paloma 06/01/2022
Regina Blair Murphy, é uma mulher na casa dos 30 anos, casada, que mora em uma pequena cidade em um dos subúrbios mais cobiçados do condado de Hartford, em Connecticut. Regina é uma das habitantes mais amadas dessa pequena cidade, encanta a todos com sua alegria, seu coração doce e sua forma de ser gentil e amável de ser. Todavia, por mais que não transpareça a todos, sente-se solitária ao se ver constantemente sozinha, uma vez que seu marido, William Ballard, está constantemente ausente devido a viagens de trabalho. É quando a casa ao lado da sua é ocupada por uma nova vizinha que aparenta ser da sua faixa etária, que Regina vê sua vida e rotina darem um giro de 360 graus.
Esse livro possui um dos elementos mais difíceis e que compõem grandes histórias, ao meu ver: a autora consegue construir uma história linear, que soe verossímil, sem atropelos, respeitando o tempo da narrativa e sem se utilizar de artifícios superficiais buscando prender o leitor. Há todos os elementos de um bom romance, clichês, dúvidas, desencontros, dificuldades, etc, mas todos abordados em uma linha cronológica perfeita, sem “"perder a mão"”. O leitor consegue conhecer e se apaixonar pelas personagens (sejam as principais ou secundárias) de forma individual e logo depois pelas relações que vão se iniciando e sendo cultivadas durante a narrativa. Os personagens secundários não existem apenas em função das personagens principais, paralelo a história destas, estes seguem sua vida, sem que o autor precise se aprofundar de maneira exacerbada (se fosse assim se tornaria uma novela de Manoel Carlos), mas sem passar a impressão de que só aparecem para “"tapar buracos”" ou "dar “enredo”" para a história principal. A escrita é extremamente detalhista, sem ser cansativa. Como já citado, há uma linearidade na narrativa, seja nas descrições, seja nas ações que não destoam em momento algum daquilo que a autora quer nos transmitir, sem dar margem para aquele tipo de previsibilidade entediante, pois há surpresas pelo caminho. Ao meu ver a autora consegue dosar muito bem todos elementos da narrativa, sejam os momentos clichês, sejam as relações interpessoais, seja a individualidade das personagens, sejam as cenas “hot”, que soam de forma verossímil até mesmo em sua "“frequência”". Quem nunca leu um romance sáfico e ficou pensando “"quem dera se na vida real tudo se resumisse a sexo”", não é mesmo? Todavia, nesse ponto está o que talvez seja a minha única ressalva ao livro. A troca durante os momentos íntimos das personagens, parece performar a heteronormatividade, em alguns momentos, faltando talvez uma “mutualidade”, uma troca maior entre as personagens. Todavia, essa pode ser uma impressão apenas minha e que tenha surgido devido ao fato de Regina ter vindo de uma relação com um homem.
Outro ponto que não poderia deixar de mencionar é a necessidade de uma revisão gramatical na obra, que possui alguns erros de digitação, nada absurdo, mas que se fossem consertados tornariam a experiência literária ainda melhor. Por fim, gostaria de mencionar que estes pequenos detalhes não alteram em nada a minha opinião acerca da obra. De fato gostei muito desse livro e estou ansiosa pela continuação. MANDA MAIS 800 páginas que não tem ninguém reclamando! Deixo aqui minha gratidão e parabenizo a autora pela escrita que se mostrou realmente surpreendente.