabar minimizando ou justificando comportamentos abusivos. A mãe narcisista é alguém que coloca suas próprias necessidades e desejos acima de tudo, incluindo as necessidades emocionais e físicas de seus filhos/as. Ela consegue manipular, humilhar e controlar seus filhos/as, deixando-os se sentir indignos, inseguros e sem valor. Se romantizarmos a maternidade, podemos acreditar que esse comportamento é normal ou justificável, em vez de reconhecer o dano emocional e psicológico que pode causar. Nem todas as mães conseguem oferecer amor e cuidado incondicional aos seus filhos. Ao reconhecermos esse problema, podemos criar um espaço para aqueles que têm mães abusivas a procurar apoio para conseguir lidar com os traumas que sofreram.

Recomendo a leitura, frisando que este livro pode gerar diversos tipos de gatilho.
Claudinei 01/05/2023minha estante
Esse livro me impactou muito! Um relato cruel e verdadeiro de uma relação doentia!


Tainateixeira92 01/05/2023minha estante
Ainda estou digerindo tudo que li, me deu muitos gatilhos!


Mika Flamino 02/05/2023minha estante
Uau amei a sua resenha
Agora vou ter que ler :)


Lyta @lytaverso 02/05/2023minha estante
Adorei sua resenha, muito bem escrita!


Tainateixeira92 03/05/2023minha estante
Obrigada Mika, lê e depois me fala no pv o que achou!!


Tainateixeira92 03/05/2023minha estante
Obrigada Talita ??


Tuka Queiroz 05/05/2023minha estante
Gostei muito da sua resenha sobre este livro, li algumas, porém a sua foi mais completa e só aumentou minha vontade de ler este livro. ??


Tainateixeira92 05/05/2023minha estante
Obrigada Tuka ??


Beca 06/05/2023minha estante
A vontade de ler só aumentou! Concerteza proximo mês estará em minhas leituras!! ?


Tainateixeira92 06/05/2023minha estante
Depois me fala o que achou da leitura Beca ?


Isabella 12/05/2023minha estante
Terminei quarta e você fez a resenha baseada nos meus pensamentos, só pode, me senti exatamente assim


Tainateixeira92 13/05/2023minha estante
Que bom Isa, que não se sentiu sozinha. Obrigada por compartilhar isso, também é importante pra mim!!


Itamirys.Lira 18/08/2023minha estante
Acabei agora de ler o livro e sua resenha é perfeita. Graças a Deus eu não tive gatilhos pq minha mãe foi ótima, mas eu me lembrei constantemente do meu melhor e da relação dele com os pais que constantemente manipulavam ele usando a religião. Só em contar passagens do livro a ele já despertei alguns gatilhos pesados. Na parte que ela fala sobre ser uma pessoa influenciável teimosa eu vi 100% do meu amigo e isso foi muito triste.


Tainateixeira92 06/09/2023minha estante
Itamirys espero que seu amigo está bem e se cuidando!


Itamirys.Lira 06/09/2023minha estante
Oi, meu amigo está melhorando. Ele é casado com meu tio e depois que foi arrancado do armário pela própria família começou a enxergar os abusos e está melhorando. O caminho é longo. Obrigada pela preocupação e consideração.




jonathan 07/01/2023

Um grande ensaio sobre emoções e cura que deixaria qualquer terapeuta orgulhoso
eis aqui uma pequena lista de fatos sobre a minha leitura de ?estou feliz que minha mãe morreu?: pra começar, eu obviamente amo a minha mãe e, como era esperado, consegui escandalizar ela quando o livro chegou aqui em casa; mas o que realmente é interessante, é que não sou um dos maiores entusiastas de não-ficção e muito menos adepto do ?ler o que acabou de chegar em casa?, mas eu abri uma exceção para este livro que, coincidentemente se tornou o meu primeiro recebido e leitura do ano e uma grata surpresa ? apesar de todos os pesares da autora.

bom, agora vamos um pouco ao enredo. provavelmente a maioria de nós, os interessados por essa leitura, deve ter crescido com icarly, brilhante victoria, sam & cat e etc muito presentes no dia a dia, talvez até sonhando em ter uma vida cheia de acontecimentos engraçados e grandiosos como as das personagens ou mesmo dos atores e atrizes; mas caramba, se prepare (!), estamos prestes a estilhaçar boa parte do nosso imaginário infantil: a vida da nossa icônica sam puckett (se ela me permite chamá-la assim ao menos uma vez nesta resenha) não era tão brilhante assim. jennette mccurdy, dona desta obra e de todas as vivências relatadas nela, passou por inúmeros traumas ao longo dos anos de interpretação, todos eles originados pelos desejos, manipulações e comportamentos abusivos de sua mãe, debra, que queria transformá-la em um produto perfeito em todos os sentidos IMpossíveis.

