Faty. 31/03/2024
Sustentou
Ellie ou Elatsoe é uma adolescente que tem poderes de trazer os mortos à vida, ela possui um cachorro fantasma, Kirby, que a acompanha e a protege nos momentos de perigo. Como é próprio da fantasia, a magia é parte daquele universo narrado e tudo é absolutamente natural, como falar com fantasmas ou interagir com vampiros. Ellie se coloca na missão de desvendar a morte de seu primo, que acontece em circunstâncias suspeitas. Ela também sonha com ele lhe pedindo que desvende esse mistério e é o que ela irá fazer nas pouco mais de duzentas e cinquenta páginas desse livro.
Eu não sou uma leitora de fantasia, então ler ?Elatsoe? foi me aventurar. Embora o livro tenha demorado um pouco a engrenar, ele me agradou. O enredo é envolvente a partir de um certo ponto e o final chega a ser empolgante, com o nível que a coisa toda escala, com um desenrolar cheio de suspense, mortes e sangue (eu não esperava).
Gostei bastante das referências sobre as tradições do povo ao qual Ellie faz parte, tanto da herança cultural e mágica, quanto das recorrentes críticas ao sistema colonial que dizimou o povo apache. A autora é pertencente ao povo indígena Lipan Apache e ela traz essa referência para dentro do livro. No entanto, quando se trata da representatividade assexual, achei que o livro deixou a desejar. Há pouquíssimas menções a esse fato, duas, talvez, e ele não é bem desenvolvido como é a questão indígena. Nada que torne a história menor, mas é importante pontuar, afinal, pra quem pretende ler o livro na expectativa de acompanhar as experiências de uma adolescente nesse contexto, pode rolar certa frustração.
No geral, achei que o livro entregou uma boa leitura, que me tirou da minha zona literária em que geralmente estou confortável e me ofereceu uma nova experiência. Não foi excelente, mas sustentou. Recomendo.