Gustavo 29/06/2022
Geek: Uma longa exposição
Eu tenho muito a falar sobre este livro e muitas dessas coisas não são boas. Mas, começaremos pelas boas, afinal, nem só de reclamações e ódios sobrevivem as minhas resenhas.
- Primeiramente, a escrita: Camila consegue ter uma escrita estranhamente viciante. Não é um livro complicado de se ler e não é um livro cansativo. Muito pelo contrário, é uma leitura bem rapidinha e consegue cumprir com aquilo o que te promete: o clichê.
A escrita convencional e até "YAzada" consegue te fazer ter uma dose quase alucinante do que a autora consegue te entregar com um notebook e criatividade.
- Outra, são as referências da autora. É muito comum os clichês que falam sobre nerds, cdfs, geeks ou whatever que esteja dentro desse universo ser bem comum. Geralmente é sobre Star Wars (o que eu não tenho referência nenhuma para falar) , alguns gibis e etc... Mas, por incrível que pareça, a autora conseguiu expandir essa nossa ideia de um estereótipo já batido com algo que atinge bastante às massas de atualmente e eu consegui captar as referências de League Of Legends e de animes.
Mas, começaremos a outra parte dessa adorável resenha:
Nem só de escrita viciante e boas referências se fazem uma história boa. E essa aqui é claramente o que eu venho ressaltar.
A trama e até o point of view do personagem principal se perdem bastante. É dito a todo momento do livro que o Eric evoluiu, que ele mudou e etc... etc... e etc... E eu não vi isso. Eu vi uma pessoa inteligente que se sentiu confortável com uma pessoa que gostava dele e começou a conversar. Eu não vi progressão de personagem. Na verdade, eu não consigo, até o exato momento, distinguir os personagens porque eles conseguem ser tão miseravelmente pobres de detalhes que eu não lembro características marcantes da personalidade deles, além dos atributos físicos (que, por sinal, a autora faz questão de ressaltar de cinco em cinco páginas.)
A ideia da autora querer fazer um livro moderno que fala sobre as pautas feministas é uma pedida interessante, principalmente na época em que vivemos, não tem como pedir um livro escrito em 2022 com uma mentalidade de 2010. As nossas discussões são diferentes da época e o livro, como qualquer obra de um determinado período, vai refletir os valores e discussões que estão em voga no momento. Mas não sei se foi comigo, eu não senti esses debates levarem a algum lugar. É mais um embolorado do que eu já conheço com um quê de ficção.
Eu queria dedicar um ponto específico ao personagem do Eric. Já detonei ele indiretamente, quero detonar diretamente. Que personagem maldito, sem sal, sem noção e etc.. O fato do livro ser escrito na perspectiva dele consegue deixar a leitura ainda pior. Ele é um universitário de vinte anos com uma mente de um garoto de 13 anos que só pensa em sexo a todo momento. Ele tinha tudo para ser O personagem. Porque a autora tinha o privilégio e a dádiva de melhorar os ideais desse imbecil e tendo o pão e a manteiga na mão, não conseguiu fazer o básico, passar.
O fato da personagem da Ashley ser evoluída e mente aberta consegue ser apodrecida com a sexualização que a coitada sofre. Ela é reduzida a um pedaço de carne e peitos. E os poucos capítulos escritos na visão dela não são o suficiente comparados aos outros capítulos esmagadores transformando ela em um estereótipo de bonitinha ou um objeto sexual que serve somente para saciar as fantasias do infeliz.
E falando em sexual, eu preciso comentar sobre as cenas hots. Eu sinto que esse é um pedido de ajuda da autora através das páginas escritas. São infantis e descritivas demais. Quase um paradoxo quando estamos a falar sobre cenas de sexo. E o fato de todas as cenas serem descritas a partir da visão do Eric conseguem deixar a experiência ainda pior.
Resumindo, é um livro que naquilo que promete, consegue alçar voo. Tenta voar alto mas chega perto demais do sol e assim como Icaro, acaba sendo queimado.
Nota: 2/5