Mulheres

Mulheres Osamu Dazai




Resenhas - Mulheres


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clara2896 26/03/2024

Que livro incrível!! no primeiro capítulo eu já sabia que ia colocar nos favoritos. quando eu comprei ele eu estava com medo da forma como ele descreveria as mulheres (baseada na misoginia do dazai) mas depois que eu li eu fiquei realmente surpresa sobre como o osamu conseguiu descrever perfeitamente o que se passa na cabeça de uma mulher. todos os 14 contos foram perfeitos, já quero reler.
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Nati 12/01/2024

Dazai é sempre intenso. E nesta pequena coletânea nao seria diferente. Constituída por 14 contos excelentes, o autor passa por diversos temas como solidão, a descoberta de si e do mundo, a injustiça, relacionamentos, etc. A maior parte está ambientado em um Japão que sofre as mazelas da II Guerra Mundial.

Quando li o título, admito ter receio de como as mulheres seriam retratadas, porém tive uma grata surpresa: temos mulheres extremamente bem escritas, complexas, conscientes e reflexivas. Elas vivem e sentem tudo ao seu redor, são ora práticas e racionais, ora doces e carinhosas porém sem caricaturas ou rabiscos mal feitos; são completas.

E um detalhe interessante: em todos os personagens masculinos há algo do próprio autor. Achei de uma honestidade, coragem e crueza brutal. Ali há diversas passagens da história do próprio Dazai, sem cores bonitas, sem floreios ou romantismos. Há a pobreza, o álcool, a depressão, o suicídio. Em palavras por vezes diretas e leves, existe uma realidade densa.

Como em toda coletânea sempre há os favoritos e "Osan" simplesmente me destruiu por dentro. "A esposa de Villon" é extremamente triste e violento e com um final que deixa um peso na alma. Também destaco os contos "Chiyojo" , "O grilo" e "Sem que ninguém saiba".

Da observação do mundo como em " A estudante" ou de uma pequena cena comum como o final de " a luminária", temos uma obra poética, com uma escrita sobretudo sincera.
Joezer.Moreira 13/01/2024minha estante
Deu vontade de ler!




Geronasso 25/11/2023

Mulheres por Osamu Dazai, é um um dos 2 livros traduzidos e publicados pela Editora Estação Liberdade no Brasil. Consistindo em 14 contos de quatorze diferentes mulheres. Dazai consegue penetrar na mente feminina e trazer a tona a complexidade dos sentimentos das mulheres.
Alguns dos quatorzes contos relatam a rotina das donas de casa japonesas durante a segunda guerra mundial, relatos interessantes já que quando estudamos a guerra não olhamos com o olhar de quem cuidava das casas. Cada conto traz uma profunda reflexão sobre o feminino e suas batalhas que muitas das vezes nos mesmos que travamos
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lahmot 22/08/2023

Dos livros do Dazai, eu tinha muito interesse em ler Declínio de um Homem, mas não tanto em ler esse. Tudo mudou, contudo, quando eu, como quem não quer nada, dava uma olhada nas estantes de uma livraria até inesperadamente dar de cara com esse livro. Fico feliz por tê-lo pegado.

Cada um dos contos é uma janela que nos leva brevemente ao mundo de cada uma das mulheres que os protagonizam. Nenhum dos contos trata de algum tema fantástico, muito pelo contrário, não se tratam de temas especialmente únicos, são histórias de mulheres comuns do Japão durante ou antes do período da Segunda Guerra, em situações muito humanas.

O conto que mais me chamou atenção, e que mais me identifiquei, foi A Estudante, em que uma garota relata os acontecimentos do seu dia desde que acorda de manhã, até a hora em que vai dormir. Eu achei tudo sobre esse conto muito memorável, mas em especial as reflexões que a garota faz enquanto segue o seu dia-a-dia, sobre ela mesma e sobre tudo aquilo ocorrendo a sua volta; como por exemplo, quando ela fala sobre a saudades que sente dos momentos quando o pai estava vivo e a irmã mais velha vivia com eles, sobre a relação dela com a mãe, ou ainda da forma como ela sente sobre si mesma. "Por que não podemos ser autossuficientes e nos amarmos durante toda a vida?".

Outro conto que me tocou muito foi Chiyojo, sobre uma mulher que nunca acreditou que sua escrita fosse boa quando a diziam que era, mas quando cresce e decide voltar a escrever, é desencorajada pois aparentemente agora não escrevia tão bem. Ele trata com muita firmeza o machismo da sociedade japonesa na figura do pai da narradora, que não quer que ela escreva porque "o talento literário de uma mulher não tem valor" e diz que é melhor ela casar e ter filhos. Curto, mas que gostei muito também, foi À espera, sobre uma mulher que todos os dias senta-se na estação de trem à espera de algo.