falando diretamente sobre a escrita de jennette, posso destacar pontos muito positivos para o seu uso em um livro autobiográfico, ela foi capaz de transcrever dezenas de passagens marcantes da sua vida com a maestria de uma romancista, passando tudo para o papel e adicionando a introspecção do seu eu da época de forma brilhante. o modo como mergulhei nas páginas chegou a ser assustador porque, ao emergir, me deparava com algo que quase me permitia esquecer: aquelas palavras estavam retratando a vida de alguém ? pior, de alguém por quem eu tenho respeito, carinho e simpatia intrínsecos por ter feito parte da infância a um custo alto demais.

agora, partindo para o modo como jennette expõe as facetas mais obscuras da sua história e expressa seus sentimentos, enxergar como ela é capaz de fazer o uso de um tom mais ácido/irônico para descrever sua ?raiva, indignação e ressentimento? atuais pelas situações vividas ao mesmo tempo que nos faz acreditar que sua versão de anos atrás realmente acreditava e se sentia daquela forma naquelas situações, demonstra uma habilidade e desenvolvimento emocional absurdos, o que me faz enxergar esta obra como mais do que uma biografia, e sim como um grande capítulo em um processo de cura pessoal capaz de causar grande reflexão sobre diversos temas aos seus leitores.

além de todas as situações com a mãe, que são o grande foco do livro, também é possível passear um pouco (mesmo com seu tom comedido sobre algumas) pelas relações de jennette com os colegas de cena ? incluindo ariana grande e miranda cosgrove ?, relacionamentos amorosos e outros trabalhos além dos que conhecemos pela nickelodeon. vale também ressaltar que essa leitura pode parecer fácil pela escrita e trabalho incríveis realizados pela autora, mas se trata de um texto extremamente sensível e cheio de emoções que podem ser pesadas para quem as consome. o texto aborda violência física, mental, sexual (eu diria) além de temas sensíveis envolvendo saúde mental, principalmente transtornos alimentares. mas, aos que se interessam por biografias ou pela vida da própria jennette e se sentem seguros para continuar, garanto, é uma leitura para se lembrar por muito tempo!
jrssilene 28/02/2023minha estante
uau incrivel, você descrebeu tudo que eu pensava sobre a obra, parabens pela a bela resenha!


jonathan 28/02/2023minha estante
aaaaai obrigado! sz


yuazi 04/07/2023minha estante
O relacionamento dela com a Ariana grande era ruim? Desculpa a pergunta, tenho essa curiosidade. Se puder me responder ficaria muito feliz em saber


jonathan 05/07/2023minha estante
acho que era uma questão de ela estar mal consigo mesma por todas as questões barra da vida dela, então ver a ariana tendo tanto destaque enquanto ela ficava estagnada naquela vida que ela não escolheu é algo que não fazia bem pra ela. e os compromissos da ariana bagunçavam com a rotina do set de gravação e ela precisava ter paciência porque pra produção era mais importante ter a ariana disposta a gravar pelo grande destaque dela e tal. acho que isso tudo ficou pra trás e foi superado sem ressentimentos pelo que entendi, mas ma época as circunstâncias fizeram com que elas não tivessem uma boa relação


Rachel 16/07/2023minha estante
Como eu começo a ler os livros?


Maria5295 18/08/2023minha estante
Agora eu quero ler!


Michele 12/09/2023minha estante
Sobre o relacionamento dela com a Ariana, fiquei com uma pulguinha porque alguém da produção falou pra Jennette que alguém da série Sam & Cat não queria que ela dirigisse um episódio, inclusive a pessoa ameaçou sair da série se deixassem a Jennette dirigir, e que a Nickelodeon não podia dar esse luxo de perder essa pessoa. Fiquei pensando, será que essa pessoa foi a Ariana?


