Gosma rosa

Gosma rosa Fernanda Trías




Resenhas - Gosma Rosa


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Mari Pereira 06/01/2023

Sobre a solidão e a melancolia
Um livro que li esperando uma bela distopia... E encontrei, em parte. Pra mim, o mais forte é o fato de ser um livro bastante melancólico, com reflexões profundas sobre a solidão e a memória.
Achei a leitura árdua, não por ter uma escrita difícil ou algo assim, mas por trazer a tona muitas questões para pensar.
Um livro bastante diferente e que me tocou muito.
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Yasmin O. 09/02/2023

Leitura melancólica e introspectiva, que mais do que uma distopia sobre uma catástrofe ambiental, debruça-se sobre memória, vínculos, perda, solidão, exaustão, afeto, apatia, relembra da situação desoladora de não saber quando se está vivendo o último momento com alguém, que depois ficará rodando e rebobinando para sempre dentro de nós. Um livro imerso em silêncios, criei uma paleta de cores linda enquanto lia, foi uma experiência de leitura repleta de cenários visuais, lugares desabitados e arruinados, quase um filme daqueles bem reflexivos passando pela cabeça. Recomendo ❤️.

"A lembrança também é um resíduo reciclável". Gosma Rosa - Fernanda Trías.
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Carla Verçoza 04/07/2022

Gostei demais do livro, que é uma distopia. Ele imagina um lugar onde a poluição transformou o ambiente de tal forma que as pessoas precisam viver confinadas em casa, protegidas do vento tóxico que vem do litoral. Interessante saber que a obra foi escrita em 2018, antes da nossa atual pandemia, e vemos muitas situações parecidas, de medo e insegurança.
Quem narra é a protagonista, que vai, aos poucos e de forma não linear, expondo os fatos e explicando como tudo ocorreu. A história já começa no meio de toda a tragédia ambiental e aos poucos a narradora vai expondo os fatos e montando a história. Ela vive com um garoto que possui uma síndrome que o faz querer comer sempre, seu trabalho é cuidar dele. Durante o livro ela esmiuça essa relação com o menino, além da relação com a mãe e o ex-marido.

"No fim das contas, Max e minha mãe se pareciam bastante. Anos, quase minha vida inteira esperando, mendigando, o quê? Não é que eles se negassem a me dar algo, é que eles simplesmente não tinham nada para dar, e eu, obstinada, seguia tateando às cegas dentro de um poço vazio."

O livro é todo baseado nas lembranças da protagonista. Lembranças de infância, lembranças do casamento, de pessoas do passado. A questão da maternidade é outro ponto importante. Temos a relação dela com a mãe, com a Delfa, que trabalhava na casa de infância e que também a criou, além da relação maternal que ela tem com o menino que cuida (também vemos a maternidade da mãe do garoto deixado para outra cuidar durante esse apocalipse ambiental).
Gostei muito da forma como todos os assuntos (inclusive a dependência emocional do ex-marido e a depressão da protagonista) são contados e inseridos no cenário distópico, que torna a leitura fluída e prazerosa. Recomendo.
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Fran Luchetti 03/01/2023

A Metáfora da Crise
A poluição tóxica de origem desconhecida, atinge uma cidade portuária de Montevidéu e a protagonista narra seus sentimentos ao tentar entender os fatos, bem como suas relações com ex-marido e sua mãe.
O livro Gosma Rosa se nutre enquanto distopia na maneira que aborda uma crise ambiental no qual as pessoas não podem sair de casa e que não tenham como se alimentar.

A narrativa tem base na solidão e perturbação da personagem que se transforma em uma obra singular com uma voz poética.
A escrita é interessante e inteligente, porém confusa e débil, não consegui me prender e analisar de forma mais complexa.

Boa Leitura!
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Erika Medeiros 14/01/2023

O que fazer quando o mundo que conhecemos vai se acabar, se tornando hostil, contaminado, inóspito? Para onde ir, a que se apegar? Gostei muito dessa leitura, me lembrou um pouco do A Extinção das Abelhas, da Natália Polesso. No final me restou apenas a sensação de desamparo e solidão.
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Helder 29/07/2023

