Carlos Augusto Vasques 17/05/2024
Lido em 07/10/2023
Drama épico sobre a saga de uma família durante a grande depressão nos Estados Unidos, ocorrida nos anos 1930.
Em uma familia remediada do Texas, Elsa Wolcott é uma filha tratada sem carinho e considerada um fardo, já que era tida como sem atrativos e velha demais para casar, numa época em que o matrimônio era o que de melhor o destino podia reservar para as mulheres. Certa ocasião conhece um rapaz - Rafe Martinelli - que demonstra estar atraído por ela. Elsa, que sempre se sentiu desprezada, entrega-se a Rafe, engravidando dele. Ela, entretanto, desconhecia que seu amor era comprometido e que estava de partida para uma universidade, bem longe dali. Envergonhada e amedrontada, Elsa tenta encobrir a gravidez da família, mas que é logo revelada. Sem nenhum gesto de compreensão ou afeto, seus pais simplesmente a entregam na casa de Rafe e viram as costas. Mesmo decepcionados e aborrecidos a princípio, os pais de Rafe acabam acolhendo Elsa e consentindo no casamento com seu filho, forçado a desistir do sonho de estudar fora.
Os anos passam e Elsa leva uma vida aparentemente razoável com o marido, um casal de filhos e os sogros. Agricultores, vivem do que a terra dá, enfrentando algumas privações, mas com um mínimo de dignidade. Tudo muda para pior com a grande depressão que se inicia ao final dos anos 20, agravada pela seca interminável e tempestades de areia que assolam o Texas e Oklahoma. Para piorar, uma noite Rafe covardemente abandona a família, incapaz de lutar contra os terríveis obstáculos que se apresentam. A situação se agrava de tal maneira que Elsa se vê obrigada a deixar sua terra, na tentativa de salvar os filhos e a ela própria. Inicia-se então uma batalha diária pela sobrevivência e para chegar à California, pretensamente a terra prometida. Vivendo em condições sub-humanas, Elsa e os filhos comem o pão que o diabo amassou, lutando contra a miséria, a fome e o egoísmo dos grandes fazendeiros, que exploram os trabalhadores desesperados, com a conivência do governo e das autoridades. A degradação chega a tal ponto que mesmo Elsa, até então uma pessoa resignada, se revolta contra a exploração e humilhação a que são cotidianamente submetidos.
Livro arrebatador em todos os sentidos: história comovente e contagiante, texto ágil e envolvente, personagens ricos. A temática é a mesma de um grande clássico da literatura mundial - "As vinhas da ira", de John Steinbeck, Nobel de literatura. Adoro o livro de Steinbeck, um dos melhores que já li, mas essa obra de Kristin Hannah é também fantástica, descrevendo a triste realidade de um período histórico dos EUA por meio de uma narrativa repleta de paixão, coragem, determinação e perseverança. Outro ponto comum nas tramas de Steinbeck e Hannah é a força inesgotável dos personagens femininos, que lutam sem trégua para manter suas famílias de pé.
Para mim, um grande livro, sem dúvida nenhuma.