Maxwell.Leal 28/09/2023minha estante
Eu pensei a mesma coisa, fiquei desconfiado se a pessoa que não queria que a Jennette dirigisse o episódio fosse a Ariana




thali 16/02/2024

Pra quem assistia icarly e não conhecia sobre a história dela, que é o meu caso, não imaginava tudo o que ela passava. ela é totalmente o oposto da sam.

pra mim, o título do livro faz mais sentido no último capítulo do livro.
Ange.Santos 16/02/2024minha estante
Quero muito ler esse livro


thali 16/02/2024minha estante
eu gostei bastante


Vitoria 16/02/2024minha estante
Quero ler esse, mas preciso achar ele ou comprar ele


thali 16/02/2024minha estante
vê se tem na amazon


kess.sr 16/02/2024minha estante
tenho muita vontade de ler ele, mas não me sinto pronta ainda


Vitoria 16/02/2024minha estante
@thali consegui aqui o livro, vou colocar nas minhas metas. Tô lotada de livros, mas esses últimos anos não tô conseguindo assistir filmes, séries, anime, animações. Só consigo ler livros e alguns mangás


Kalina9 16/02/2024minha estante
Quero muito ler!




Lore 20/02/2023

Eu também tô feliz que tua mãe morreu:)
Esse livro foi umas das coisas mais tristes que já li em toda a minha vida, mais ao msm tempo tão extraordinário, tão único, tão belo, tão bem escrito, fluído, cativante, emocionante.
Nunca acompanhei bem a carreira da Jennette Mccurdy, mas de vez em quando assitia alguns episódios das séries que ela fez, e ler a história dela por trás daquela personagem tão feliz e contagiante me assustou e me fez ter raiva demais da mãe dela, só quem já sofreu algum tipo de abuso parental sabe o como é difícil ter que viver com pessoas que ao invés de te amarem incondicionalmente e te apoiaram, te criticam, te humilham, te xingam. Ela aborda no livro outros problemas psicológicos/físicos nos quais a mãe dela fez parte
Esse livro é incrível, todos deveriam saber quem é a verdadeira Jennette Mccurdy.
Sossô 20/02/2023minha estante
Quero mt ler mas minha mãe tá um pouco desconfiada sobre o livro, se tipo, ele n tem conteúdo MT pesado, sabe?


Lore 21/02/2023minha estante
sei como é kskskk..mas tipo acho q se torna bem pesado se a pessoa tiver gatilhos relacionados aos assuntos q a Jennette vai abordar no livro, como: narcisismo, distúrbio alimentar, relacionamentos amorosos etc. Mas teve momentos que foram de pura tristeza e desconforto por conta de q ela sofreu muito, e o modo como ela escreve faz a gnt sentir meio q na pele sabe? pse, tenta comprar o ebook, dá de ler pelo cllr tbm?


Sossô 21/02/2023minha estante
Só tive problema com narcisismo com minha amg q brigava por qualquer coisa cmg por coisa idiota e queria q eu sofresse e me castigasse


Sossô 21/02/2023minha estante
Okkkk


Lore 21/02/2023minha estante
nss...ksksksk, deus o livre ??


Sossô 22/02/2023minha estante
KKKKKKKKKK




Ohara7 17/04/2023

I feel happy, her mom's died.
It sucks to see the actress you thought was so cool, having such a disgusting story like this, Jenette suffered a lot, whether because of psychological and physical abuse or because of her mother's narcissism. No one can blame her for keeping quiet. We have to be happy that her mother died.
Anadswan 17/04/2023minha estante
Mais q chiquetosa. Falando em inglês amg


Ohara7 17/04/2023minha estante
@Aninha KKKKKKKKKK eu estudo inglês a 8 anos, meu bem! Mas eu poderia ter escrito em português também, foi só uma graça que eu fiz.


Anadswan 17/04/2023minha estante
Mds amg q tudo. Quero mt aprender tbm.


kika.ferrer 18/09/2023minha estante
amiga, ta escrito errado o "she mom's died", she é ela, dela é her. Então deveria ser algo tipo: "...her mom died."


Ohara7 25/11/2023minha estante
@kika MENTIRA QUE EU TINHA USADO O POSSESSIVO ERRADO QUE ÓDIO DE MIM. Muito obrigada por avisar! Eu corrigi ???