Distopia Latina
Gosma rosa para mim foi uma leitura extremamente pesada e até um pouco desagradável, pois não consegui me apegar aos personagens e achei a realidade exposta muito pessimista.
Nesta que é a primeira distopia latina que tenho a chance de ler, a autora cria uma distopia que me trouxe uma sensação enorme de claustrofobia e solidão.
A personagem vive numa cidade litorânea onde de repente o rio passa a ser tomado por algas rosas que matam todos os peixes e a cidade passa a ser afetada por uma nevoa rosa venenosa que infecta e mata as pessoas.
Diferente de outras distopias ou até livro de terror, aqui não existem grandes explicações ou cenas de ação.
Na verdade só vamos acompanhando a vida triste da narradora que parece ter três pilares : a mãe, com quem ela nunca se deu muito bem e sempre condenou suas decisões, e duas destas decisões condenáveis, que são o ex-marido que foi infectado pela pandemia, porem não morreu, então segue vivendo numa espécie de isolamento em um hospital e o jovem Mauro, uma criança extremamente gorda com problemas mentais que é viciada em comida e que foi deixada com ela por uma família rica que a paga para ser uma cuidadora.
E estas três relações são extremamente cruéis e claustrofóbicas, o que me fez passar o livro inteiro incomodado com a sensação de passividade da personagem.
Tudo isso permeado pela situação de pandemia, onde os alimentos vão ficando cada vez mais escassos e a população passa a viver de um único alimento produzido por uma indústria local que a narradora chama de Gosma Rosa, que é algo feito a partir de animais, e de repente passa a ser o único meio de subsistência da população.
Desta maneira, foi interessante ler este livro na mesma época que só se fala do lançamento da Barbie com todos se vestindo de cor de rosa.
Aqui, o rosa permeia todo o livro, sendo sinal de morte e de vida, desde a capa, até a névoa que infecta as pessoas, passando pelas algas rosas que matam os peixes até a gosma rosa que se torna o único alimento possível para manter as pessoas vivas.
Resumindo, não é um livro ruim, mas acho que é preciso estar na vibe para que a leitura seja mais proveitosa.
Talvez no momento eu esteja mais apto a curtir o rosa da Barbie do que este rosa tão sem esperança encontrado por aqui.
Se você se interessou pelo tema e ficou curioso em ler um livro assim vindo do Uruguai só recomendo que pese qual o seu momento pessoal antes de embarcar nesta história, para que a experiência possa mais proveitosa do que foi para mim.


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Lili 18/04/2024

Assustadoramente previu a pandemia, apesar de não ser um vírus, mas algo ambiental
Publicado originalmente em 2020 e, no Brasil, pela Moinhos no ano passado com tradução de Ellen Maria Vasconcellos e título “Gosma Rosa” (Mugre Rosa), romance de Fernanda Trías acumula traduções ao redor do mundo, foi selecionado entre os dez melhores livros em língua espanhola no ano de 2020 pelo The New York Times e vencedor dos prêmios: prêmio residência SEGIB-Eñe-Casa de Velázquez (Espanha, 2018), o Prêmio Nacional de Literatura (Uruguai, 2020), o Bartolomé Hidalgo (Uruguai, 2021) e o Sor Juana Inés de la Cruz 2021 da FIL de Guadalajara.

O título faz referência ao Pink Slime — um subproduto da indústria de alimentos de carnes, ultraprocessado, usado amplamente como aditivo alimentar para carne moída e carnes processadas à base de carne bovina — mas que no livro é a fonte proteína dos habitantes de uma cidade litorânea não nomeada que tem seu cotidiano afetado por uma misteriosa, e muitas vezes letal, contaminação derivada de um fenômeno atmosférico relacionado a degradação ambiental, o chamado vento vermelho.

A narrativa, no entanto, não visa desvendar as razões para o fenômeno, tampouco caminhar até uma solução, como outras tantas obras do gênero, a autora opta por situar sua protagonista no instante em coisas não estão tão claras, mostrar como as pessoas reagem as informações e falta de informações, enquanto a vida segue: um ex-marido que se contaminou propositalmente, uma mãe com a qual tem uma relação desgastada, uma criança que foi paga para cuidar.

A escrita de Fernanda Trías é dominada pelo cinza e pela claustrofobia mesmo nos raros momentos fora de casa, a névoa, a umidade alta e eterna sufoca e seu jogo com Mauro, a criança, de procurar o sol da sua janela de apartamento com tantas nuvens é simbólico, talvez, de uma desesperança e nostalgia de quem viveu verões memoráveis na mesma terra anos atrás e que é revisitado constantemente na cabeça. Nessa sensação de estrangeira no próprio lugar, que a autora relaciona a sua própria volta a Montevidéu, a única maneira de retornar para casa é a memória, no entanto, as pessoas se apegam ao lugar, continuam na cidade, apesar de tudo, do risco, na esperança de um dia, eu acho, ter de volta esse lugar perdido.

Os eventuais pontos de cor são relacionados a coisas que geram algum incômodo, dano, sofrimento: as cores da algas, as nuvens que sinalizam o sopro da morte, Mauro, a criança, um ponto vermelho no meio da névoa na primeira vez que saíram de casa juntos, o néon com letras faltantes de um hotel, paisagem que abre o livro e que praticamente descreve de cara toda a atmosfera do que virá e tem sido uma atmosfera comum em algo que tem se chamado de horror latino: as sombras, o mofo, a ferrugem, o podre, a névoa. O horror latino me parece ser marcado por páginas molhadas e sufocamento.

É simbólico também, que no meio de tanta falta, não apenas de recursos, mas de afetos, a autora trazer um personagem como Mauro com uma síndrome raríssima (síndrome de Prader-Willi) que em função de um desajuste hormonal faz com quem tenha uma fome tão constantemente presente quanto a névoa que os cerca e que por isso é rejeitado pela família e tem seus cuidados repassados para a única pessoa que conseguiu estar com ele por tanto tempo, e talvez, a única que enxergue humanidade nele, ainda que isso não seja algo presente o tempo todo.