Alguns contos são um pouco pesados por se passarem no período da guerra, não por serem gráficos, mas sim pelo clima incerto e desolado em que personagens lidam com situações comuns durante essa época como a pobreza, ou até mesmo terem suas casas destruídas. Eles trazem muitas reflexões interessantes e eu não esperava gostar tanto assim. Terminei o livro num tom um tanto amargo, porém esperançoso.
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_bbrcam 27/07/2023

"Para cada gota de felicidade...
...sempre há um balde de infortúnios". Ainda é um livro escrito por um homem falando da perspectiva feminina, mas é bem reflexivo e traz boas tramas. Pele e Coração é, de longe, meu conto favorito. Foi tão real que senti como se eu tivesse escrito haha. Os outros contos são interessantes e impactantes às suas maneiras. Gosto da escrita do Dazai e da sua forma de ver o mundo. Você acaba sentindo que o conhece por meio de sua escrita, mesmo que isso não seja totalmente possível. Uma boa leitura.
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Gusmão 09/07/2023

Com uma prosa elegante e delicada, Dazai convida os leitores a adentrar nas vidas íntimas das personagens femininas, revelando suas camadas emocionais e questionando as normas sociais que moldam suas existências. Ele ressalta a diversidade de experiências e perspectivas femininas, desde mulheres jovens e sonhadoras até as mais maduras e experientes, abordando assim, o cotidiano com questões universais. Explorando as complexidades das relações humanas, transcendendo fronteiras temporais e culturais, assim, destacando as lutas particulares enfrentadas por cada uma delas.

Além disso, a sensibilidade de Dazai ao retratar a complexidade emocional de suas personagens é notável. Ele mergulha nas profundezas da psique feminina, explorando sentimentos de tristeza, desespero, vergonha, alegria e redenção com maestria literária única. Sua escrita é repleta de simbolismos e metáforas que enriquecem ainda mais a experiência de leitura, utilizando também referências da época, como canções, políticos, romances, artistas (poetas, escritores e pintores) e a Guerra Russo-Japonesa, além do contexto de grande parte dos contos envolvendo a Segunda Guerra Mundial. Dessa forma, nos leva a uma reflexão profunda sobre as complexidades da condição feminina na época, sendo perceptível o forte controle masculino da sociedade patriarcal japonesa, a submissão feminina, traições, a violência e os danos da guerra.
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naelzinhocomputacao 01/05/2023

Mudar a forma de sentir, ser leve, é a verdadeira revolução.
Mulheres é um bom livro para conhecer mais sobre os conceitos de Dazai, que em 16 contos, explora as melancolias do cotidiano. Ao contrário de seus narradores masculinos, que carregam um grande negativismo, as narradoras de Mulheres revelam grande energia, tomando a voz do autor e contando das mais diversas experiências do dia a dia de uma mulher asiática no período onde vive. Como esperado de Dazai, é um livro com boas tramas, com uma escrita leve e ao mesmo tempo extremamente complexa; Sentimental.
Diria que é uma obra incrível, não pelo meu fanatismo pelos trabalhos de Dazai, mas pela maneira que cada tema é abordado, com um sentimento forte como aço, de ideias filosóficas, interpessoais, existencialistas e excêntricas diante o mundo.
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Sara.Maria 24/02/2023

Imersivo
Esse livro é um compilado de contos do Dazai com narradoras-protagonistas, traz uma abordagem da visão masculina sobre o viver feminino. A partir dele, podemos entender como era o dia a dia das japonesas, principalmente no contexto da Segunda Guerra Mundial e como Osamu imaginava que a mente delas funcionava diante do comportamento masculino da época. Apesar de tudo, é um livro que transcende seu período histórico e considero leitura obrigatória para os fãs do autor.

O primeiro conto chama-se "A luminária", título esse que é explicado nos últimos parágrafos. Narra-se a história de uma jovem mulher solteira (com 24 anos) que se apaixona por um estudante 5 anos mais novo; são dois jovens que vivem uma realidade muito diferente, mas que tiveram seus mundos ligados por uma simples coincidência. O conto discute um evento específico na vida da personagem: o dia em que ela roubou um traje de banho numa loja. A partir daqui, Dazai (sob a visão de sua protagonista) discute a moral, os costumes e a visão da sociedade diante dum "crime". Ironicamente, o final é surpreendente e até esperançoso. Não existe surrealismo ou fantasia; no final, é sobre uma família humilde jantando sob uma nova luminária.