Carol 26/09/2022

Talvez a nota mude ao longo do tempo, não sei. Foi um livro bom, a escrita é ótima, eu peguei ele num impulso de curiosidade e me prendeu desde o início. Jennette é muito honesta sobre tudo e tem um fluxo de pensamento bem resolvido e fluido. Os capítulos curtos ajudam bastante.
Mas, não sei, o conteúdo é bem pesado, como deve ser, afinal é a história dela. Ela entrega a perspectiva da situação toda desde muito pequena e você vê a repercussão de alguns atos mais pro final do livro.
E é bizarro, inclusive, como os traumas da infância vão ecoando na vida da Jennette, a mãe dá o grito mas o volume não abaixa quando ela morre, ele só vai ficando maior. Uma bola de neve.
Enquanto eu lia escutei uma música da Taylor Swift que acho que acabou sintonizando muito com o texto:

?Don?t call me kid,
don?t call me baby
Look at this godforsaken mess that you made me
(?)
And you know damn well
For you, I would ruin myself
A million little times?

Acho que é um livro que toca, de maneira bem franca, em temas sensíveis como Transtorno Obsessivo-compulsivo, Abuso de menor e transtornos alimentares.
O audiobook em inglês é narrado pela própria autora, e é ótimo também.
Julia.Santana 27/09/2022minha estante
Resenha de milhões


Julia.Santana 27/09/2022minha estante
Amei


Carol 29/09/2022minha estante
amei e já quero ler ouvindo o audiobook em inglês


Carol 04/10/2022minha estante
Tudooo depois me conta o que achou




spoiler visualizar
Sossô 29/03/2023minha estante
Nossa mano eu surtei vendo essa carta, juro


Bia 13/04/2023minha estante
EU TBM!!


Sossô 13/04/2023minha estante
Mt bom da mãe xingando ela e dps falando: a geladeira pq a nossa tá quebrada ??


Bia 13/04/2023minha estante
Eu voltei nessa parte porq não acreditei no que tava lendo




spoiler visualizar
Ines 25/09/2023minha estante
Parece bué interessante deu me vontade de ler.


Ines 25/09/2023minha estante
Parece de humor negro ou assim


Maah.vic 29/09/2023minha estante
É muito ines!! Voce vai adorar ctz


Ines 29/09/2023minha estante
?




Flávia Menezes 23/02/2023

???PRECISAMOS FALAR SOBRE O NARCISISMO MATERNO.
?I´m Glad My Mom Died? (no Brasil, publicado como ?Estou Feliz que Minha Mãe Morreu?), lançado em 2022, é uma autobiografia que revela as memórias da vida da ex-atriz e cantora Jennette Michelle Faye McCurdy, mais conhecida como Jennette McCurdy, que alcançou grande sucesso interpretando a personagem Sam Puckett nos sitcom da Nickelodeon, ?iCarly? e ?Sam & Cat?.

O título da autobiografia é bastante polêmico, e antes de ler, eu vi uma postagem aqui no Skoob, de uma pessoa que acreditava que ele deveria ser algum tipo de ?jogo de palavras?, mas a verdade é que não. Esse não é um jogo de palavras, e por mais chocante que isso possa parecer, nem todas as mães são boas para os seus filhos. E aqui eu não estou falando de problemas de relacionamento entre mães e filhos, mas de problemas bem maiores do que esse.

Desde muito cedo somos ensinados a pensar que ninguém no mundo é capaz de nos amar tão incondicionalmente como as nossas mães. Mas a verdade é que isso não é toda a verdade, e filhos de mães que sofrem de algum problema psicológico ao invés de se sentir amados, podem mesmo é acabar se sentindo sufocados!

O Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) é um transtorno de personalidade catalogado no ?Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ? DSM-IV?, que tem como característica principal sentimentos exagerados de auto importância, e uma necessidade excessiva de admiração, além de ausência de empatia pelos sentimentos dos outros, incluindo dos filhos. Se você tiver interesse em entender mais sobre esse transtorno, eu deixo aqui a indicação do livro ?Sequestradores de Almas ? Guia de Sobrevivência?, da psicóloga Silvia Malamud.

Crescer em um lar com uma mãe que sofre desse tipo de transtorno te faz sentir uma exaustão infinita, como se sua alma tivesse sido sugada (é praticamente como viver com um dementador) pelas constantes exigências e cobranças diárias, que criam esse ciclo sem fim de tentar agradar uma mãe que nunca se sentirá satisfeita com quem você é, ou com o que tenha a lhe oferecer. O que faz com que muitos desses filhos acabem por entrar em relacionamentos com pessoas altamente exigentes e críticas (algumas vezes, até tóxicas), por compreender que o amor é baseado em exigências, e ver como normal o comportamento crítico dos outros (já que sua mãe também é assim), sentindo essa necessidade de sempre tentar agradar, mesmo que isso signifique fazer coisas que você não gostaria ou não acha certo fazer.

