O dia de um oprítchnik

O dia de um oprítchnik Vladímir Sorókin




Resenhas - O dia de um oprítchnik


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Snowplanck 31/03/2024

Uma sátira distópica peculiar
Esse livro foi surpreendentemente bom. Leva ao extremo todo o revival tradicionalista nostálgico do Império Russo que acontece na Rússia contemporânea. Embora satírico, não é exatamente engraçado, mas bastante perturbador pela tendência contemporânea que observamos no mundo rumo a uma direita fascista, ao mesmo tempo que expõe a hipocrisia e depravação dessas pessoas. A leitura é bem tranquila e o livro prende a atenção facilmente. O texto tem muitas palavras do vocabulário russo, mas o livro tem várias notas de rodapé que ajudam a entender o que essas palavras significam bem como para explicar alguns conceitos meio obscuros.
comentários(0)comente



Raquel Marina 06/08/2023

Acompanhar um dia de um oprítchnik é incômodo e perturbador. Nessa distopia o autor explora como seria uma Russia não tão distante que mistura o futuro e o passado. O perturbador na leitura está na escrita e nas situações grotescas narrada pelo personagem, mas também ao perceber as aproximações com a contemporaneidade. Para quem gosta de distopias e leituras incomodas é um ótimo livro, mas não é o tipo de leitura que eu gosto.
comentários(0)comente



Paulo.Vitor 03/07/2023

O Dia de Um Opítchnik nos conta sobre as 24h de Andrei Danílovitch, um integrante da Oprítchnina, organização da época da Rússia Feudal (organização essa criada por Ivã o Terrível) para lidar com toda e qualquer desavença relativa ao líder da maneira mais cruel possível.
Aqui, o autor faz uma distopia, onde houveram uma série de "tumultos" na Rússia e, em 2027, este pais voltou a ser um império com moldes feudais, com culto a um soberano, na qual todas as terras pertencem a este e todos vivem apenas de favor. Aqui então, esta organização militar pertencente ao governo (Opritchnina) é revivida para manter o poder centralizado e estável com este soberano.
É um livro bastante conceitual, e com este, aprendemos diversos elementos da cultura Russa, não só feudal, como soviética e pós soviética, e também, várias situações criadas por Vladímir que são exatamente o contrário do que se espera da cultura do homem russo, aprendemos então, por antítese também. Vi diversas semelhanças com o filme Laranja Mecânica na maneira como as violências são apresentadas e justificadas.
Sorókin utiliza também, de exageros, escatologias e de ações ou comentários que vão de frente com o considerado "cidadão de bem" da Rússia, o que o fez ser bem odiado por lá, mas ao mesmo tempo, apenas escancara o falso moralismo da sociedade como um todo, não apenas Russa em diversas dessas situações fictícias.
Gostei do livro, bem conceitual, nos dá uma ideia de como é a literatura contemporânea Russa.
Paguei 52 reais, creio ser um pouco caro, mas ainda sim, pela edição, tradução e posfácio, vale a pena.
comentários(0)comente



Luiz Pereira Júnior 26/02/2023

A realidade de uma distopia
Uma distopia pode ser real? Ou tudo não passa de uma mistura de fatos reais assustadores (ao menos para um determinado grupo ou para um determinado indivíduo, mas não necessariamente para toda a sociedade) com a imaginação de um escritor mais ou menos hábil?

Essa foi a pergunta que primeiramente me fiz ao ler “O dia de um opritchnik”, de Vladimir Sorokin.

A ação desse livro perturbador ocorre na Rússia de alguns anos adiante do nosso, em que o regime extremamente totalitário se instala em uma mistura entre socialismo e monarquia. Um membro da polícia estatal relata algumas de suas façanhas brutais (supostamente todas realizadas em um único dia), em que se entrelaçam assassinatos em nome do Estado, execuções públicas de castigos corporais transmitidas pelos noticiários de televisão, aberrações de cunho sexual, corrupção mais ou menos legalizada... enfim, todo o abuso de poder (um termo até mesmo eufemístico para os horrores do livro) que sempre existiu e que jamais deixará de existir.

