Nathália B. 06/01/2024
99% vergonha alheia
Ano retrasado, eu li o "Jogo do Amor/Ódio" e gostei o suficiente para tentar me aventurar em outro livro da autora, mas que decepção foi "99% meu"! Esse livro é 99% vergonha alheia!
Vamos começar com o fato de que a personagem principal é irritante do início ou fim. Ela não evolui. Sabe aquelas personagens que querem parecer durona, fodona e diferentona? Essa é a Darcy. "Ó, meu Deus, olha como sou incompreendida: eu tenho cabelo curto, um piercing no mamilo, não ligo para ninguém, bebo feito uma alcóolatra e não faço terapia!". Ela nem tem muitos motivos para ser como é... é só um verdadeiro white people problems insuportável.
Outro ponto que tornou o livro ruim foi a própria escrita. Primeiro, achei que se tratava de um problema de tradução ou de preparação, mas não. Eu li algumas resenhas gringas e quem leu no original, em inglês, apontou os mesmos problemas. O livro é um pouco confuso, faltou explicação, algumas coisas são apenas jogadas na história, alguns diálogos não fazem tanto sentido, tem frases que são mal formuladas e a ambientação é bem pobre.
O terceiro fator é que o casal principal não convence e não é bem desenvolvido durante o livro. A história deles é simplesmente meio... tanto faz. O Tom, que é o par romântico, é o típico bananão. A Darcy só sabe ser chata e provocar. Os dois brigam o tempo todo e essas brigas nunca são resolvidas de fato, elas são apenas deixadas de lado e eles seguem o baile como se nada tivesse acontecido. Aliás, isso também acontece entre a Darcy e o irmão gêmeo dela... ele diz umas coisas para a Darcy que, olha, eu não perdoaria tão fácil! Basicamente, a autora cria conflitos e deixa os leitores a ver navios.
Além disso, o Tom e a Darcy são bem possessivos um com o outro e, em pleno anos 2020, isso não é nada legal. A Darcy também protagoniza umas cenas muito vergonha alheia! Se fosse eu, juro que nunca mais iria querer dar as caras por aí. Aquele "entra em mim" foi uma das coisas mais constrangedoras que já li. Enfim, Darcy e Tom não funcionam como casal literário e, talvez, nem como amigos, viu? Depois que eles ficam juntos, até pensei "agora vai...". Mas aí acontece um negócio que pela misericórdia! Não tem justificativa para o Tom fazer o que fez e, no final, ser perdoado como se não fosse nada. Ele até tinha a razão no início, mas depois? Que crianção!
No meio do livro, eu até pensei em desistir, mas insisti e terminei. Quem me dera se eu tivesse seguido minha intuição e abandonado, pois não valeu a pena.