Talvez nesse ponto, e se você nunca ouviu falar desse transtorno antes, vai pensar que tudo isso é pura insanidade, mas o que eu preciso te dizer é que: sorte a sua não saber o que é ter uma mãe assim!

Fazendo essa breve introdução, eu preciso dizer que os relatos de Jennette McCurdy, em especial de sua infância e início da adolescência, são bem chocantes, porque os comportamentos da mãe eram altamente nocivos, e o pior: em um momento de construção da sua identidade. E muito do que Jennette nos conta, revela o quanto de prejuízo que um comportamento como esse causou em sua vida e em seu psicológico.

Jennette desenvolveu ainda na infância tanto o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), como Transtorno Alimentar (Bulimia), e para ser sincera, eu senti em sua narrativa muitas outras coisas, que não me cabe dizer aqui. Mas uma coisa que eu realmente senti foi uma profunda decepção, em ver como uma mulher tão jovem, de uma geração mais atual, possa se mostrar tão preconceituosa com o trabalho psicoterapêutico. E para quem já leu e por algum motivo esteja vendo essa resenha, aproveito aqui para esclarecer que, pelo que ela narra das terapias que ela buscou, ambas se enquadram no trabalho do coach. As técnicas citadas não possuem qualquer relação com o que é trabalhado em um setting de psicoterapia.

Eu confesso que cheguei a ficar bastante irritada com a forma como Jennette banaliza a psicoterapia, no momento em que ela coloca como algo "típico de psicólogos" querer analisar a vida pregressa do paciente, especialmente falar da infância e da relação com os pais. Triste ver esse tipo de comportamento, porque esse trabalho tem uma importante função, e a forma como os vínculos afetivos da infância são estabelecidos, tem grande influência no nosso desenvolvimento psicológico. E sim. A relação com aqueles que nos deram a vida afetam em muito a nossa forma de perceber as demais relações que estabelecemos ao longo da vida, sem contar que hoje já existem estudos que comprovam como muitos dos traumas de familiares que vieram há 3 gerações antes da nossa, podem ser herdados geneticamente.

Curioso perceber como somos rápidos em encher a boca e dizer que não somos preconceituosos, quando preconceitos nada mais são do que pré-conceitos que temos sobre algo, e disso, ninguém se salva. É claro que as resistências em iniciar um processo de tratamento psicoterapêutico vai muito além do que o fato de que muitas pessoas ainda desconhecem como eles se dão, e por isso há tanta descrença no que esse profissional pode fazer por nós, mas eu não posso deixar de dizer aqui que quando deixamos de dar atenção à nossa saúde mental, o nosso corpo vai padecer daquilo que nos negamos a ver (e cuidar).

Afinal, não é como diz aquela citação: ?Mente sã, corpo são?? Se de fato compreendêssemos a importância de cuidar da nossa mente, como sabemos que precisamos cuidar do nosso corpo, e o quanto essa mente (inclusive!) interfere na saúde desse corpo, muitos dos nossos problemas de relacionamento e da nossa falta de qualidade de vida (provocados pelo estresse, ansiedades, insônias etc) poderiam ser evitados. Até doenças! Inclusive os transtornos de personalidade, tais como o Transtorno de Personalidade Narcisista, poderiam ser tratados precocemente, resultando em menos dor e menos problemas psicológicos tanto para a pessoa acometida, quanto na vida das demais pessoas com quem ela vive (especialmente na família).

Bom... até aqui já deu para entender o motivo pelo qual eu estou classificando esse livro como ?razoável?. Dar uma nota baixa para uma autobiografia é algo que eu sempre achei inconcebível, pois a história das pessoas, seja ela qual for, precisa ser respeitada. E essa não é uma nota sobre o que ela relata, mas sobre como ela relata. Afinal, o meu desgosto com esse livro de memórias, é que ele acaba por ser um desserviço às pessoas, quando passa a banalizar a importância do cuidado com a saúde mental, e banalizar coisas tão sérias, tais como os distúrbios alimentares.

Eu quase abandonei essa leitura quando Jennette começou a falar sobre o seu distúrbio alimentar, e antes de me aprofundar no assunto, vou trazer a fala dela aqui para me justificar: ?Bulimia não é a resposta. A anorexia é. A anorexia é majestosa, controlada, toda poderosa. A bulimia é descontrolada, caótica, patética. A anorexia do pobre. Tenho amigos com anorexia e dá para perceber que eles sentem pena de mim?.