O segundo, nomeado "a estudante", é a adaptação de Dazai de um diário a ele enviado por uma leitora. É possível perceber aspectos comuns à escrita de Osamu como a forma de narração, pessimismo e apresentação controversa sobre o sentido de família, sociedade etc. Narra-se todo um fluxo intenso de pensamentos dentro do espaço de um único dia, é uma narrativa envolta a sensações e ruins e pessimistas, onde é possível encontrar beleza na irrealidade. O momento epifânico da protagonista é belo, dentro da simplicidade, de uma "Cinderela sem príncipe".

O terceiro conto foi mais curto, seu final é até abrupto. Narra um fatídico dia na vida de uma mulher solitária que acompanha a morte lenta da irmã mais nova.
Dazai discute diversos temas nesse conto: desde construção e valores familiares, criação e desenvolvimento da própria feminilidade até o valor da fé (no sentido religioso) na vida daquelas mulheres.

Eu AMEI o quarto conto! É sobre uma mulher que tem um "casamento tardio" e é cheia de manias (até um pouco problemáticas). O jeito que seu momento epifânico (da protagonista para consigo mesma) é trabalho, usando de contraposições com a obra de Flaubert, Madame Bovary, é fenomenal!
Não só o emprego do intertexto, como a gradação de pensamentos da protagonista envolvem o leitor e o joga no encerramento de forma muito satisfatória.

O quinto conto tem o começo desse conto meio enrolado, mas de resto foi bom. A protagonista, além de gostar muito de literatura e trabalhar muito com antíteses em suas falas (concreto x ideal), vive um dia marcante em sua juventude, quando uma amiga foge de casa.

O sexto conto, "O Grilo", narra uma mulher explicando para seu marido porque ela vai deixá-lo. O autor debate muito sobre moral, a situação do Japão na época, arte e até como a mudança na forma de pensar pode acabar com um casamento. Honestamente, achei a protagonista desse conto bem odiosa, mas é possível ver muito do próprio Dazai nos personagens.

Chiyojo, sétimo conto, tem um final conto surpreendentemente otimista, levando em conta que se trata de Dazai. Osamu tende a depositar muitos de seus pensamentos e frustrações acerca de sua escrita e da literatura em geral nas suas personagens femininas, que acabam vivendo uma vida depressiva como foi a do autor. Aqui, uma jovem estudante publica duas redações suas e não sabe muito bem lidar com a recepção surpreendentemente positiva; é possível encontrarmos até mesmo uma visão avançada para a época, dando espaço para a existência de mais mulheres escritoras.

Oitavo conto, "A humilhação", não me marcou particularmente, mas ainda é bom. Um conto que fala sobre a presunção das mulheres e como os escritores são "seres abomináveis". Muito bom, ainda que breve.

o nono conto é intitulado de "8 de dezembro", data em que o Japão entra na 2GM, considerei ele absurdo (no bom sentido). Sendo um registro de diário de uma dona de casa em 1941, retrata o fatídico dia em que o Japão entra na Segunda Guerra Mundial e explora as angústias e pensamentos femininos sobre a situação do Japão, patriotismo, esperança etc. É um conto breve, mas riquíssimo em diversos aspectos.
A protagonista retrata as condições de vida e situações que as populações mais pobres eram submetidas naquele momento de crise, tudo sob um olhar muito casual. Essa escolha de Dazai foi certeira, visto que essa era a única realidade conhecida por aquelas pessoas. A figura do marido é muito semelhante à visão do que o próprio autor tinha de si.
Vale ressaltar que Osamu tinha 32 anos em 41, ou seja, ele também viveu aquele momento (e por isso o que ele escreveu aqui é tão verossímil).

chegando no décimo conto, temos "À espera", que é bem curtinho. Uma mulher aguarda alguém, ou algo, numa estação de trem. É bom.

o décimo primeiro conto é "História de uma noite de neve". Uma mulher planeja presentear sua cunhada, que está grávida; não tendo nada, ela resolve trazer o retrato da linda paisagem do inverno de Tóquio. Um conto curto e muito bonito.

o conto de número 12 é "A esposa de Villon", e é quase como a narrativa da visão de uma das amantes de Dazai. Uma triste história, que debate sobre a felicidade ser possível para homens e/ou mulheres.
No fim, "se estivermos vivos, isso já é o suficiente."

o décimo terceiro conto é intitulado de "Osan", outro conto que encontramos muito da vida do autor nos personagens. É possível vislumbrar breves debates sobre seu suicídio.

o último conto, "Madame Hospitalidade", me deu bastante raiva. Isso porque, além da protagonista ser bem sonsa e ser maltrada por pessoas que estão se aproveitando dela, ela é incapaz de dizer 'não'. Ainda assim, é um bom retrato do pós-guerra.

