Két 07/11/2019O bibliófilo aprendizO livro ?O bibliófilo aprendiz? foi publicado pela primeira vez em 1965 e escrito por Rubens Borba de Moraes. O autor nasceu no ano 1899 em São Paulo e faleceu aos 87 anos no ano 1986. Entre muitas ocupações Rubens Borba de Moraes foi bibliotecário, bibliógrafo, bibliófilo, historiador e pesquisador brasileiro. Em sua obra (O bibliófilo aprendiz), o autor propõe ser um guia para formar uma coleção de obras, sejam elas raras, antigas ou modernas.
De acordo com o autor, ao se iniciar uma coleção é preciso definir sobre o assunto que a biblioteca irá contemplar, pois isso tem relação com o valor que essa biblioteca terá. É comum ás bibliotecas públicas ter de tudo e não ser especializada em nada. Então o primeiro passo é pensar antes de agir. O autor é muito feliz em sua dica, prevenindo bibliófilos de gastar dinheiro à toa, idealizar possuir livros que jamais terão condições de possuir ou de ficarem perdidos sem um objetivo. Grande parte das informações, principalmente históricas, são apoiados em dados científicos, pesquisas e outros documentos. O livro é também uma fonte de informações e um livro de curiosidades sobre livros e tudo que está relacionado a ele, sobre livros brasileiros, sua origem e evolução. Tudo de forma sucinta e de fácil compreensão. O livro é repleto de informações e curiosidades importantes para bibliotecários e pessoas que se interessam por livros. Dados técnicos de uma obra, como encadernação, edição, reimpressão, erratas, imprensa, entre outras coisas mais são apresentados detalhadamente.
Em algumas passagens é possível perceber ideias machistas, como por exemplo atribuir encadernações artísticas somente às senhoras e senhoritas e, além disso, dizer que isso não é bem executado. Tudo isso sem ao menos apresentar um dado concreto que comprove tal afirmação. O autor tende a generalizar, sem um suporte científico, ao afirmar que os bibliófilos não gostam de esportes, por isso sua preferência por livros. Pode ser uma forma bem-humorada de tratar a preferência desse grupo, mas generalizações limitam pessoas, colocam elas em caixinhas e reforçam estereótipos. Ao longo da prosa o autor critica a falta de revisão do texto, má escrita e erros ortográficos. Porém o livro é repleto dos erros citados, trocas de letras e pontos finais em locais errados.
Como o próprio autor diz, os colecionadores particulares guardam memórias. A biblioteca de Rubens Borba de Moraes foi tão bem pensada e cuidada que se tornou um acervo muito rico. A conclusão da prosa surpreende. Após uma longa prosa enaltecendo primeiras edições, livros raros e antigos, o autor não desdenha das produções modernas, compreende seu valor e entende que os tempos são outros. O que é proposto no início da prosa se alcança com o belo trabalho do autor. É uma obra de fácil compreensão, com vários dados e curiosidades históricas, exemplos ilustrativos e pessoais e não exaustivo, que serve, sim, de guia ao iniciar uma coleção.
Referência:
MORAES, Rubens Borba de. O bibliófilo aprendiz: prosa de um velho colecionador para ser lida por quem gosta de livros, mas pode também servir de pequeno guia aos que desejam formar uma coleção de obras raras, antigas ou modernas. 4. ed. Brasília: Briquet Lemos: Rio de Janeiro: Casa das Palavras, 2005.