Neste ano, em uma propaganda em uma rádio norte-americana, o neurocirurgião e correspondente médico da CNN, Dr. Sanjay Gupta, que possui um famoso podcast chamado "Chasing Life?, falou sobre o aumento dos casos de transtornos alimentares pós-pandemia, e como é importante que os pais estejam atentos aos sinais, pois a evolução pode ser rápida, e por trás só existe um único desejo: o de morrer! Sim! Bulimia e anorexia não é sobre querer ser magro, mas sobre o desejo inconsciente de querer morrer.

E por isso, fica aqui a minha indignação com uma autobiografia que romantiza e fala de forma tão banal de problemas tão sérios como os distúrbios alimentares, assim como do Transtorno Obsessivo Compulsivo, que ela se referia como se fosse uma "voz Divina".

Um distúrbio alimentar não é uma coisa sem importância de pessoas que só querem se manter magras. Ter TOC não é um comportamento rotineiro sem grande importância que inclusive pode ser uma forma que Deus usa para falar com você. Ambas as situações trazem grandes sofrimentos para quem é acometido, e os resultados podem levar a pessoa a quadros de transtornos psicológicos severos, e à morte. Não são quadros que devem ser de forma alguma romantizados com tamanha irresponsabilidade. Especialmente por alguém que é uma figura pública com influência sobre as pessoas. Em momento algum esse livro traz algum tipo de advertência, nem mesmo de números que as pessoas possam recorrer para procurar ajuda se identificarem possuir qualquer comportamento inadequado ligado a algum dos transtornos narrados neste livro.

Foi bem curioso perceber que o que eu esperava encontrar na autobiografia do ator Matthew Perry, que interpretou o icônico personagem Chandler em ?Friends?, que é um homem de uma geração bem mais resistente às psicoterapias, eu encontrei aqui. ?Friends, Lovers, and the Big Terrible Trouble? (no Brasil publicado como ?Amigos, Amores e Aquela Coisa Terrível?), é uma narrativa muito corajosa e honesta de um homem que não se poupou ao revelar todas as suas fragilidades para nos mostrar o que estava por trás dos seus vícios, que foram cirurgicamente analisados e reanalisados em anos de muito trabalho psicoterapêutico, e de como, mesmo assim, ele sabe que a linha que separa a sua sobriedade do seu vício sempre será bastante tênue.

Claro que a vida de Jennette McCurdy foi marcada por muita dor e disfunção parental, mas a verdade é que ou você mergulha com coragem para compreender tudo o que lhe aconteceu e trabalha (na psicoterapia) os seus efeitos para poder seguir com a sua vida de forma mais saudável, ou você pode se colocar em um lugar passivo de vítima do destino, e ainda correr o risco de começar a reproduzir os mesmos comportamentos que lhe foram tão nocivos. E por que não? Afinal, ?se você não se curar do que te feriu, você vai sangrar em cima de pessoas que não te cortaram?.

Nem mesmo o título dessa autobiografia faz qualquer sentido, porque em momento algum ela reconhece o alívio de sair do radar dessa mãe, que exigia dela de forma tão exaustiva (e injusta até, porque não se pode exigir assim de um filho!). Ao final, tudo o que senti é que seus reqis sentimentos permaneceram em hm lugar oculto, seja pelo medo de expor o que realmente sentiu, ou por realmente não saber descrever, ou qualquer outro motivo que só ela sabe. Mas a verdade é que escondê-los é dizer que filhos de pais narcisistas estão errados em sentir raiva dos pais pelo comportamento inadequados deles. Onde está a empatia de quem busca aqui, em um livro como esse, por empatia?

Uma coisa aqui é muito importante compreender: nossos pais não são seres perfeitos. Eles também ficam doentes, sangram, erram, falham (inclusive conosco!), e por mais que queiramos negar, também podem sofrer de um problema psicológico. Não queremos ser pessoas maduras? Então, compreender que nossos pais não são super heróis (e nem perfeitos) é o primeiro passo!

As dores de Jennette McCurdy são reais, e muitas coisas que ela vuveu foram realmente muito dolorosas. Disso não há dúvida. E ler esse livro lhe dará uma boa ideia do que é o Narcisismo Materno e tudo o que ele acarreta, mas fica aqui um ALERTA: existe muito mais por trás dessa narrativa, especialmente pela ausência de tratamento psicoterapêutico, que causa algumas distorções ao que ela traz aqui. Como eu já disse antes, muito foi romantizado (e até banalizado) sobre os distúrbios alimentares, transtornos (TOC e TPN), e até de comportamentos inadequados e bastante nocivos que ela demonstrou ter em vários momentos da sua vida.