Por fim, podemos concluir que Dazai é, sem dúvidas, um escritor fenomenal e é muito curioso analisar sua visão sobre a figura feminina. O trabalho da editora foi fenomenal, com a seleção de contos que quase segue uma ordem cronológica (antes, durante e depois da guerra) e a tradução de Karen Kazue Kawana está incrível. meu desejo agora é apenas que a Editora Estação Liberdade traga mais produções de Dazai (e muitos outros autores) aqui para o Brasil. Não sei bem mais o que posso dizer sobre.
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Diego Rodrigues 23/12/2022

"As mulheres são assim. Têm segredos que não podem revelar."
Nascido em 1909, na cidade de Kanaji, Japão, Osamu Dazai foi um dos maiores escritores japoneses do século XX e um dos expoentes do chamado Watakushi shosetsu, estilo literário japonês caracterizado por temas realistas, traços autobiográficos e uma escrita concisa. Ainda jovem, foi deserdado pelo pai por conta do envolvimento com uma gueixa. Sua breve vida foi marcada por problemas financeiros e de saúde, e também pelas sucessivas tentativas de suicídio. Dono de uma personalidade autodestrutiva e de um comportamento niilista, Dazai se viciou em álcool e morfina, e acabou dando fim à própria vida quando, junto de sua amante, jogou-se no rio Tama, em Tóquio, às vésperas de completar 39 anos.

Publicado originalmente em 1942 e trazido recentemente ao Brasil pela editora Estação Liberdade, "Mulheres" reúne, nesta edição, quatorze narrativas curtas concebidas entre os anos de 1937 e 1948. São histórias de mulheres solitárias, mergulhadas em conflitos internos, presas a casamentos infelizes, tendo seus desejos e sentimentos reprimidos por uma sociedade extremamente moralista e repleta de tabus.

Os devaneios de uma jovem em vias de se tornar adulta, uma erupção de pele que desencadeia uma crise emocional, a angústia de uma promissora escritora tomada pela insegurança, o diário de uma dona de casa diante dos primeiros dias da Segunda Guerra Mundial e a esposa que nunca mais teve notícias do marido desde o fim da guerra. Através de intimistas monólogos femininos, Osamu Dazai desnuda o cotidiano dos lares japoneses e mergulha no âmago das alegrias, tristezas, anseios, desejos e paixões que movem o coração feminino.

Enquanto seus personagens masculinos são marcados por fortes traços autobiográficos, apresentando um comportamento extremamente niilista e autodestrutivo, as mulheres de Dazai são o completo oposto. Embora melancólicas, são fortes, esperançosas e questionadoras, conservam a vontade de viver mesmo em meio aos dissabores da vida. O autor se envolveu com inúmeras delas ao longo de sua breve vida, talvez enxergasse certa vitalidade na alma feminina, algo pelo qual buscava e ansiava em si mesmo. O fascínio que as mulheres exerciam em seu espírito certamente inspirou alguns desses contos. Em uma das narrativas, inclusive, os amantes se afogam juntos, um trágico fim que o próprio Dazai escolheria para si anos mais tarde.


*A leitura possui alguns gatilhos: suicídio, violência sexual e abuso de substâncias.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 25/12/2022minha estante
Como os autores japoneses tem um "quê" depressivo e suicida.. ? e sempre quando um autor descreve a alma feminina eu fico me perguntando... Como consegue... É realmente uma arte...