Enquanto cuida dele, a protagonista vai e vem entre presente e passado, revisitando inícios e finais de relacionamentos, de vidas presa nas ausências, fragilidades. A mãe sempre distante na infância e adolescência, o marido que se separou mas que não conseguia deixar de visitar no hospital, esse menino rejeitado apenas por ser quem ele é. Como distopia, o livro antecipa de fato inúmeros pontos de uma pandemia que viria poucos meses depois, e funciona de fato como um grande alerta sobre a crise ambiental, mas que apenas adorna, como disse no subtítulo, o que estava presente ali o tempo inteiro: a falta.

site: https://www.instagram.com/leiamulheresvivas/
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anaartnic 26/12/2023

Distopia intimista sulamericana
Eu tenho tanto o que elogiar essa obra que nem sei por onde começar, a Fernanda Trías convergiu estilos literários muito diferentes, trazendo o leitor a uma imersão no psicológico de uma mulher em meio a uma realidade distópica. 


Eu não sei se o que mais gostei em Gosma Rosa foi o fato de ser uma distopia ou de ter uma escrita intimista, pode ser a mistura dessas duas coisas que amo na literatura e que, talvez, eu nunca imaginaria que daria certo misturado.


Depois que descobrir que Fernanda Trías, a autora, é apreciadora de Clarice Lispector, tudo fez sentido na concepção do feminino em sua obra. São muitos "o quês" e os "porquês" são deixados a cargo do leitor, e isso se torna interessante tanto no âmbito distópico como no intimista, pois refletimos a todo o momento quais as razões do contexto social e introspectivo da história.


"Existíamos em uma espera que também não era a espera de nada concreto. Esperávamos. Mas o que realmente esperávamos era que não acontecesse nada pois qualquer mudança podia significar algo pior"


Uma cidade portuária no Uruguai sofre com as consequências de um desastre causado pelo ser humano, um "vento vermelho" causa uma doença de pele, a pessoa "descasca" até morrer. As razões do desastre não são explicadas, e acredito que seja justamente pelo foco não ser a coisa em si, mas o impacto de um desastre nas relações de afeto entre as pessoas (o desastre está, acima de tudo, nas relações).


"Sempre confundi o medo com amor, esse terreno instável, essa zona de demolição"


Acompanhamos a via sacra da nossa protagonista, que se vê presa em limbos nas relações que construiu e destruiu, o antes e o depois do desastre ambiental. Sua vida flutua entre cuidar de uma criança com uma síndrome rara (ela é paga pra isso) e sua incessante busca por recontruir-se entre os laços com sua mãe e seu ex-marido.


"Para mim, a felicidade era esse estado de bem-estar sem horizonte, sem final"


Um mundo em destruição também leva à destruição de nós mesmos e é essa a tentativa (e que genial tentativa) de Fernanda Trías nos mostrar o quão em comum temos com esse mundo/existência em colapso.


"Era cômico que todos acreditassem que era preciso ter razões. Incapazes de aceitar que vivíamos por puro capricho, talvez por inércia"
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Lulys 13/07/2022

Indecisão e confusão
Vivendo uma pandemia repassamos a vida da protagonista e seus dilemas.
Sua relação com a mãe, seu ex marido e uma criança que a faz vivenciar sua maternidade.
A trama é cheia de idas e vindas e bem escrita.
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Lia 10/12/2023

O começo nunca é o começo
A história fala de mundos destruídos. Há um mundo externo destruído por um cataclismo ecológico e o mundo interno da protagonista destruído por relações afetivas não saudáveis.

Conta a história de uma mulher e sua solidão, de um cataclismo ecológico e um mundo arruinado, da maternidade, da fome e do silêncio.
.

"O começo nunca é o começo. O que confundimos com o começo é só o momento em que entendemos que as coisas mudaram."

"O problema é que os começos e os finais se sobrepõem e, então, enquanto alguém acredita que algo está terminando, na realidade, é outra coisa que está começando."

"A mente é um lugar perigoso."
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luiza lima 24/02/2024

Uma leitura curta cheia de incomôdo, claustrofobia e inquietude. Definitivamente não é uma leitura confortável e nem leve.

Achei interessante o fato de o contexto ser uma epidemia contagiosa, mas o foco da história ser o lado psicológico ao invés do social ou biológico. E mais especificamente, o recorte na protagonista, que é uma pessoa comum, vivendo sua vida, quando essa epidemia afeta toda sua vida, faz refletir sobre o porquê de ter sido ela a escolhida a contar esse contexto criado pela autora. A protagonista é uma pessoa absolutamente comum, cheia de problemas comuns, afetada pela epidemia. Ao ler seu ponto de vista e sua vivência, fiquei o tempo todo imaginando todas as outras pessoas normais, com seus problemas normais, vivendo esse mesmo contexto.

No final, somos apenas mais um na multidão.
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