??IMPORTANTE: se você se identificou com algum dos transtornos ligados a esse livro, ou percebe que a sua mãe também pode estar sofrendo de um transtorno igual ao da mãe da Jennette, por favor, não tenha medo de procurar por ajuda psicológica. Quanto mais cedo esses transtornos são diagnosticados, mais eficaz poderá ser o seu tratamento, e mais cedo você poderá a voltar a viver uma vida de qualidade, e com muito mais saúde tanto física quanto mental!
Geovana 23/02/2023minha estante
Muito boa a sua resenha, Flávia. Cresci com uma mãe desse tipo e depois que ela morreu foi muito difícil lidar com as sequelas dessa convivência nociva sem ajuda psicológica. Se eu pudesse ter feito terapia na época, com certeza teria seguido minha vida de um jeito muito melhor. Acredito que a ajuda de bons profissionais não deve ser desprezada, é algo que realmente pode fazer a diferença ??


Flávia Menezes 23/02/2023minha estante
Geovana, então?só quem passa é que entende o quão difícil é viver em um lar assim. E muito embora nem sempre seja possível iniciar um processo psicoterapêutico cedo, mas é sempre bom (assim que for possível, e hoje temos tantos trabalhos voluntários na área), procurar e cuidar dessas marcas, até porque existem abordagens que trabalham bastante a reconciliação com essa fase da vida, para que se possa dar um passo para uma vida nova, deixando essas coisas onde devem ficar: no passado. Mas não antes sem olhar, sem chorar nossas dores, para acolher nossa criança abandonada. Muito obrigada mesmo por compartilhar sua história aqui comigo, e saiba que essas marcas são duras, mas também nos fazem mais fortes, mais conscientes e mais dispostas a ouvir os outros sabendo que cada um tem a sua dor, e que feridas psicológicas doem tanto quanto uma ferida física. Mais uma vez?obrigada! ??


Dani 23/02/2023minha estante
Só quem passa sabe, né amiga?


Flávia Menezes 23/02/2023minha estante
Verdade, amiga!




Nathália 25/02/2023

É que a gente costuma achar que mães são anjos e só.
Mas a verdade é que uma mulher, antes de ser mãe, é só uma mulher, um ser humano. Alguém completamente capaz de nutrir pelas pessoas sentimentos ruins como a inveja, por exemplo.

Sentimentos que não podemos culpá-las por sentir porque a história começa muito antes de a gente existir. Quantos traumas e péssimas experiências de vida são necessárias para que uma mãe se torne um monstro assim como a mãe de Jennette se tornou?

Minha intenção obviamente não é isentar a mãe dela de toda culpa, mas fazer vocês refletirem sobre o tanto de coisa que esteve por trás daquele comportamento doentio que também adoeceu a Jennette de maneira tão absurda.

O livro é maravilhoso! Uma autobiografia tão surreal que nem parece que o que rola na "trama" aconteceu realmente. Então se por um acaso você não quer arriscar a leitura porque detesta ler esse tipo de livro autobiográfico, leia mesmo assim, dê uma chance. A experiência será completamente diferente de tudo que você já leu dentro do gênero.
Lari 25/02/2023minha estante
Amei a resenha. Já quero ler o livro hahaha


Nathália 26/02/2023minha estante
Lê, Lari! acho que você vai curtir...


Lari 26/02/2023minha estante
Vou ler e te conto, Nath




Milena369 18/01/2023

É errado dizer que também estou feliz que a mãe dela morreu? Pois eu estou, é desconcertante saber que tudo que a Jennette conta aqui, realmente aconteceu, estou muito feliz em saber que ela está no caminho para superar os traumas que a vida de manipulação que sua mãe deixou.
Sossô 20/01/2023minha estante
Tem mt coisa pesada? Eu quero ler mas sla


Milena369 21/01/2023minha estante
Sim, principalmente ligadas a transtornos alimentares


Sossô 21/01/2023minha estante
Okkkkkkk valeuuu




line.moura 26/08/2023

é q bom q ela morreu.
Quando vc é criança e vê um programa de tv vc nunca pensa sobre o ator q está interpretando o personagem, e na maioria das vzs ele fica só aquilo mesmo, o personagem, e sempre q eu lembrava de iCarly eu pensava na Sam, mas fico feliz q dps dessa leitura eu vou lembrar da Jennette pq q mulher foda, teve uma vida de cão e conseguiu seguir em frente.

