Athena.Fulcanel 03/11/2023
Mais do mesmo, só que pior
Infelizmente, o livro que foi anunciado como um romance de bad boy X bad girl nunca aconteceu.
Apesar de Kian raramente ter momentos agradáveis como personagem, ainda consegue se manter muito mais coerente e fiel a si mesmo do que a protagonista. Acompanhar Kardama pela ótica de Ayla, uma mentirosa compulsiva que não consegue gerar nenhuma empatia, fez o enredo sem carisma se tornar ainda mais cinzento. Ayla tem motivações rasas, um vício em mentir pras pessoas que ama e uma ingenuidade que, muitas vezes, anda de mãos dadas com traços de conservadorismo. E Kian é só mais um badboy genérico com problemas parentais, que só conseguiu convencer um pouco quando demonstrou seu lado protetor.
Finalizei a leitura graças ao carisma de personagens como Hugo e Israel, que muitas vezes sustentaram diálogos nas costas. Luci é de longe o mais adorável do livro.
Em termos de escrita, foi comum ver erros gramaticais, repetições e um uso excessivo das palavras terminadas com mente, o que me fez duvidar se esse livro passou por leitura crítica e revisão. Fora os furos de roteiro e continuação, como a cena da tatuagem, em que AC/DC foi de rock clássico para metal rock em dois parágrafos. E não vou entrar no mérito da falta de representatividade, já que Tai e Yue são meras cotas amarelas aqui. Representar outro público que não fosse o branco heteronormativo claramente não era o objetivo da obra - na verdade, confesso não ter entendido bem qual foi o propósito de Bad Drugs.
Em suma, compreendo que as autoras e os envolvidos na trama devem ter tido ótimas intenções ao criar essa série, mas se eu compreendi bem Kian Wilding, ele diria que, de ótimas intenções, o inferno está cheio.