Adriana Scarpin 03/03/2022Quem me conhece sabe que sou imensamente influenciada pelo caminhar, desde a infância e minhas peregrinações pela nossa propriedade rural, passando pelos anos em que morei em Londrina e atravessava a cidade de cabo a rabo sem nunca pegar ônibus ou carro até as contemplações dos dias de hoje. Não dirijo até hoje porque prefiro caminhar, muito embora o sol e o calor estejam muito mais insuportáveis hoje do que há 20, 30 anos.
É sobre essa paixão que fala esse livro de Frederic Gros, fazendo distinção aos mais diferentes tipos de caminhar e perpassando com isso a história da filosofia, é um belo tratado sobre uma das mais prazerosas e intelectualmente estimulantes atividades concebidas pela humanidade.
Não sem contar com dois poréns, o primeiro é a ausência de um texto sobre Freud que também amava caminhar e, o segundo é mais importante, é a ausência de um exemplo feminino de caminhar e o abismo de dificuldade que mulheres encontram ao caminharem sozinhas, seja na natureza, seja nas cidades como flâneuse. É impressionante que a gente sempre tem que lembrar aos homens que mulheres existem, se não somos nós mesmas que temos que falar sobre o assunto em questão ninguém o fará por nós, por isso acho que talvez estivesse melhor servida se lido o livros da Rebecca Solnit ou Lauren Elkin que também discorreram sobre o assunto.