Diego Rodrigues 26/12/2022minha estante
Adoro essa sensibilidade deles!
Deve ter alguma coisa na água do Japão rs




Lusia.Nicolino 06/12/2022

Há um fio condutor e eu recomendo segui-lo
Mulheres – uma coletânea de quatorze contos de Dazai – sob a forma de monólogos femininos. Em sua maioria, narrados em primeira pessoa, essas mulheres trazem temas do cotidiano, falam de momentos de dor e alegria, expressam suas emoções e opiniões com sinceridade, sem reservas. Riem e choram, vivem. Como pano de fundo para muitos textos, a sombra da Segunda Guerra Mundial. Dazai deu voz a essas mulheres e nos proporcionou uma viagem para descobrir um passado, uma cultura tão diferente, um mundo que já não existe e que ainda precisa ser descoberto. Ele já entendia que “a voz” das mulheres era território a ser desbravado e que não seria fácil. Nem sempre nos reconhecemos nessas mulheres, parece que não conhecemos ninguém como elas e, ainda assim, aprendemos muito! Entre os contos há um fio condutor: as narrativas sempre falam de um ou outro fato ocorrido há anos e há sempre mortos a serem lembrados, um pai, uma mãe, uma irmã. Leitura para uma incrível jornada!

Quote A Luminária: "Quanto mais me justifico, menos acreditam em mim. As pessoas demonstram cautela. Sinto saudade e tudo o que eu quero é ver suas expressões, mas elas me recebem como se perguntassem: ´O que ela está fazendo aqui?´ É horrível! Já não tenho vontade de ir a lugar algum. Escolho uma hora em que já escureceu até para ir ao banho público aqui perto. Não quero que ninguém veja meu rosto."

site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lu_nicolino_le
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nicolas 06/10/2022

dazai osamu e tudo que ele escreve me traz uma fascinação muito grande, amo o jeito que cada personagem que ele escreve tem um pouco dele.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 04/09/2022

Osamu Dazai - Mulheres
Editora Estação Liberdade - 272 Páginas - Tradução de Karen Kazue Kawana - Imagem de capa: Uemura Shōen - Vaga-lume (1913) - Lançamento: 2022.

A Editora Estação Liberdade foi muito feliz na escolha da imagem de capa desta obra de Osamu Dazai (1909-1948), um dos grandes nomes da literatura japonesa, juntamente com Yasunari Kawabata (1899-1972), prêmio Nobel de literatura de 1968, Junichiro Tanizaki (1886-1965) e Yukio Mishima (1925-1970). De fato, a pintura de Uemura Shōen (1875-1942) expressa a delicadeza do padrão de beleza feminino na cultura nipônica em uma época na qual não era comum que uma mulher se tornasse pintora profissional, visto que elas não tinham acesso ao ensino técnico nas escolas tradicionais. As pinturas de Shōen ficaram famosas por representar não apenas cortesãs, mas também mulheres comuns exercendo atividades domésticas.

Osamu Dazai é mais conhecido no ocidente por seu romance Declínio de um homem, de cunho autobiográfico que reflete a personalidade autodestrutiva do autor, alcoólatra e viciado em morfina, que resultou em cinco tentativas de suicídio, sendo a quinta fatal às vésperas de completar 39 anos. Nos catorze contos de Mulheres, em sua grande maioria narrados em primeira pessoa, o autor assume de forma convincente e com rara sensibilidade, as vozes de uma série de protagonistas femininas de diferentes idades e classes sociais durante o período da Segunda Grande Guerra, algumas obedecendo ao padrão de comportamento definido pela sociedade local e outras saindo das sombras para tentar demonstrar a sua individualidade.

Por exemplo, no longo monólogo A estudante, o texto tem como base o diário de uma leitora enviado a Dazai e adaptado por ele para o período de um dia. Na versão final, ficamos conhecendo os impasses de uma adolescente diante das influências da cultura ocidental e do mundo dos adultos, os conflitos decorrentes do amadurecimento e a influência da literatura: "Quando leio um livro, sou instantaneamente arrebatada por ele, entrego-me a ele, absorvo-o, identifico-me com ele, vinculo minha existência a ele. E, quando parto para outra leitura, logo dou uma guinada em outra direção. A habilidade de roubar as coisas dos outros e torná-las minhas, essa arte é meu único talento. [...] Sendo honesta, não sei quem sou de verdade."

"Depois de sair da ruela do bosque do templo, encontrei quatro ou cinco trabalhadores perto da estação. Como de praxe, eles me dirigiram palavras grosseiras que não ouso repetir. Fiquei sem saber o que fazer. Gostaria de passar na frente deles e deixá-los para trás, mas, para fazer isso, teria que andar entre eles, próxima deles. Horripilante! Por outro lado, ficar em pé, parada, permitindo que seguissem na frente e aguardar que tomassem distância exigiria ainda mais coragem. Eles ficariam ofendidos e zangados. Comecei a perder a paciência e tive vontade de chorar. Envergonhei-me, me voltei, deixei escapar um riso nervoso em sua direção e caminhei devagar atrás deles. Isso foi tudo, mas minha mortificação não se desvaneceu ao entrar no trem. Queria me tornar mais forte e determinada para ser capaz de superar essas situações estúpidas com indiferença." - Trecho do conto A estudante (p. 30)