E assim se constrói uma grande obra: entretenimento, sim, mas também que nos faça pensar e nos deixe assombrados, no verdadeiro sentido da palavra. E, sim, mais cedo ou mais tarde, sempre perceberemos que, de uma forma ou de outra, em um momento ou outro, estamos e estaremos vivendo em uma utopia ou em uma distopia – dependendo do lado do poder em que estejamos...
comentários(0)comente



Carol851 21/02/2023

Um livro para começar na literatura russa
Esse é o meu primeiro contato com a literatura russa e gostei muito. Vi esse livro em uma livraria e a capa me chamou atenção, li a sinopse e fiquei fascinada com um livro de ima Rússia futurista mas com elementos da Idade Média.

A história é realmente muito boa. Ela usa dos elementos futuristas e medievais para criticar a Rússia atual. O livro é de 2006, mas a história continua extremamente atual.

O livro acompanha o dia de um carrasco, por isso a história tem passagens bem violentas e cruéis que são vistas como banais pelo protagonista/narrador.

A história, como o título fala, acompanha um dia na vida do protagonista, o que deixa o leitor querendo saber mais, a maioria das tramas mão tem um final, já que vimos apenas um dia. Diquei muito intrigada com a história da primeira bailarina e da funcionária do Andrei que está grávida, queria saber o que vai acontecer com elas.

O final é brusco e aberto, porém nesse caso é a proposta do autor e nos leitores que somos poucos acostumados com isso acabamos estranhando.

O livro é muito bom e a leitura rápida e fluída. A linguagem é bem legal e mescla palavras em russo, chinês e neologismo, mas as notas da tradutora fazem a leitura ser totalmente conpreensiva. Recomendo a leitura a todos.
comentários(0)comente



Beatriz Vercesi 27/01/2023

Esperava mais
Sempre tive curiosidade em ler esse autor e achei que ia me apaixonar por essa obra, mas não foi o que aconteceu. Acredito que seja mais porque botei muita expectativa em cima do enredo e no final acabei me decepcionando um pouco.
comentários(0)comente



Beatriz Machado 19/07/2022

Uma Rússia distópica!
Foi meu primeiro contato com Vladímir Sorókin, autor russo moderno-contemporâneo, conforme descrito no posfácio. Neste livro, nós acompanhamos o dia a dia de Andrei Danilovich Komiaga, um Oprichnik, de uma divisão da Rússia chamada Oprichnina.

Publicado em 2006, o livro trata-se de uma distopia de uma Rússia de 2027 (só há 5 anos nos separam), ou também chamada de "Santa Rússia" ou "Nova Rússia". Nesse país, o tsar Ivan (O Terrível) ressurge e retorna à história com os seus Oprichniki (sim, o plural é esse), que serão responsáveis por lhe cultuarem, protegerem-lhe e, ainda, trazerem a ordem e impedirem a subversão russa, principalmente vinda do ocidente.

Para a distopia de Sorókin, a monarquia russa foi restaurada. a necrópole onde descansavam os soviéticos honrados foi destruída, o corpo embalsamado de Lênin foi enterrado, as muralhas do Kremlin foram pintadas de branco e a Rússia futurista tornou-se isolada do ocidente, separada por uma grande muralha (equivalente a da China), permitindo somente que o terceiro gasoduto do país (que não existe, obviamente) aquecesse boa parte da Europa Ocidental.

E como esquecer dos chineses? Eles passaram a habitar fortemente uma parte da Sibéria, na divisão que hoje leva o nome de planície Ocidental Siberiana. Os chineses não só passaram a habitar, como também passaram a participar do vocabulário russo, além de participação ativa no mercado eslavo e muito dos produtos consumidos pelos russos eram chineses. Somente na Sibéria Ocidental já habitavam quase 30 milhões de chineses!

O Estado Russo, na distopia do autor, é sagrado e a crueldade é uma arte, tudo passa ser resolvido na base do sangue e a sexualidade passa a ser um fio condutor da violência. Quem mente ao Estado, quem subverte a ordem, quem trai a Rússia pode pagar com a vida, ou até com a violação do próprio corpo (gatilho de vocês sabem o quê). Portanto, os Oprichniki não estão em nenhuma piada, é a famosa guarda de elite cruel de Ivan, O Terrível que realmente existiu e está de volta e o livro traça o cotidiano de um deles, em uma Rússia high-tech e ao mesmo tempo muito medieval.

Como diz no posfácio: 'Daí resulta a figuração da 'velha nova Rússia' como um país 'do futuro no passado', na expressão acertada por Marina Aptekman (1995)."

site: https://www.instagram.com/literussa
comentários(0)comente



7 encontrados | exibindo 1 a 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR