Andre.Alves 14/05/2024
Um livro pra chocar os jovens carolas de hoje em dia
Acho curioso que muita gente tenha achado o livro "chato" no começo. Ele começa intenso e cru, sem firulas e exposições desnecessárias. Só uma dor real e intensa, sem atenuações. A galera que chegou na idade adulta só lendo "literatura de conforto" realmente não tem maturidade pra esse livro pra adolescentes.
E a história começa com jovens sendo tão idiotas e emocionados quanto sáo na realidade, agindo de maneira errática, mentindo para o mundo e para si mesmos e sofrendo as consequencias. Tudo isso com a narrativa hábil de Pedro Bandeira, mesclando verso e prosa com sensibilidade e peso.
E não para nisso. Aqui, os jovens tem tesão. Querem o primo gostoso, sonham se masturbando, descobrem o próprio corpo. Querem carinho e querem trepar. Hormônios e neurônios em guerra. Como sempre foi. Chega a ser sombrio que isso assuste a geração atual. Nada disso é per se errado. Inclusive, essa ser a ótica com que lidamos com uma narrativa sobre o desenvolvimento da sexualidade chega a ser bizarro. E isso tudo é feito sem erotizar os envolvidos, o que aí sim seria no mínimo questionavel.
Há um mistério lá para as tantas, cuja condução não é entregada tão de baneja - mas que não chega a surpreender tanto, mas cuja função é servir de catalizador da deterioração da protagonista. E funciona lindamente.
É um livro muito melhor e pesado do que achei que seria, e digo isso já gostando do autor. É sum sopro em meio a carolice de uma juventude de um progressismo conservador com retrogosto de enlatado estadunidense.