o livro é muito bem escrito, senti q a jennette conseguiu passar tanto dela algo oq não deve ter sido nada fácil e de um jeito surpreendente. eu já sabia por cima o q livro ia falar, mas ler tudo aquilo foi totalmente diferente e uma mistura de sentimentos. a mae dela é o tipo de pessoa q te enoja, cada coisa q ela falava eu sentia um bolo na garganta e uma raiva ao mesmo tempo, pessoas assim simplesmente não deviam "cuidar" de outro ser humano, ver o q ela fez com jennette quebrava meu coração, assim como ver a jennette se reerguendo me deixou orgulhosa admiro demais ela.

mas como eu disse, vale muito a leitura mas avisando q não é um livro fácil de ler em questão de carga emocional e vários gatilhos.
Margô 19/09/2023minha estante
Nossa pelo comentário, já vi que a mãe é daquelas mulheres que tem uma psicopatia na maternidade... É ficção?


line.moura 01/10/2023minha estante
não é ficção não, é tipo uma autobiografia da autora mesmo


Margô 01/10/2023minha estante
Entendi. Pesado hem?




Daniel1179 12/06/2023

Estou feliz que minha mãe morreu
É muito engraçado que eu levei quase um mês pra ler esse livro e, mesmo assim, toda a dor e acontecimentos transmitidos pela autora permanencen de forma fresca na mente. Nunca fiquei tão conectado com uma autobiografia como nessa história. Simplesmente sensacional.
Mateus.Caixeta 12/06/2023minha estante
Esse livro parece uma ferida aberta, vc vai deixando cicatrizar e quando volta pra ele, acaba abrindo novamente


Daniel1179 14/06/2023minha estante
amigo, eu demorei + de 20 dias pra ler esse livro e tenho crtz que foram os dias mais dolorosos da minha vida. saber que, mesmo contado de maneira ficcional, isso tudo foi real é CHOCANTE. jennette abriu uma ferida e um sentimento de revolta tão grande que nunca pensei que poderia ter. isso não é um livro; é uma obra de arte. a única coisa que pecou muito foi a edição em português mesmo: achei a tradução meio porca, muito expressão foi traduzida tal qual igual do inglês, além de alguns erros de digitação chatinhos aqui e ali.


Mateus.Caixeta 18/06/2023minha estante
Dizem que o audiobook dela é o suprassumo quando se trata de conhecer a história desse livro. Esse ponto da tradução não me lembro mais, minha memória já virou um patê. Mas ainda permanece o ponto de ser uma história tão visceral, real e chocante. Nunca vi muito do programa Icarly por achar bem chatinho, saber toda a história por trás pra Jannette entrar e o quanto esse seriado (junto com a mãe dela), esmigalhou toda a infância/adolescência dela... sem palavras.




Anny.Keller 14/07/2023

SURREAL
Quem via Jennette nas telas nunca ia imaginar pelas coisas que passava em sua vida pessoal.
Li esse livro com o coração na mão, me envolvi tanto na história que as vezes eu tinha que parar para absorver o que havia acontecido. Em cada relato contado, sofria de um jeito diferente

O começo do livro, o "antes", é sobre sua relação com a mãe. O "depois" se segue à morte da mãe, e as cicatrizes emocionais e psicológicas que ela deixou na filha.

A presença da mãe como uma sombra constante é sufocante até para quem está lendo. A relação delas é tão abusiva que machuca através das páginas. E o fato da Jennette amar tanto a mãe, e fazer tudo para vê-la feliz, é o que machuca mais.

O final é um ponto de virada muito importante. Sua história de recuperação e superação é emocionante. Não tem nada de milagroso em sua jornada de vida, mas ela mostra que é possível sim se reerguer depois de tanto abuso. Que é possível buscar ajuda.

?Eu não escolhi essa vida. Foi minha mãe quem escolheu.?

?Minha mãe não melhorou, mas eu vou?

"Quero que minha vida esteja nas minhas mãos.
Não nas mãos de um transtorno alimentar, nem de um diretor de elenco, ou de um agente, ou da minha mãe. Nas minhas."
Letícia 14/07/2023minha estante
???


Letícia 14/07/2023minha estante
dps dessa resenha fiquei com mais vontade ainda de ler


Anny.Keller 14/07/2023minha estante
Lê amiga, super indico!! Mas esteja preparada para sofrer




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