Já em As tenras folhas das cerejeiras e o assobio misterioso, duas irmãs fingem, uma para a outra, ser o mesmo poeta apaixonado e imaginário. Esta narrativa tem um lirismo e influência romântica mais deslocada do contexto do livro, mas ainda assim fica claro o comportamento esperado da irmã mais nova, agora com uma enfermidade fatal, que ousou ter uma relação que "não se limitava apenas ao coração" e "tinha ultrapassado os limites da decência", sendo, portanto, o desejo sexual no relacionamento romântico algo incompatível e não autorizado.

"Eu tinha acabado de completar vinte anos nessa época e, como uma jovem mulher, havia várias angústias sobre as quais não podia falar abertamente. Li aquelas mais de trinta cartas como se fosse levada pela correnteza de um rio e, depois da última, escrita no outono do ano anterior, tive um sobressalto involuntário. Ser atingida por um raio talvez descrevesse o que senti. O choque foi tão grande que quase caí para trás. O romance de minha irmã não se limitava apenas ao seu coração. Tinha ultrapassado os limites da decência. Queimei aquelas cartas. Não poupei nenhuma. M.T. morava naquela cidade aos pés do castelo, parecia ser um poeta pobre, foi covarde, abandonou minha irmã assim que soube de sua doença, pediu que ela o esquecesse, escreveu coisas cruéis e insensíveis. Depois disso, não voltou a escrever. Se eu permanecesse calada e nunca contasse nada a ninguém, minha irmã poderia morrer como uma garota inocente. [...]" - Trecho do conto As tenras folhas das cerejeiras e o assobio misterioso (p. 73)

A Segunda Grande Guerra é representada no conto 8 de dezembro, por meio do diário de uma dona de casa que resume a seu próprio modo o dia no qual o Exército e a Marinha Imperial entraram em guerra contra o Exército anglo-americano no Oceano Pacífico em 1941, sendo este texto escrito por ela para ser um documento histórico e lido durante as comemorações em 2040 pelos 2700 anos do primeiro imperador japonês, conforme o calendário nipônico: "Talvez ele sirva como referência histórica. Assim, por mais que haja erros de gramática, tomarei cuidado para não registrar mentiras. Escrever pensando no ano de 2040 não é uma tarefa fácil."

"Pensava em várias coisas enquanto arrumava a cozinha. A cor dos nossos olhos e cabelos era diferente em relação à dos rivais, mas isso era suficiente para despertar hostilidade? Queria bater descontroladamente em alguma coisa. Era muito diferente de quando a China estava do outro lado. De fato, só de imaginar os insensíveis soldados americanos percorrendo estas queridas e belas paragens japonesas como animais selvagens era insuportável. Um simples passo sobre esta terra sagrada, e seus pés apodrecerão! Vocês não têm o direito de fazer isso! Bravos soldados japoneses, deem um jeito de destruí-los por completo! Sofremos várias privações em nossos lares, talvez enfrentemos uma série de dificuldades, mas vocês não devem se preocupar. Estará tudo bem. Não ficaremos nem um pouco contrariados. Não estamos aflitos por termos nascido nesta época de provações. Ao contrário, até sentimos que vale a pena termos nascidos em tempos assim. Ah, queria tanto ter alguém com quem conversar sobre a guerra! Poder dizer: 'A batalha começou!'" - Trecho do conto 8 de dezembro (p. 169)

Sobre o autor: Osamu Dazai, cujo nome verdadeiro era Tsushima Shuji, nasceu em Kanagi, Japão, em 19 de junho de 1909. Estudou literatura francesa na Universidade de Tóquio, e sempre teve uma vida familiar atribulada. Por causa de um relacionamento com uma gueixa, Hatsuyo Oyama, acabou deserdado pelo pai. Tentou pôr fim em sua vida em quatro ocasiões, sendo duas delas antes de completar 20 anos de idade. De saúde frágil e com recorrentes problemas financeiros, Dazai tornou-se alcoólatra e passou por diversas internações hospitalares, além de viciado em morfina. A quinta tentativa de suicídio mostrou-se eficaz e Dazai faleceu às vésperas de completar 39 anos, juntamente com sua amante na época, Tomie Yamazaki, jogando-se no rio Tama, em Tóquio, em 13 de junho de 1948.
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