isa! 24/01/2023
história de amor bonita ?demaize?, como
diria Manoel Gomes
Esse livro é um romance adolescente com muita representatividade vietnamita que cumpre o que promete, na maior parte do tempo. Porém, é daqueles livros que não te faz sentir emoções e o desejo de desmembrar a história a fim de descobrir cada mínimo detalhe sobre o enredo e personagens, porque, durante o livro, é abordado o mesmo assunto desde o início. Claro que não estou com o objetivo de dizer que o livro é ruim porque não é! - mas, sinto que faltou uma certa essência.
O romance da Linh e do Bao é lindo. Acredito
que saibam o quanto amo romances adolescentes, principalmente por sua ingenuidade. Não pelo lado ruim, mas, sim, pela ansiedade dos sentimentos que os personagens nunca haviam sentido. E, gosto muito pela intensidade que as relações se estabelecem. Ainda sim, acredito que o jeito como Linh e Bao foram ansiosos pela sua história desde o começo do livro, me deixou um pouco incomodada. Entendo que eles perderam muito tempo no passado por conta dos conflitos da família, mas,
de verdade, queria que o desenvolvimento deles tivesse sido mais lento, conforme os sentimentos e as certezas fossem aparecendo. Porém, ainda sim, gostei muito do romance deles, principalmente a forma como se apoiavam nos restaurantes e em como suas famílias não foram capazes de estragar sua relação - um clichezão de Romeu e Julieta, como diziam.
O livro aborda muito o questionamentos sobre o futuro da vida acadêmica. Gosto muito desse assunto, porque me sinto meio sensível em relação à ele, e adorei a forma como a
autora escreveu sobre as preocupações de ambos os personagens. A questão da arte de Linh me deixou muito emocionada durante muitas passagens do livro, pois, assim como ela, gostaria de seguir uma carreira artística, principalmente no ramo do cinema e da escrita e, infelizmente, sei que a realidade é muito mais complicada do que penso - me sinto triste por saber que a escolha acadêmica depende, principalmente, da remuneração recebida. De qualquer forma, o apoio que os pais deram no final do livro, me deixou muito feliz. A mesma coisa aconteceu com a história de Bao. O desejo de descobrir quem gostaria de ser e se essa escolha é aquela que vai agradar aqueles que nos amam. Foram questões muito bem abordadas, justamente no trabalho do jornal da escola. Adoro quando os livros descobrem o
que estou sentido - que parada sinistra!
Sobre a questão familiar tenho algumas coisas a comentar. De verdade, não gostei da forma como a explicação do final foi abordada. Senti que a conclusão do tema foi deixada um pouco de lado, fazendo a autora focar apenas no romance entre os personagens. O que não me incomodaria totalmente, porque também queria que o romance desse certo. Mas, estava ansiosa para saber o que havia acontecido entre as famílias. Por esse ?deixado de lado?, acho que a conclusão não foi como nós havíamos - estou falando de um modo geral mesmo! - esperado, justamente porque a relação entre os restaurantes era uma loucura. Mesmo assim, fiquei triste com os relatos que fizeram, principalmente a tia de Linh, mas, não posso ignorar que estava esperando algo mais absurdo - acho que estou sendo consumida pelos suspenses malucos que leio.
Uma curiosidade sobre esse livro é que, antes de ler a sinopse e apenas vendo a capa do livro, achava que a história se tratava de uma competição de cozinheiros estilo MasterChef. Na verdade, não tem nada a ver - porém, gostaria que tivesse. De qualquer forma, o livro aborda muito a culinária e a cultura vietnamita. O
que é ótimo, porque nunca tinha lido sobre os relatos e a cultura vietnamita, além disso, gostei ainda mais quando soube que foram inspirados em histórias pessoais da autora.
Indico o livro para todos que quiserem amar como um adolescente, pensar sobre a realidade acadêmica e, especialmente, ter o prazer de conhecer um pouco mais sobre a cultura vietnamita. E até mesmo saber como se pronuncia corretamente a palavra Ph?.